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segunda-feira, 16 de novembro de 2020

 



Nos Bastidores da Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 7 e final

 

Concluímos hoje o estudo – sob a forma dialogada – do livro Nos Bastidores da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco e publicada no ano de 1970 pela Editora da FEB. Este estudo foi publicado neste blog às segundas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do livro "Nos Bastidores da Obsessão”, para complementar o estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL e, em seguida, no verbete "Nos Bastidores da Obsessão”.

Eis as questões de hoje:

 

49. Que fato levou Mateus Soares de novo ao hospital?

Enquanto Mariana se equilibrava com suas atividades na Casa espírita, Marta continuava nas suas aventuras quimbandistas, o que levou sua mãe a admoestá-la, certa noite, quando ela retornava ao lar. A resposta da filha foi imprevisível. Possessa e desrespeitosa, agrediu moralmente Dona Rosa com palavras fortes e azedas e, furiosa, tentou agredi-la fisicamente. Mateus Soares, acordado subitamente, ouvindo a balbúrdia que se fizera na casa, levantou-se de seu leito, colérico, armado com uma acha ameaçadora, mas, a poucos passos, cambaleou e tombou ao solo. A ferida cirúrgica voltou a sangrar e, por isso, foi levado de novo ao Pronto-Socorro, onde lutaria pela sobrevivência, com diagnóstico de embolia cerebral. (Nos Bastidores da Obsessão, cap. 13, pp. 235 a 242.)

50. Responsável pelo que acontecera a seu pai, Marta se acalmou com a hospitalização dele?

Não. Possessa pelo ódio surdo, Marta recolheu-se ao quarto, dele recusando-se a sair, mesmo sabendo do que sucedera ao pai. José Petitinga a visitou e lhe disse da importância de vivermos em paz com nossos familiares. Ela, porém, reagiu negativamente às palavras do notável espiritista baiano, que, no entanto, a chamou à responsabilidade e lhe mostrou a insuficiência dos recursos espirituais votados ao mal. "Tais Espíritos, minha filha, não são Guias: são cegos arrastando cegos ao abismo em que todos se precipitarão", disse-lhe Petitinga. Marta replicou dizendo que eles têm a força e libertam as vítimas da obsessão pelo uso dessa força, ao contrário dos espiritistas, que nada podem. O benfeitor baiano retrucou dizendo que a violência não liberta e a força não convence. "A vitória do poder da força é ilusória, porque ela mesma gera a força da reação que a destrói", asseverou Petitinga, que fez uma longa digressão sobre os métodos da luz, comparados com os métodos das trevas. "Uma gota de luz vence a treva; todavia, a abundância da segunda nada consegue em relação à primeira... A impiedade nada produz", afirmou-lhe o apóstolo do Espiritismo na Bahia. E, após um longo diálogo, viu-se que o poder dos argumentos e a força moral do velho doutrinador acalmaram a atormentada, que, após uma oração feita por Miranda e passes ministrados por Petitinga, agradeceu emocionada, comprometendo-se a visitar o pai e a meditar nas novas diretrizes que se lhe deparavam naquelas dolorosas circunstâncias. (Obra citada, cap. 13, págs. 238 a 242.)

51. A enfermidade de Mateus trouxe para a família algum benefício?

Sim. Desde que Mateus retornara ao lar, Mariana tornou-se voluntariamente sua companhia generosa, ajudando-o na higiene, mantendo os horários dos medicamentos, substituindo a mãe ao lado dele, enquanto esta cuidava das tarefas do lar. Adalberto, que já frequentava a casa desde a enfermidade de Mariana, foi-se transformando em filho do hemiplégico, que começou, ante o carinho de todos, a apresentar sinais comovedores de renovação espiritual. Amália continuava firme nos seus afazeres e Marta, passando a uma atitude de maior reflexão, pôs-se a ajudar a mãe nas costuras, no lar e na arte do bordado, aumentando a receita doméstica de forma expressiva. Além disso, o grupo espírita, liderado por Petitinga, também auxiliava materialmente a família, de forma a diminuir a crueza das provações naquela casa. (Obra citada, cap. 14, pp. 245 e 246.)

52. Marta tinha medo do revide dos seus ex-comparsas. Que é que Petitinga lhe disse?

Petitinga a encorajou, dizendo-lhe que uma atitude honesta faz-se acompanhar de fluidos convincentes que envolvem, poderosos, aqueles a quem nos dirigimos. Sugeriu-lhe que procurasse seu pai e lhe pedisse perdão, e depois passasse a frequentar a Casa espírita, onde estudaria as Obras de Kardec e mais tarde poderia colocar suas faculdades medianímicas a serviço do Cristo. "Não há força que tenha mais força que a força do amor", completou Petitinga. (Obra citada, cap. 14, pp. 246 a 250.)

