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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020




Publicamos oportunamente neste blog a letra de um clássico da música popular brasileira, “O xote das meninas”, de autoria dos compositores pernambucanos Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Além da letra, indicamos, como de hábito, os links que permitem o acesso a várias gravações da citada canção, cujos versos iniciais são estes:

Mandacaru quando fulora na seca
É o sinal que a chuva chega no sertão,
Toda menina que enjoa da boneca
É sinal que o amor já chegou no coração...
Meia comprida, não quer mais sapato baixo,
Vestido bem cintado, não quer mais vestir timão...

Nas gravações da canção “O xote das meninas”, o último verso do trecho acima reproduzido é cantado de forma diferente dependendo do intérprete. Alguns cantores substituem a palavra “timão” pelo termo “gibão”.
Qual seria o termo correto?
Recorremos a dois confrades e estudiosos radicados no Nordeste, ambos pesquisadores e divulgadores da doutrina espírita e de temas peculiares à região em que vivem. Referimo-nos a Bruno Tavares, de Pernambuco, titular do blog https://blogdobrunotavares.wordpress.com/, e Estênio Negreiros, do Ceará, titular do blog http://estenionegreiros.blogspot.com.br/
Conforme os dois amigos, a quem expressamente agradecemos, o termo correto utilizado pelos compositores é mesmo “timão”, cuja acepção como camisola de crianças é desconhecida em grande parte do Brasil, especialmente nos estados do Sul.
Há um texto que pode ser lido no website http://www.recantodasletras.com.br, intitulado 'Outros Tempos', no qual o próprio Luiz Gonzaga, em entrevista ao consagrado programa César de Alencar, na Rádio Nacional, explica o significado do termo: "Timão é um vestido que as meninas usavam até uns 10 anos, geralmente feito em casa pelas mães, uma peça que chegava até abaixo dos joelhos. Muitas vezes feito de saco de farinha”.
O vocábulo “timão”, com essa acepção, está registrado no Aurélio e também no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
Esclarecida a dúvida, aproveitamos a oportunidade para explicar aos nossos leitores qual é o significado de outras três palavras utilizadas pelos autores da citada canção e pouco conhecidas na região em que militamos:

Xote (do alemão schottisch): dança de salão de origem alemã, semelhante à polca; música que acompanha essa dança. É um ritmo e também uma dança muito utilizados no forró. Diversos outros ritmos possuem uma marcação semelhante, podendo ser usados para dançar o xote, que tem incorporado também diversos passos de dança e elementos da música latino-americana, como, por exemplo, alguns passos de salsa, de rumba e mambo. Hoje em dia, o xote é um dos ritmos mais tocados e dançados em todo o Brasil.
Mandacaru (nome científico Cereus jamacaru): é uma cactácea nativa do Brasil, adaptada às condições climáticas do semiárido. Conhecida também como cardeiro, a planta alcança até seis metros de altura e possui um formato que pode lembrar um candelabro. O mandacaru é importante para a restauração de solos degradados, serve como cerca natural e alimento para os animais. A planta espinhenta sobrevive às secas devido à sua grande capacidade de captação e retenção de água.
Fulora: é o mesmo que floresce. Trata-se de um regionalismo, um modo mais simples de falar que uma planta floresce. Na pronúncia, Luiz Gonzaga e todos os outros intérpretes colocam o acento tônico na primeira sílaba: fúlora.

A letra da canção a que nos reportamos, bem como os links que levam ao áudio das diferentes gravações, o leitor pode encontrar clicando neste link: http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/02/as-mais-lindas-cancoes-que-ouvi-230.html





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