A missão da maternidade nem sempre é, como
se imagina, um mar de rosas
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Neste
dia em que nós reverenciamos, com justa razão, nossas mães, lembramo-nos de uma
carta em que, algum tempo atrás, uma leitora de nossos escritos escreveu-nos o
seguinte:
“Aprendemos no Espiritismo que o amor maternal decorre de uma espécie de
missão e faz parte das leis da natureza. Se isso é verdade, por que a missão da
maternidade nem sempre é um mar de rosas?”
Com
efeito, o papel de pais e mães constitui, sem dúvida nenhuma, uma verdadeira
missão, como está dito com clareza pelos instrutores espirituais na resposta
dada à questão 582 d´O Livro dos
Espíritos, de Allan Kardec.
Quanto
às dificuldades que ambos encontram no desempenho dessa missão, é bom que meditemos
nos ensinamentos contidos nas questões 890 a 892 da obra acima citada.
O
coração materno é, na expressão de um Espírito amigo, “uma taça de amor em que
a vida se manifesta no mundo”, mas grave é o ofício da verdadeira maternidade.
“Levantam-se monumentos de progresso entre os homens e devemo-los, em grande
parte, às mães abnegadas e justas, mas erguem-se penitenciárias sombrias e
devemo-las, na mesma proporção, às mães indiferentes e criminosas”, assevera
Sebastiana Pires no cap. 3 do livro Luz
no Lar, obra mediúnica psicografada por Chico Xavier.
Ensina o
Espiritismo que a Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da
conservação deles. Entre os animais, esse amor se limita às necessidades
materiais e cessa quando desnecessários se tornam os cuidados. No homem, ele
persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que sobrevivem
mesmo à morte e acompanham o filho até no além-túmulo.
Não se
deduza do fato de estar o amor maternal nas leis da natureza que a missão
materna seja algo fácil, porque não o é. Trata-se, em verdade, de tarefa
espinhosa em que a renúncia e as lágrimas fazem morada.
Não é
difícil entender por que isso se dá. É que habitualmente renascem juntas, sob
os laços da consanguinidade, pessoas que – nas palavras de conhecido autor – ainda
não acertaram as rodas do entendimento no
carro da evolução, a fim de trabalharem sobre as arestas que lhes impedem a
harmonia. Jungidas à máquina das convenções sociais, no instituto da família, caminham
lado a lado, sob o aguilhão da responsabilidade e da convivência compulsória,
para sanarem velhas feridas.
Existem
pais que não toleram os filhos e mães que se voltam contra os próprios
descendentes, tanto quanto há filhos que se revelam inimigos de seus genitores
e irmãos que se exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia
congênita.
A missão
materna reveste-se, pois, de encargos sublimes, sobretudo nos lares onde
Espíritos antagônicos, quando não inimigos, se encontram temporariamente unidos
pelos laços do parentesco.
A
maternidade desenvolve a sensibilidade, a ternura e a paciência, aumentando a
capacidade de amar na mulher.
No
ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de toda a
compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família.
A missão
materna consiste em dar sempre aos filhos o amor que flui de Deus, porque antes
de tudo sabemos que nossos filhos são, primeiramente, filhos de Deus. Desde a
infância, compete à mãe prepará-los para o trabalho e para a luta que os
espera. Desde os primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da
liberdade, controlando-lhe as atitudes e corrigindo-lhe as posições mentais,
porque essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida.
Ensinará
a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando necessária.
Sacrificar-se-á
de todos os modos ao seu alcance pela paz dos filhos, ensinando-lhes que toda
dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino e que todo desperdício
é falta grave.
Ensinar-lhes-á
o respeito pelo infortúnio alheio. Será ela no lar o bom conselho sem
parcialidade, o estímulo ao trabalho e a fonte de harmonia para todos.
Buscará,
enfim, na piedosa mãe de Jesus o símbolo das virtudes cristãs, ciente de que,
como escreveu a leitora, a missão da maternidade nem sempre é um mar de rosas.
Aí
estão razões inúmeras para que neste Dia das Mães, – mas não apenas neste dia, –
reverenciemos nossa mãe e agradeçamos a ela a oportunidade de estarmos aqui,
vivos, aptos e prontos para dizer-lhe quanto a amamos e como é bom ser seu filho!
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