O poder e sua força corruptora
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
A
frase “o poder corrompe”, atribuída ao historiador inglês John Emerich Edward
Dalberg, também conhecido como lorde Acton, é sempre invocada quando se
desnudam fatos de corrupção e abuso de poder como esses que o Ministério
Público tem investigado em nosso país nos últimos anos.
A
tese de que o poder tem a capacidade de corromper é interessante, mas,
examinada à luz da doutrina da reencarnação, apresenta facetas que
provavelmente escapem ao observador comum.
Poder,
riqueza, projeção social compõem a lista das chamadas provas a que o ser humano
se submete em suas múltiplas existências corporais.
A
Terra é um mundo modesto e atrasado e, como tal, classificado pelo Espiritismo
na categoria geral de planeta de provas e expiações.
Provas,
como o próprio vocábulo indica, são testes, em tudo semelhantes aos testes que
a criança e o jovem têm de enfrentar em sua passagem pelos bancos escolares, da
pré-escola à faculdade. Como ninguém ignora, só ascende ao ensino médio quem
enfrentou o fundamental e neste foi aprovado.
Constituindo
uma das provas mais difíceis que se apresentam à criatura humana em sua romagem
terrena, o poder pode efetivamente fascinar e levar à queda todos aqueles que
não dispõem da qualificação necessária para vencê-lo.
Dá-se
o mesmo com relação a todas as provas. A riqueza, por exemplo, é, dentre elas,
uma das mais difíceis, como o próprio Cristo advertiu ao afirmar que é mais
fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no reino dos
céus.
Numa
interessante mensagem que o leitor pode conferir no cap. II, Segunda Parte, do
livro O Céu e o Inferno, de Allan
Kardec, aquela que se chamou na Terra condessa Paula, desencarnada aos 36 anos
de idade em 1851, declarou o seguinte:
“Em várias existências
passei por provas de trabalho e miséria que voluntariamente havia escolhido
para fortalecer e depurar o meu Espírito; dessas provas tive a dita de
triunfar, vindo a faltar no entanto uma, porventura de todas a mais perigosa: a
da fortuna e bem-estar materiais, um bem-estar sem sombras de desgosto. Nessa
consistia o perigo. E antes de o tentar, eu quis sentir-me assaz forte para não
sucumbir. Deus, tendo em vista as minhas boas intenções, concedeu-me a graça do
seu auxílio. Muitos Espíritos há que, seduzidos por aparências, pressurosos
escolhem essas provas, mas, fracos para afrontar-lhes os perigos, deixam que as
seduções do mundo triunfem da sua inexperiência.”
Após
a revelação contida na mensagem, a ex-condessa Paula acrescentou:
“Como eu, também vós
tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E
vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna
imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis
alcançar os benefícios do Todo-Poderoso.”
Do
que acima expusemos, tornam-se claras duas coisas:
1ª
- O poder corrompe, sim, mas apenas corrompe as criaturas imaturas que se
seduzem com as benesses do cargo e se esquecem de que a vida é curta e que
ninguém se encontra na Terra a passeio.
2ª
- O conhecimento da doutrina da
reencarnação e das leis divinas que regem a nossa vida faria um bem imenso aos
nossos políticos e governantes, que então saberiam que a cada ação corresponde
uma reação de igual intensidade e sentido contrário, ou seja, para valer-nos de
conhecida frase de Jesus: “Quem matar com a espada morrerá sob a espada”.
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