Publicamos oportunamente neste blog a letra de um
clássico da música popular brasileira, “O xote das meninas”, de autoria dos
compositores pernambucanos Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Além da letra, indicamos,
como de hábito, os links que permitem
o acesso a várias gravações da citada canção, cujos versos iniciais são estes:
Mandacaru quando fulora na seca
É o sinal que a chuva chega no sertão,
Toda menina que enjoa da boneca
É sinal que o amor já chegou no coração...
Meia comprida, não quer mais sapato baixo,
Vestido bem cintado, não quer mais vestir timão...
Nas gravações da canção “O xote das meninas”, o
último verso do trecho acima reproduzido é cantado de forma diferente
dependendo do intérprete. Alguns cantores substituem a palavra “timão” pelo
termo “gibão”.
Qual seria o termo correto?
Recorremos a dois confrades e estudiosos radicados
no Nordeste, ambos pesquisadores e divulgadores da doutrina espírita e de temas
peculiares à região em que vivem. Referimo-nos a Bruno Tavares, de Pernambuco,
titular do blog https://blogdobrunotavares.wordpress.com/,
e Estênio Negreiros, do Ceará, titular do blog http://estenionegreiros.blogspot.com.br/
Conforme os dois amigos, a quem expressamente
agradecemos, o termo correto utilizado pelos compositores é mesmo “timão”, cuja
acepção como camisola de crianças é desconhecida em grande parte do Brasil,
especialmente nos estados do Sul.
Há um texto que pode ser lido no website http://www.recantodasletras.com.br,
intitulado 'Outros Tempos', no qual o próprio Luiz Gonzaga, em entrevista ao
consagrado programa César de Alencar, na Rádio Nacional, explica o significado
do termo: "Timão é um vestido que as meninas usavam até uns 10 anos,
geralmente feito em casa pelas mães, uma peça que chegava até abaixo dos
joelhos. Muitas vezes feito de saco de farinha”.
O vocábulo “timão”, com essa acepção, está
registrado no Aurélio e também no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
Esclarecida a dúvida, aproveitamos a oportunidade
para explicar aos nossos leitores qual é o significado de outras três palavras
utilizadas pelos autores da citada canção e pouco conhecidas na região em que
militamos:
Xote (do
alemão schottisch): dança de salão de
origem alemã, semelhante à polca; música que acompanha essa dança. É um ritmo e
também uma dança muito utilizados no forró. Diversos outros ritmos possuem uma
marcação semelhante, podendo ser usados para dançar o xote, que tem incorporado
também diversos passos de dança e elementos da música latino-americana, como,
por exemplo, alguns passos de salsa, de rumba e mambo. Hoje em dia, o xote é um
dos ritmos mais tocados e dançados em todo o Brasil.
Mandacaru (nome
científico Cereus jamacaru): é uma cactácea nativa do
Brasil, adaptada às condições climáticas do semiárido. Conhecida também como
cardeiro, a planta alcança até seis metros de altura e possui um formato que
pode lembrar um candelabro. O mandacaru é importante para a restauração de
solos degradados, serve como cerca natural e alimento para os animais. A planta
espinhenta sobrevive às secas devido à sua grande capacidade de captação e
retenção de água.
Fulora: é o
mesmo que floresce. Trata-se de um regionalismo, um modo mais simples de falar
que uma planta floresce. Na pronúncia, Luiz Gonzaga e todos os outros
intérpretes colocam o acento tônico na primeira sílaba: fúlora.
A letra
da canção a que nos reportamos, bem como os links
que levam ao áudio das diferentes gravações, o leitor pode encontrar clicando
neste link: http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/02/as-mais-lindas-cancoes-que-ouvi-230.html
Como consultar as matérias deste blog? Se você não
conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário