O Fenômeno
Espírita
Gabriel Delanne
1ª Parte
Damos início hoje ao estudo do clássico O Fenômeno Espírita, de Gabriel Delanne,
conforme o texto da 4ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, com
base em tradução de Francisco Raymundo Ewerton Quadros. O estudo será aqui
apresentado em 12 partes.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor
como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões preliminares
A. Como Delanne define o Espiritismo?
B. A evocação dos mortos era praticada pelos antigos
hindus?
C. No Egito antigo e na Grécia conhecia-se a evocação?
D. Por que a prática das evocações nunca interessou à
Igreja Católica?
Texto para
leitura
1. Gabriel Delanne abre este livro afirmando que o
Espiritismo é uma ciência cujo fim é a demonstração experimental da existência
da alma e sua imortalidade. Para Delanne, se o movimento espírita não ocupou
ainda o primeiro lugar, deve-se isso a que seus adeptos negligenciaram pôr sob
os olhos do público os fatos espíritas bem averiguados. (P. 13)
2. As obras francesas têm sido, segundo ele, meras
repetições, com exceção dos livros de Eugène Nus, Louis Gardy e dr. Gibier, ou
então não apresentam originalidade alguma, fato que contribuiu para retardar o
movimento espírita. (P. 14)
3. A escola positivista baseia-se na experimentação.
Imitemo-la: nenhuma necessidade temos de apelar para outros métodos, porque os
fatos, como diz Wallace, são obstinados e deles não é fácil desembaraçar-se.
(P. 14)
4. Em vez de apresentar aos incrédulos toda a doutrina codificada
por Kardec, devemos dar-lhes, simplesmente, a ler os trabalhos de mestres como
Robert Hare, Crookes, Wallace, Zöllner, Aksakof, Oxon – os principais campeões
do Espiritismo, conforme a opinião de Delanne. (P. 14)
5. Como diz Charles Richet, uma boa e completa experiência
vale por cem observações. Melhor ainda – diz Delanne –, vale por dez mil
negações, seja quem for o vulto que subscreva ditas negações. (P. 16)
6. O livro que ora examinamos não tem outras pretensões
senão expor ao público as experiências feitas por homens eminentes, por mestres
na difícil arte da observação exata, os quais nos deram provas evidentes da
imortalidade da alma. (P. 16)
7. As crenças na imortalidade da alma e nas comunicações
entre vivos e mortos eram gerais na antiguidade, mas o intercâmbio com os
desencarnados constituía apanágio exclusivo dos padres, que monopolizavam essas
cerimônias. (P. 17)
8. O livro dos Vedas, considerado o mais antigo código
religioso que se conhece, afirma claramente a existência dos Espíritos e descreve
sua ação sobre os encarnados. (P. 18)
9. Louis Jacolliot, em Le
Spiritisme dans le monde, expõe claramente a teoria dos hindus sobre os
Pitris, isto é, Espíritos que vivem no espaço depois da morte corporal, e diz
que o segredo da evocação era reservado àqueles que tivessem quarenta anos de
noviciado e obediência passiva. (P. 18)
10. A iniciação, entre os hindus, comportava três graus: I)
no primeiro, eram formados todos os brâmanes do culto vulgar e os ecônomos dos
pagodes(1) encarregados de explorar a credulidade da multidão. II) o
segundo grau era composto dos exorcistas, adivinhos e profetas evocadores dos
Espíritos. III) no terceiro grau, os brâmanes dedicavam-se apenas ao estudo das
forças físicas e naturais do Universo e não mais tinham relação direta com a
multidão. (PP. 18 e 19)
11. No Egito antigo é certo que se evocavam os mortos, pois
Moisés proibiu formalmente que os hebreus se entregassem a essas práticas, o
que não impediu que o rei Saul consultasse uma pitonisa de Endor e se
comunicasse, por seu intermédio, com o Espírito de Samuel. (P. 19)
12. Apesar da proibição mosaica, houve sempre em Israel
investigadores tentados por essas evocações misteriosas. “Qualquer pessoa – diz
o Talmud – que, sendo instruída nesse segredo (a evocação dos mortos), o guarda
com vigilância em um coração puro pode contar com o amor de Deus e o favor dos
homens...” (PP. 19 e 20)
13. Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Todos os
templos possuíam as pitonisas, encarregadas de proferir oráculos, evocando os deuses.
