Contradições acerca
dos
ensinos espíritas
Este é o módulo 104 de uma série que
esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita.
Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para
leitura.
As respostas correspondentes às
questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para
leitura.
Questões para debate
1. De duas fontes provêm as contradições acerca dos ensinos espíritas.
Quais são elas?
2. Quais foram os principais sistemas formulados pelos detratores do
Espiritismo que se opuseram, nos primórdios da codificação, à Doutrina
Espírita?
3. Em que consiste o sistema do músculo estalante e que fenômenos ele
tentou explicar?
4. Por que ocorrem contradições acerca dos ensinos espíritas atribuídas
aos Espíritos?
5. Os Espíritos realmente superiores também se contradizem?
Texto para leitura
De duas fontes provêm
as contradições acerca dos ensinos espíritas
1. As contradições acerca dos ensinos espíritas são, em regra, mais
aparentes que reais, porque existem mais na superfície do que no fundo das
coisas e, por isso, carecem de importância. De duas fontes elas provêm: dos
homens e dos Espíritos.
2. Quando começaram a produzir-se os estranhos fenômenos do Espiritismo,
cada pessoa os interpretou a seu modo, de conformidade com suas ideias
pessoais, suas crenças ou suas prevenções, nascendo daí sistemas diversos que
se puseram em posição contrária ao que constituiria mais tarde a Doutrina
Espírita. Os sistemas surgiram, portanto, em consequência das contradições de
origem humana.
3. Os adversários do Espiritismo podem ser classificados em três grupos
distintos:
1º. Os que negam sistematicamente tudo o que é novo, ou deles não venha,
e que falam sem conhecimento de causa. Para eles, o Espiritismo é uma quimera,
uma utopia, uma loucura. São os incrédulos de caso pensado.
2º. Os que, sabendo muito o que pensar da realidade dos fatos,
combatem-nos por motivos de interesse pessoal. Para eles, o Espiritismo é real,
mas o combatem por lhe recearem as consequências.
3º. Os que acham na moral espírita uma censura severa demais aos seus
atos ou às suas tendências, e assim o combatem por egoísmo.
O sistema do músculo
estalante procurou explicar os sons tiptológicos
4. Os sistemas formulados pelos detratores do Espiritismo foram muitos,
mas dentre eles destacaram-se os seguintes:
a) Charlatanismo – Os fatos espíritas seriam o produto de indivíduos
embusteiros e enganadores e os espiritistas não passariam de pessoas ingênuas,
embora se contem no seu número pessoas honradas e dotadas de saber.
b) Loucura – Alguns, por condescendência, concordam em pôr de lado a
suspeita de embuste, mas pretendem que os que não iludem são iludidos e que os
que creem nas manifestações não passam de loucos.
c) Alucinação – O adepto das manifestações age de boa-fé, mas julga ver
o que efetivamente não vê, porque os fatos espíritas seriam miragens.
d) Músculo estalante – A causa dos sons tiptológicos, comuns nos raps e nas pancadas, residiria nas
contrações voluntárias ou involuntárias do tendão do músculo curto-perônio. Se
tal explicação foi suficiente para fulminar a admissão das mesas falantes, a
teoria do músculo que estala não consegue explicar as mesas que giram, que
levitam e que dão pancadas valendo-se dos próprios pés.
e) Sistema do reflexo – Admite-se que haja uma ação inteligente nos
fenômenos espíritas, mas ela procede do médium ou dos assistentes, e não de
supostos Espíritos comunicantes. César Lombroso escreveu a respeito desse
sistema: “Outras explicações se tentam para evitar a da influência dos mortos:
por exemplo, a de que o médium extrai do cérebro dos presentes as respostas aos
quesitos, que depois projeta no exterior”. “Não se compreende, porém, como o
médium poderia realizar tal prodígio.”
f) Demoníaco ou diabólico – As manifestações não seriam produzidas por
Espíritos de homens que viveram na Terra, mas pelo diabo ou pelos demônios,
porque só estes podem comunicar-se. Este sistema colide com a natureza e o
conteúdo das manifestações porque muitos Espíritos ensinam a fraternidade, o
perdão das injúrias, a mansuetude e nos dizem que o caminho único da felicidade
é o do bem. Se esses são os processos empregados por Satã para nos perverter, é
curioso observar que eles se assemelham estranhamente aos que Jesus empregava
para reformar os homens, do que se deduz que o anjo das trevas conduz muito mal
seus negócios.
Os Espíritos
realmente superiores jamais se contradizem
5. O Espiritismo tem, é verdade, muitos inimigos interessados em sua
perda. De um lado, colocam-se os materialistas; de outro, os sacerdotes de
todas as religiões, de sorte que seus partidários recebem golpes de todos os
lados, não apenas agora, mas desde os primeiros anos da codificação da Doutrina
Espírita.
