O Livro dos Médiuns
Allan Kardec
Parte 4
Continuamos o estudo metódico de “O
Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco
Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
25. Por que o fenômeno
das mesas girantes não mais ocorre?
Duas causas contribuíram para o abandono das mesas girantes: a moda, para
as pessoas frívolas, que dedicam raramente duas temporadas ao mesmo
divertimento, apesar de que nesse caso conseguiram dedicar-lhe três ou quatro!
Para as pessoas sérias e observadoras saiu alguma coisa de respeitável, que
prevaleceu; desprezaram-se as mesas girantes porque se passou a ocupar das
consequências que resultaram das manifestações, isto é, deixaram o alfabeto
pela ciência. Eis todo o segredo desse abandono aparente, do qual fizeram tanto
barulho os zombadores. (O Livro dos
Médiuns, item 60.)
26. Quais são as
manifestações espíritas mais simples?
De todas as manifestações espíritas, as mais simples e as mais frequentes
são os ruídos e as batidas, mas é preciso compreender que os ruídos espíritas
têm um caráter particular e apresentam uma intensidade e timbres muito
variados, que os tornam facilmente reconhecíveis e não permitem confundi-los
com o ranger da madeira, o crepitar do fogo ou o tique-taque monótono de um
pêndulo. São pancadas secas, às vezes surdas, fracas e leves, outras vezes
claras, distintas, algumas vezes estrepitosas, que mudam de lugar e se repetem
sem terem uma regularidade mecânica. De todos os meios de controle, para
certificação de sua veracidade, o mais eficaz, aquele que não pode deixar
dúvidas de sua origem, é a obediência do fenômeno à vontade. Se as pancadas se fazem
ouvir no lugar designado, se respondem ao pensamento por seu número ou sua
intensidade, não se lhes pode negar uma causa inteligente, embora a falta de
obediência não constitua sempre uma prova contrária. É preciso submeter o
fenômeno a uma verificação minuciosa para se ter a certeza de que não é ele o
resultado de causas comuns ou mesmo de brincadeiras de mau gosto. (Obra citada,
item 83.)
27. Que caracteriza uma
manifestação como inteligente?
Para que uma manifestação seja inteligente, não é preciso que seja
eloquente, espiritual ou erudita; é suficiente que prove um ato livre e
voluntário, que exprima uma intenção ou responda a um pensamento. Vimos a mesa
mover-se, erguer-se, dar pancadas, sob a influência de um ou de vários médiuns.
O primeiro efeito inteligente que se observou foi de ver esses movimentos
obedecerem a uma ordem. Assim, sem mudar de lugar, a mesa se erguia
alternadamente sobre o pé designado; depois, caindo, batia um determinado número
de pancadas, respondendo a uma pergunta. Outras vezes, a mesa, sem o contato de
ninguém, passeava sozinha pela sala, indo para a direita e para a esquerda,
para trás e para diante, executando diversos movimentos conforme os assistentes
mandavam. Eis o que dá ao fenômeno o caráter inteligente a que se refere a
pergunta. (Obra citada, itens 66 e 67.)
28. Essa inteligência
não é devida à ação do médium?
A princípio, surgiu um sistema segundo o qual a inteligência da
manifestação seria proveniente do médium, do interrogador ou mesmo dos
assistentes. A dificuldade era explicar como essa inteligência podia
refletir-se na mesa e se traduzir por pancadas. Ora, como as pancadas não eram
dadas fisicamente pelo médium, eram pelo pensamento. Eis aí, então, um fenômeno
ainda mais prodigioso do que os até então observados: o pensamento desferindo
pancadas! A experiência não tardou em demonstrar o erro dessa opinião. Com
efeito, as respostas estavam, muito frequentemente, em oposição formal ao
pensamento dos assistentes, fora do alcance intelectual do médium e mesmo em
idiomas ignorados por ele, ou relatando fatos desconhecidos de todos. Os
exemplos são tão numerosos, que é quase impossível que alguém que se ocupou de
comunicações espíritas não tenha sido testemunha deles muitas vezes. (Obra
citada, item 69.)
29. Qual é o papel do
médium nos fenômenos espíritas de efeitos físicos?
Médium quer dizer intermediário. Nesses fenômenos, o fluido próprio do
médium se combina com o fluido universal acumulado pelo Espírito: é necessária
a união desses dois fluidos, isto é, do fluido animalizado do médium com o
fluido universal, para dar vida momentânea à mesa ou a qualquer outro objeto.
Esta vida é, porém, passageira e se extingue com a ação e, muitas vezes, antes
do fim da ação, logo que a quantidade de fluido não é suficiente para animá-la.
(Obra citada, item 74, pergunta 14.)
30. O Espírito pode
produzir o fenômeno sem o concurso de um médium?
Pode agir sem o médium saber, isto é, muitas pessoas servem de auxiliares
aos Espíritos para certos fenômenos, sem o perceberem. O Espírito tira delas,
como de uma fonte, o fluido animalizado do qual tem necessidade; é assim que o
concurso de um médium nem sempre é voluntário, o que se dá principalmente nas
manifestações espontâneas. A razão disso é que o fluido vital, indispensável à
produção de todos os fenômenos mediúnicos, é apanágio exclusivo do encarnado e
do qual, por conseguinte, o Espírito operador é obrigado a se impregnar. (Obra
citada, item 74, parágrafo 15, e item 98.)
31. Que é fluido
universal e qual o seu estado mais simples?
Criado por Deus, o fluido universal é o princípio elementar de todas as
coisas, excetuados os seres inteligentes da Criação ou Espíritos. Para
encontrá-lo em sua simplicidade absoluta, é preciso remontarmos até aos
Espíritos puros. Na Terra ele está sempre mais ou menos modificado para formar
a matéria compacta que nos cerca, e aqui o estado que mais se aproxima dessa
simplicidade é o do fluido que, na terminologia espírita, chamamos de fluido
magnético animal. (Obra citada, item 74.)
32. Como pode o
Espírito, que é imaterial, agir sobre a matéria?
Ele combina uma parte do fluido universal com o fluido animalizado que o
médium irradia, próprio para esse efeito. Com esses elementos assim combinados
o Espírito anima o objeto de uma vida artificial momentânea. O Espírito pode,
então, atrair tal objeto e movê-lo sob a influência do seu próprio fluido,
irradiado por sua vontade. Em virtude de sua natureza etérea, o Espírito
propriamente dito não pode agir sobre a matéria grosseira sem um intermediário,
isto é, sem um liame que o une à matéria. Esse liame, que constitui o que se
chama perispírito (corpo fluídico do Espírito), é que dá a chave de todos os
fenômenos espíritas materiais. (Obra citada, item 74.)
Observação:
Para acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte.html
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