53. Que efeito teve o culto do Evangelho na renovação de Mateus?

O culto teve desdobramentos inesperados. Notavam-se lágrimas nos olhos do enfermo e Marta, visivelmente sensibilizada, tomou a mão direita do genitor, que não fora afetada pela embolia, ajoelhou-se ao lado do corpo semimorto no leito e, beijando-a, pediu-lhe perdão. A voz saía a custo. O pai, com muito esforço, tornou-se digno do gesto da filha e cingiu nos seus os dedos de Marta, abençoando-a em silêncio e emotividade com o esquecimento do mal e a esperança do bem. A cena era comovedora. Mariana perguntou então a Petitinga se seria válido ler para o seu pai, sempre que possível, "O Evangelho segundo o Espiritismo". A resposta do extraordinário evangelizador baiano foi positiva e ele aproveitou para mostrar a importância do Evangelho no lar, explicando que a leitura atenderia também aos sofredores espirituais que porventura estivessem vinculados ao enfermo. Em seguida, falou sobre o poder do pensamento, esclarecendo que todos sofremos os reflexos uns dos outros, na carne, como também daqueles que estagiam fora do invólucro material. (Obra citada, cap. 14, pp. 250 a 254.)

54. Na época em que os fatos ocorreram, a hanseníase era enfermidade de difícil tratamento e cura quase impossível. Ora, se Henriette – que se encontrava internada em um lazareto – era hanseniana, como explicar sua cura?

Henriette, agora reencarnada com o nome de Ana Maria, não era efetivamente hanseniana; sua doença era apenas um simulacro. (Obra citada, cap. 15, pp. 261 a 264.)

55. É válido promover cerimônia religiosa espírita por ocasião do matrimônio de confrades que a desejem?

Segundo José Petitinga, não. A essa pergunta, Petitinga respondeu: O Espiritismo é a Doutrina de Jesus, em espírito e verdade, sem fórmulas nem ritos, sem aparências nem representantes, sem ministros, e não há qualquer culto externo no Espiritismo, mesmo nas ocasiões de casamento. Se alguém quiser fazer uma oração, que o faça em particular, para que não transformemos a festividade num culto exterior inadmissível. (Obra citada, cap. 16, pp. 267 a 272.)

56. Que desfecho tiveram os casos Mariana–Guilherme e Teofrastus–Henriette? E que postura deveriam adotar ante a vida para lograrem sucesso na programação encetada? 

Como sabemos, Guilherme renasceria no lar de Mariana e Adalberto. Ao ser apresentado ao futuro pai, Guilherme baixou os olhos e, trêmulo, não conseguiu dominar as lágrimas abundantes. Mariana avançou e envolveu-o em abraço de pura ternura e, subitamente adornada de tênue luz que se lhe originava do plexo solar, com coloração opalina, falou a Guilherme comovidamente: "Incapaz de ser-te esposa vigilante, tentarei ser-te mãe cuidadosa. Ajuda-me com o teu perdão e favorece-me com esta oportunidade". Ambrósio chamou Dona Rosa e o Sr. Mateus e a matrona tocou o futuro neto com mãos delicadas, dizendo: "Serás, meu filho, a alegria da nossa velhice, como foste a preocupação dos nossos dias já passados".

Quanto a Teofrastus, seria ele filho de Ana Maria, a mesma Henriette dos tristes acontecimentos da época inquisitorial. Ele teria incontáveis limitações de muita natureza, exigindo sacrifícios e vigílias de sua mãe. Ao reencontrá-lo, Ana Maria tocou a face do inditoso afeto e misturou as suas nas lágrimas dele, que fluíam silenciosas e doloridas: "Ajuda-me, amado Teo – disse lenta, laconicamente. Ajuda-me com o teu vigor, o teu entusiasmo e a tua sabedoria, tu que sempre foste mais eloquente do que eu. Socorre-me com a tua presença e não me deixes mais sozinha... pois eu não suportaria, agora que te reencontrei..." A resposta dele foi emitida com grande humildade. Dizia-se muito fraco, vencido por si mesmo, e pediu a Ana Maria que ela rogasse a Deus por ambos.

Glaucus advertiu a todos que os compromissos redentores nos desenham também aflições e resgates e, no final, lembrou a importância da oração e do trabalho no bem como sustentáculos da fé. "Repontarão à nossa frente outros amores e outros desafetos. O nosso pretérito não está aqui todo representado, definido... Fortaleçamo-nos no bem, pois que só o bem nos fortalecerá devidamente para os embates porvindouros", concluiu o Instrutor espiritual. (Obra citada, cap. 16, pp. 273 a 281.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/11/nos-bastidoresda-obsessao-manoel_9.html

 

 

 

 

 

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