6. Para se compreenderem a causa e o valor das contradições de origem
espírita, é preciso estar identificado com a natureza do mundo invisível e
tê-lo estudado por todas as suas faces. À primeira vista, parecerá estranho que
os Espíritos não pensem todos da mesma maneira. Ocorre que supor que façam
igual apreciação das coisas equivale a imaginá-los todos no mesmo nível. Pensar
que todos devam ver com justeza é admitir que tenham chegado todos eles à
perfeição, o que não é exato e não o pode ser, desde que se considere que os
Espíritos nada mais são do que a Humanidade despida do envoltório corporal.
7. Podendo manifestar-se Espíritos de todas as categorias, suas
comunicações trazem, por isso, o cunho do seu saber ou da sua ignorância, da
superioridade ou da inferioridade moral que alcançaram. Eis aí a razão das
contradições havidas em certos momentos na formulação dos princípios espíritas,
como se deu na Inglaterra e na América do Norte, onde à época de Kardec havia
divergência entre os comunicantes com respeito ao ensino da reencarnação.
8. Os Espíritos realmente superiores jamais se contradizem e a linguagem
de que usam é sempre a mesma quando lidam com as mesmas pessoas. Pode, no
entanto, diferir de conformidade com as pessoas e os lugares, mas mesmo aí as
possíveis contradições encontram-se mais nas palavras do que nas ideias. O
mesmo Espírito pode responder de formas diferentes a uma determinada pergunta,
segundo o grau de adiantamento dos que o evocam, visto que nem sempre convém
que recebam todos a mesma resposta, por não estarem igualmente adiantados. É
exatamente como se uma criança e um sábio nos fizessem a mesma pergunta. Com
certeza responderíamos a um e outra de forma diferente, embora no fundo as
respostas fossem idênticas.
Respostas às questões
propostas
1. De duas fontes
provêm as contradições acerca dos ensinos espíritas. Quais são elas?
As contradições acerca dos ensinos espíritas são, em regra, mais
aparentes que reais, porque existem mais na superfície do que no fundo das
coisas. De duas fontes elas provêm: dos homens e dos Espíritos.
2. Quais foram os
principais sistemas formulados pelos detratores do Espiritismo que se opuseram,
nos primórdios da codificação, à Doutrina Espírita?
Os principais sistemas contrários à tese espírita foram os que
atribuíram os fatos ao charlatanismo, à loucura, à alucinação, ao músculo estalante,
ao reflexo do pensamento ou à ação do demônio.
3. Em que consiste o
sistema do músculo estalante e que fenômenos ele tentou explicar?
Segundo esse sistema, a causa dos sons tiptológicos, comuns nos raps e
nas pancadas, residiria nas contrações voluntárias ou involuntárias do tendão
do músculo curto-perônio. Essa explicação objetivava fulminar a admissão das
mesas falantes, mas não conseguiu explicar o movimento das mesas girantes e a
levitação.
4. Por que ocorrem
contradições acerca dos ensinos espíritas atribuídas aos Espíritos?
Em primeiro lugar é preciso considerar que os Espíritos nada mais são do
que a Humanidade despida do envoltório corporal. Podendo manifestar-se
Espíritos de todas as categorias, suas comunicações trazem, por isso, o cunho
do seu saber ou da sua ignorância, da superioridade ou da inferioridade moral
que alcançaram. Eis aí a razão das contradições havidas em certos momentos na
formulação dos princípios espíritas, como se deu na Inglaterra e na América do
Norte, onde à época de Kardec havia divergência entre os comunicantes com
respeito ao ensino da reencarnação.
5. Os Espíritos
realmente superiores também se contradizem?
Não. Eles jamais se contradizem e a linguagem de que usam é sempre a
mesma quando lidam com as mesmas pessoas. Pode, no entanto, diferir de
conformidade com as pessoas e os lugares, mas mesmo aí as possíveis
contradições encontram-se mais nas palavras do que nas ideias. O mesmo Espírito
pode responder de formas diferentes a uma determinada pergunta, segundo o grau
de adiantamento dos que o evocam, visto que nem sempre convém que recebam todos
a mesma resposta, por não estarem igualmente adiantados. É exatamente como se
uma criança e um sábio nos fizessem a mesma pergunta. Com certeza
responderíamos a um e outra de forma diferente, embora no fundo as respostas
fossem idênticas.
Bibliografia:
O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec,
itens 36, 37, 38, 39, 40, 41, 43, 46, 297, 298, 299, 301 e 302.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
Conclusão, item VII.
O Espiritismo perante
a Ciência, de Gabriel Delanne, pp. 185, 186 e 198.
Hipnotismo e
Mediunidade, de César Lombroso, p. 425.
Observação:
Eis os links que
remetem aos 3 últimos textos:
Módulo 101 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2018/10/mediuns-de-efeitosintelectuais-este-e-o_11.html
Módulo 102 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2018/10/qualidades-essenciais-aos-mediuns-este.html
Módulo 103 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2018/10/como-avaliar-eidentificar-os-espiritos.html
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