O porquê da
vida
Léon Denis
Parte 8
Damos sequência ao estudo do clássico O porquê da vida, de Léon Denis, com base na 14ª edição publicada
pela Federação Espírita Brasileira. O estudo será aqui apresentado em 13
partes.
Nossa expectativa é que ele sirva para o leitor como uma
forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões preliminares
A. O Espiritismo admite a metempsicose?
B. Os Evangelhos tratam também da reencarnação?
C. A reencarnação chegou a ser admitida no seio da Igreja?
Texto para
leitura
96. Os antigos entendiam por metempsicose a volta da alma
aos corpos dos animais. A reencarnação é muitas vezes designada pelo nome de
“palingenesia”. Na opinião corrente, porém, o termo metempsicose conservou seu
sentido restrito e pejorativo, embora se saiba que os espíritas rejeitam com
energia toda hipótese de queda da alma na animalidade. (PP. 101 e 102)
97. Acreditamos, sim, na ascensão da alma e não no seu
recuo. Nosso perispírito ou corpo fluídico, que é o molde do corpo material,
não se presta às formas animais e essa razão por si só bastaria para tornar
impossível uma tal regressão. (P. 102)
98. Embora tente denegrir a Doutrina Espírita, o padre
Coubé reconhece, em artigo publicado na revista católica “L’ Idéal”, pág. 218:
“A reencarnação não é por si mesma uma ideia ímpia e não parece intrinsecamente
impossível”. “A reencarnação poderia, a rigor, conciliar-se com o dogma do céu
cristão.” (P. 102)
99. Ignora o referido padre que a ideia das vidas
sucessivas imperava em toda a cristandade nos três primeiros séculos da era
cristã e ainda hoje eminentes prelados a adotam. (P. 103)
100. A reencarnação está afirmada nos Evangelhos com uma
precisão que não deixa lugar a dúvida alguma: “Ele é o Elias que há de vir”,
disse o Cristo referindo-se a João Batista (Mateus, 11:14-15). E ressalta
também do seguinte diálogo: “Que dizem eles do Filho do homem?” Responderam-lhe
os discípulos: “Uns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros que é
Jeremias ou um dos profetas” (Mateus, 6:13-14 e Marcos, 8:28). Os judeus e com
eles os discípulos de Jesus acreditavam, portanto, na possibilidade que tem a
alma de renascer em outros corpos humanos. (P. 103)
101. O Evangelho é de uma notável clareza sobre esse ponto,
como se vê ainda no diálogo de Jesus com Nicodemos e no episódio do cego de
nascença. (P. 103)
102. A doutrina das vidas sucessivas, admitida por Platão e
pela Escola de Alexandria, impregnava inteiramente o Cristianismo primitivo.
Orígenes, Clemente e a maior parte dos padres gregos ensinavam a pluralidade
das existências da alma. Ainda no século IV, São Jerônimo reconhecia que a
crença nas vidas sucessivas era a da maioria dos cristãos do seu tempo. (P.
104)
103. Na realidade, a Igreja nunca se pronunciou sobre a
questão das existências sucessivas, que continua aberta às possibilidades do
futuro. Em todas as épocas, porém, membros eminentes do clero católico adotaram
essa crença e a afirmaram publicamente. Foi assim que no século XV o cardeal
Nicolau de Cusa sustentou, em pleno Vaticano, a teoria da reencarnação e a dos
mundos habitados, com os aplausos de dois papas: Eugênio IV e Nicolau V. (P.