Homero conta, na Odisseia, como
Ulisses conversou com o Espírito de Tirésias. (P. 20)
14. Tertuliano, na Apologética,
diz que as mesas que profetizam eram um fato vulgar, mas, na antiguidade, o
poder teocrático e o poder civil se uniram para interditar de uma forma
generalizada as evocações. Não convinha que as almas dos mortos viessem
contradizer o ensinamento oficial dos padres e dar a conhecer a verdade. (PP.
20 e 21)
15. A Igreja Católica, mais do que ninguém, tinha
necessidade de combater tais práticas, e foi por isso que durante a Idade Média
milhares de vítimas foram queimadas sem piedade, pelo fato de haverem evocado
os Espíritos. (P. 21)
16. A heroica e casta figura de Joana d’Arc mostra como as
comunicações com os Espíritos podem dar resultados grandiosos e inesperados. A
história dessa jovem pastora, expulsando os ingleses de seu país, guiada pelos
Espíritos, pareceria um conto de fadas caso a História não a tivesse registrado
em seus anais. (P. 22)
(1) Pagode: templo que alguns povos asiáticos
destinam ao culto e adoração dos seus deuses. Brâmane: entre os hindus, membro da mais alta
das quatro castas e que, tradicionalmente, era votado ao sacerdócio, e se
ocupava do estudo e do ensino dos Vedas. Ecônomo: eclesiástico incumbido da administração
dos bens de uma abadia, de um benefício.
Respostas às
questões preliminares
A. Como Delanne
define o Espiritismo?
Delanne diz que o Espiritismo é uma ciência cujo fim é a
demonstração experimental da existência da alma e sua imortalidade. E observa
que, se o movimento espírita não ocupou ainda o primeiro lugar, deve-se isso a
que seus adeptos negligenciaram pôr sob os olhos do público os fatos espíritas
bem averiguados. (O Fenômeno Espírita,
págs. 13 e 14.)
B. A evocação
dos mortos era praticada pelos antigos hindus?
Sim, mas o segredo da evocação era, segundo expõe Louis
Jacolliot, em Le Spiritisme dans le monde,
reservado àqueles que tivessem quarenta anos de noviciado e obediência passiva.
(Obra citada, págs. 18 e 19.)
C. No Egito
antigo e na Grécia conhecia-se a evocação?
Sim. No Egito antigo é certo que se evocavam os mortos,
pois Moisés proibiu formalmente que os hebreus se entregassem a essas práticas,
o que não impediu que o rei Saul consultasse uma pitonisa de Endor e se
comunicasse, por seu intermédio, com o Espírito de Samuel. Na Grécia, a crença
nas evocações era geral. Todos os templos possuíam as pitonisas, encarregadas
de proferir oráculos, evocando os deuses. Homero conta, na Odisseia, como Ulisses conversou com o Espírito de Tirésias.
Tertuliano, na Apologética, diz que
as mesas que profetizam eram um fato vulgar, mas, na antiguidade, o poder
teocrático e o poder civil se uniram para interditar de uma forma generalizada
as evocações. Não convinha que as almas dos mortos viessem contradizer o
ensinamento oficial dos padres e dar a conhecer a verdade. (Obra citada, págs.
19 a 21.)
D. Por que a
prática das evocações nunca interessou à Igreja Católica?
Conforme Tertuliano observou, não convinha que as almas dos
falecidos viessem contradizer o ensino oficial dos padres. Eis o motivo pelo
qual a Igreja Católica, mais do que ninguém, combateu tais práticas,
perseguindo e fazendo milhares de vítimas, sem piedade, pelo simples fato de
haverem evocado os Espíritos. (Obra citada, págs. 20 a 22.)
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