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quinta-feira, 9 de julho de 2020



O Livro dos Médiuns

Allan Kardec

Parte 4

Continuamos o estudo metódico de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:

25. Por que o fenômeno das mesas girantes não mais ocorre?
Duas causas contribuíram para o abandono das mesas girantes: a moda, para as pessoas frívolas, que dedicam raramente duas temporadas ao mesmo divertimento, apesar de que nesse caso conseguiram dedicar-lhe três ou quatro! Para as pessoas sérias e observadoras saiu alguma coisa de respeitável, que prevaleceu; desprezaram-se as mesas girantes porque se passou a ocupar das consequências que resultaram das manifestações, isto é, deixaram o alfabeto pela ciência. Eis todo o segredo desse abandono aparente, do qual fizeram tanto barulho os zombadores. (O Livro dos Médiuns, item 60.)
26. Quais são as manifestações espíritas mais simples?
De todas as manifestações espíritas, as mais simples e as mais frequentes são os ruídos e as batidas, mas é preciso compreender que os ruídos espíritas têm um caráter particular e apresentam uma intensidade e timbres muito variados, que os tornam facilmente reconhecíveis e não permitem confundi-los com o ranger da madeira, o crepitar do fogo ou o tique-taque monótono de um pêndulo. São pancadas secas, às vezes surdas, fracas e leves, outras vezes claras, distintas, algumas vezes estrepitosas, que mudam de lugar e se repetem sem terem uma regularidade mecânica. De todos os meios de controle, para certificação de sua veracidade, o mais eficaz, aquele que não pode deixar dúvidas de sua origem, é a obediência do fenômeno à vontade. Se as pancadas se fazem ouvir no lugar designado, se respondem ao pensamento por seu número ou sua intensidade, não se lhes pode negar uma causa inteligente, embora a falta de obediência não constitua sempre uma prova contrária. É preciso submeter o fenômeno a uma verificação minuciosa para se ter a certeza de que não é ele o resultado de causas comuns ou mesmo de brincadeiras de mau gosto. (Obra citada, item 83.)
27. Que caracteriza uma manifestação como inteligente?
Para que uma manifestação seja inteligente, não é preciso que seja eloquente, espiritual ou erudita; é suficiente que prove um ato livre e voluntário, que exprima uma intenção ou responda a um pensamento. Vimos a mesa mover-se, erguer-se, dar pancadas, sob a influência de um ou de vários médiuns. O primeiro efeito inteligente que se observou foi de ver esses movimentos obedecerem a uma ordem. Assim, sem mudar de lugar, a mesa se erguia alternadamente sobre o pé designado; depois, caindo, batia um determinado número de pancadas, respondendo a uma pergunta. Outras vezes, a mesa, sem o contato de ninguém, passeava sozinha pela sala, indo para a direita e para a esquerda, para trás e para diante, executando diversos movimentos conforme os assistentes mandavam. Eis o que dá ao fenômeno o caráter inteligente a que se refere a pergunta. (Obra citada, itens 66 e 67.)
28. Essa inteligência não é devida à ação do médium?
A princípio, surgiu um sistema segundo o qual a inteligência da manifestação seria proveniente do médium, do interrogador ou mesmo dos assistentes. A dificuldade era explicar como essa inteligência podia refletir-se na mesa e se traduzir por pancadas. Ora, como as pancadas não eram dadas fisicamente pelo médium, eram pelo pensamento. Eis aí, então, um fenômeno ainda mais prodigioso do que os até então observados: o pensamento desferindo pancadas! A experiência não tardou em demonstrar o erro dessa opinião. Com efeito, as respostas estavam, muito frequentemente, em oposição formal ao pensamento dos assistentes, fora do alcance intelectual do médium e mesmo em idiomas ignorados por ele, ou relatando fatos desconhecidos de todos. Os exemplos são tão numerosos, que é quase impossível que alguém que se ocupou de comunicações espíritas não tenha sido testemunha deles muitas vezes. (Obra citada, item 69.)
29. Qual é o papel do médium nos fenômenos espíritas de efeitos físicos?
Médium quer dizer intermediário. Nesses fenômenos, o fluido próprio do médium se combina com o fluido universal acumulado pelo Espírito: é necessária a união desses dois fluidos, isto é, do fluido animalizado do médium com o fluido universal, para dar vida momentânea à mesa ou a qualquer outro objeto. Esta vida é, porém, passageira e se extingue com a ação e, muitas vezes, antes do fim da ação, logo que a quantidade de fluido não é suficiente para animá-la. (Obra citada, item 74, pergunta 14.)
30. O Espírito pode produzir o fenômeno sem o concurso de um médium?
Pode agir sem o médium saber, isto é, muitas pessoas servem de auxiliares aos Espíritos para certos fenômenos, sem o perceberem. O Espírito tira delas, como de uma fonte, o fluido animalizado do qual tem necessidade; é assim que o concurso de um médium nem sempre é voluntário, o que se dá principalmente nas manifestações espontâneas. A razão disso é que o fluido vital, indispensável à produção de todos os fenômenos mediúnicos, é apanágio exclusivo do encarnado e do qual, por conseguinte, o Espírito operador é obrigado a se impregnar. (Obra citada, item 74, parágrafo 15, e item 98.)
31. Que é fluido universal e qual o seu estado mais simples?
Criado por Deus, o fluido universal é o princípio elementar de todas as coisas, excetuados os seres inteligentes da Criação ou Espíritos. Para encontrá-lo em sua simplicidade absoluta, é preciso remontarmos até aos Espíritos puros. Na Terra ele está sempre mais ou menos modificado para formar a matéria compacta que nos cerca, e aqui o estado que mais se aproxima dessa simplicidade é o do fluido que, na terminologia espírita, chamamos de fluido magnético animal. (Obra citada, item 74.)
32. Como pode o Espírito, que é imaterial, agir sobre a matéria?
Ele combina uma parte do fluido universal com o fluido animalizado que o médium irradia, próprio para esse efeito. Com esses elementos assim combinados o Espírito anima o objeto de uma vida artificial momentânea. O Espírito pode, então, atrair tal objeto e movê-lo sob a influência do seu próprio fluido, irradiado por sua vontade. Em virtude de sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito não pode agir sobre a matéria grosseira sem um intermediário, isto é, sem um liame que o une à matéria. Esse liame, que constitui o que se chama perispírito (corpo fluídico do Espírito), é que dá a chave de todos os fenômenos espíritas materiais. (Obra citada, item 74.)

Observação:
Para acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte.html




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