104)
104. G. Calderone, diretor da “Filosofia della Scienza”, de
Palermo, publicou algumas cartas trocadas entre monsenhor L. Passavalli,
arcebispo da basílica de S. Pedro, em Roma, e o sr. Tancredi Canonico,
presidente da Suprema Corte de Cassação da Itália e católico convicto. Duas
passagens de uma dessas cartas mostram que Passavalli admitia claramente a
pluralidade das vidas do homem. “Quanto mais penso nessa verdade – assevera o
arcebispo – mais ela se me mostra grande e fecunda de consequências práticas
para a religião e para a sociedade.” (PP. 105 e 106)
105. Da correspondência de Tancredi Canonico, publicada
ultimamente em Turim, vê-se que ele mesmo fora iniciado na crença da
reencarnação por Towiansky, escritor católico muito conhecido. Em carta datada
de 30-12-1884 ele expõe as razões pelas quais acha que essa crença nada tem de
contrária à religião católica, apoiando-se em muitas citações das Escrituras.
(P. 106)
106. Verifica-se por todas estas citações que relativamente
à reencarnação, como em relação aos fenômenos e suas causas, encontramo-nos em
face das mesmas contradições, das mesmas incertezas, para não dizer
incoerências, da Igreja Romana. (P. 106)
107. Com respeito às demais religiões, notemos que 600
milhões de asiáticos, bramanistas e
budistas partilham da mesma crença, de
que partilharam também os egípcios, os
gregos e os celtas. O Cristianismo primitivo, como visto, esteve dela
impregnado até ao século IV e presentemente a encontramos mesmo no Islamismo,
sob a forma de certas suratas do Alcorão. (P. 107)
108. Segue-se, desse modo, que a pluralidade das
existências é ou foi admitida em todas as religiões, com exceção do Catolicismo
e de outros ramos do moderno Cristianismo, que fizeram silêncio e mergulharam
em trevas certas passagens da Escritura que afirmam as vidas anteriores. (P.
107)
Respostas às
questões preliminares
A. O
Espiritismo admite a metempsicose?
Não. A doutrina espírita rejeita com energia a hipótese de
queda da alma na animalidade. Ela nos ensina a ascensão da alma e não o seu
recuo. Nosso perispírito ou corpo fluídico, que é o molde do corpo material,
não se presta às formas animais e essa razão por si só bastaria para tornar
impossível uma tal regressão. (O porquê
da vida, pp. 101 e 102.)
B. Os
Evangelhos tratam também da reencarnação?
Sim. A reencarnação está afirmada nos Evangelhos com uma
precisão que não deixa lugar a dúvida alguma: “Ele é o Elias que há de vir”,
disse o Cristo referindo-se a João Batista (Mateus, 11:14-15). E ressalta
também do seguinte diálogo: “Que dizem eles do Filho do homem?” Responderam-lhe
os discípulos: “Uns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros que é
Jeremias ou um dos profetas” (Mateus, 6:13-14 e Marcos, 8:28). Os judeus e com
eles os discípulos de Jesus acreditavam, portanto, na possibilidade que tem a
alma de renascer em outros corpos humanos. Esse ponto é posto ainda com clareza
no diálogo de Jesus com Nicodemos e no episódio do cego de nascença. (Obra
citada, pág. 103.)
C. A
reencarnação chegou a ser admitida no seio da Igreja?
Sim. A doutrina das vidas sucessivas impregnava
inteiramente o Cristianismo primitivo. Orígenes, Clemente e a maior parte dos
padres gregos ensinavam a pluralidade das existências da alma. Ainda no século
IV, São Jerônimo reconhecia que a crença nas vidas sucessivas era a da maioria
dos cristãos do seu tempo. Em todas as épocas, membros eminentes do clero
católico adotaram essa crença e a afirmaram publicamente. Foi assim que no
século XV o cardeal Nicolau de Cusa sustentou, em pleno Vaticano, a teoria da
reencarnação e a dos mundos habitados, com os aplausos de dois papas: Eugênio
IV e Nicolau. (Obra citada, pág. 104.)
Observação:
Eis os links que remetem aos
textos anteriores:
Parte 5 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/07/o-porque-davida-leon-denis-parte-5.html
Parte 6 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/08/o-porque-davida-leon-denis-parte-6.html
Parte 7 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/08/o-porque-davida-leon-denis-parte-7.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele
nos propicia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário