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quinta-feira, 16 de abril de 2020



O Livro dos Espíritos

Allan Kardec

Estamos fazendo neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo dos oito principais livros do Codificador do Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Continuamos hoje o estudo da principal obra espírita – O Livro dos Espíritos –, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.

Parte 17

129. Por que o homem, mesmo sabendo que a morte nos faz passar a uma vida melhor, tem instintivamente medo de morrer?
O homem deve sempre procurar prolongar a vida, para cumprir  suas tarefas. Tal o motivo por que Deus lhe deu o instinto de conservação, instinto que o sustenta nas provas. Não fosse assim, ele muito frequentemente se entregaria ao desânimo. A voz íntima, que o induz a repelir a morte, lhe diz que ainda pode realizar alguma coisa pelo seu progresso. Esse, o principal motivo por que os homens em geral temem a morte. (O Livro dos Espíritos, questão 730.)
130. Com que objetivo Deus atinge o homem por meio de flagelos destruidores?
Para fazê-lo progredir mais depressa. A destruição é uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento. Os chamados flagelos são frequentemente necessários para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos. Em outra vida, suas vítimas acharão ampla compensação para os seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar. Os flagelos são, ademais, provas que dão ao homem ocasião de exercitar sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se não o domina o egoísmo. (Obra citada, questões 729, 737 a 741.)
131. Por que existem as guerras?
A guerra é o resultado direto da predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e do transbordamento das paixões. No estado de barbárie, os povos só conhecem o direito da força. À medida que o homem progride, a guerra se torna menos frequente, porque ele procura evitar-lhe as causas. A guerra desaparecerá da face da Terra quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época, então, todos os povos serão irmãos. (Obra citada, questões 742 a 745.)
132. Como se explica que nas civilizações mais adiantadas ainda se encontrem, às vezes, criaturas tão cruéis quanto os selvagens?
Do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontram verdadeiros abortos. Essas criaturas são selvagens que da civilização só têm o exterior, lobos extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados podem encarnar entre homens adiantados, na esperança de também se adiantarem; mas, se a prova que enfrentam é por demais pesada, predomina neles a natureza primitiva.  (Obra citada, questões 753 a 756.)
133. Qual é a posição espírita acerca da pena de morte?
A pena de morte é um equívoco que um dia desaparecerá e sua supressão assinalará um progresso da Humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, ela será completamente abolida na Terra.  (Obra citada, questões 760 a 765.)
134. Ao asseverar: Quem matou pela espada, pela espada perecerá, Jesus não teria consagrado a pena de talião? A morte imposta ao assassino não constituiria, assim, uma aplicação desse princípio?
É preciso cuidado com tais ideias. Muito já nos enganamos a respeito dessas palavras, como acerca de outras. A pena de talião é a justiça de Deus. É Deus quem a aplica. Todos nós sofremos essa pena a cada instante, pois que somos punidos naquilo em que pecamos, nesta existência ou em outra. Aquele que foi causa do sofrimento para seus semelhantes virá a achar-se numa condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras de Jesus. Quanto à pena de morte, trata-se de um crime quando aplicada em nome de Deus. Os que a impõem se sobrecarregam de outros tantos assassínios. (Obra citada, questão 764.)
135. Os laços de família são uma lei da natureza?
Sim. Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros; eis por que constituem uma lei da Natureza. O resultado do relaxamento dos laços de família seria uma recrudescência do egoísmo. (Obra citada, questões 774 e 775.)
136. O homem era mais feliz quando a vida era menos atribulada? 
Muitas pessoas pensam que sim. Realmente, tendo o homem, no estado de natureza, menos necessidades, isento se acha das tribulações que para si mesmo cria quando num estado de maior adiantamento. Por isso, muitos consideram aquele estado como o da mais perfeita felicidade na Terra. Trata-se, porém, da felicidade dos brutos. Há quem não compreende outra. É ser feliz à maneira dos animais. As crianças também são mais felizes do que os homens feitos. (Obra citada, questões 776 e 777.)

Observação:
Para acessar a Parte 16 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/04/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_9.html




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