Nos Bastidores
da Obsessão
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 6
Continuamos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada –
do livro Nos Bastidores da Obsessão,
de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco e
publicada no ano de 1970 pela Editora da FEB. Este estudo é publicado neste
blog sempre às segundas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do
livro "Nos Bastidores da Obsessão”, para acompanhar, pari passu, o
presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL
e, em seguida, no verbete "Nos Bastidores da Obsessão”.
Eis as questões de hoje:
41. Como se deu o reencontro entre Henriette e Teofrastus?
Henriette (hoje Ana Maria) foi trazida ao recinto do
encontro, adormecida, qual criança agasalhada no afeto paternal. Ao vê-la
deitada sobre alvo leito, Teofrastus foi acometido de angustiante expectativa.
Glaucus o acalmou com gesto delicado e, tocando as têmporas da jovem,
despertou-a com voz amiga e confortadora. Quando a enferma reconheceu a seu
lado o antigo esposo, seu olhar adquiriu brilho especial e ela alongou os
braços. Teofrastus, com a aquiescência de Glaucus, estreitou-a com imensa
ternura, envolvendo-a em ondas de afetividade e carinho. A cena que se seguiu
foi comovente. Pedidos de perdão, promessas de felicidade e muito choro de
parte de Teofrastus... Glaucus aproximou-se e exortou-o ao equilíbrio.
Falou-lhe da significação do momento e das poucas reservas que Ana Maria
possuía. Em seguida, disse à jovem que o seu sonho de amor, esperado por tanto
tempo, agora se concretizaria. Explicou-lhe, assim, o plano sugerido a
Teofrastus, em que ele volveria à carne na condição de seu filho. Ana Maria,
sacudida por impulso inesperado, ajoelhou-se e, abrindo os braços, balbuciou: -
"Que se faça a vontade de Deus!" (Nos
Bastidores da Obsessão, cap. 10, pp.
194 a 198.)
42. Duas
técnicas opostas, mas às vezes igualmente eficientes, utilizam os obsessores no
curso do processo obsessivo. Quais são elas e em que consistem?
As duas técnicas são bem conhecidas dos espíritas. Em alguns
casos, os obsessores aumentam a agressão às suas vítimas a fim de lhes darem
ideias falsas de que a frequência às sessões acarreta maior dose de sofrimento,
inspirando-as a debandarem, após o que, então, cessam de repente a constrição
obsessiva, fazendo crer que a melhoria decorreu do abandono aos compromissos
espíritas. Mais tarde, voltam mais ferozes, cruéis, implacáveis. De outras
vezes, agem de maneira inversa: logo que o indivíduo começa a participar do
estudo e da tarefa espiritista, afastam-se temporariamente, permanecendo em
contínua vigília. Se a pessoa, pensando estar curada, deixa os seus
compromissos, sem que a dívida esteja resgatada, eis que os verdugos
perseverantes, que a seguem, retornam vigorosos e ferozes. (Obra citada, cap.
11, pp. 200 a 204.)
43. Com a
agressão sofrida por Mateus Soares, Mariana perturbou-se novamente, a ponto de
tentar agredir Petitinga. Que explicações este deu sobre o caso?
José Petitinga esclareceu a Manoel P. de Miranda – em
virtude do receio deste de que o amigo sofresse agressão física por parte da entidade
que se manifestou através de Mariana – que a serviço de Jesus nada devemos
temer, porque "quando estamos a serviço da verdade, geramos e emitimos
vibrações que nos defendem de todo o mal". Claro que não nos devemos expor
à temeridade, criando situações embaraçosas e perfeitamente desnecessárias. É
preciso, porém, confiar na assistência de Jesus quando estamos imbuídos do
desejo de servir. Os episódios ocorridos na família Soares eram perfeitamente
compreensíveis. O Sr. Mateus, conturbado em si mesmo, é portador de enfermidade
íntima de longo curso. Vivendo o clima da jogatina, nosso irmão foi vítima de
Entidades infelizes que armaram a mão do seu opositor para lhe roubarem a vida.
Ante o choque, a menina Mariana entrou em sintonia com o sicário que a
espreitava. Na verdade, o problema da desobsessão tem longo curso. O simples
afastamento da entidade perseguidora não é fator de paz naquele que se lhe
vinculava. Em processos obsessivos como o de Mariana, há sempre uma mediunidade
latente, que oferece recursos de sintonia psíquica entre perseguidor e
perseguido. Com o afastamento de um, as possibilidades medianímicas do outro se
dilatam, sendo necessário educar, disciplinar, instruir o médium para que este
adquira os recursos que o capacitem à defesa própria e aos cuidados contra as
ciladas bem urdidas de outros Espíritos infelizes e levianos. (Obra citada,
cap. 11, pp. 205 a 213.)
44. Que atitude
tomou José Petitinga ante as ofensas que lhe foram feitas de público na União
Espírita Baiana?
O ofensor, depois das ofensas, disse que Petitinga não tinha
condições morais de ensinar; por fim, o desafiou a que abandonasse a tribuna
religiosa ou a vida que levava. Petitinga, imperturbável, retomou a palavra e
disse à plateia atenta que o amigo espiritual tinha toda a razão e contou que
lutava com dificuldades para aprimorar-se intimamente, lapidando grossas
arestas e duras angulações negativas de sua personalidade enferma. Dizia,
porém, que jamais abandonaria o arado, apesar de suas imperfeições e que
preferia a condição de enfermo ajudando doentes, a ser ocioso buscando a saúde
para poder ajudar com eficiência... "Embora imperfeito – disse Petitinga
–, deixo luzir minha alma quando contemplo a Grande Luz; vasilhame imundo,
aromatizo-me ao leve rocio do perfume da fé; Espírito infeliz, mas não
infelicitador, banho-me na água lustral da esperança cristã..." O
auditório, compungido e emocionado, chorava comovido, e lágrimas transparentes
adornavam a face do servidor do Cristo. De repente, o perturbador espiritual
arrojou ao chão o médium de que se servia, e, dominado por crua emotividade,
bradou: - "Perdoa-me, tu! A tua humildade vence-me a braveza, velhinho
bom! Deus meu! Deus meu! Blasfemo! O ódio gratuito cega-me. Perdoa-me, velhinho
bom, e ajuda-me com a tua humildade a encontrar-me a mim mesmo. Infeliz que sou.
Tudo mentira, mendacidade inditosa, a que me amarga os lábios. Ajuda-me,
velhinho bom, na minha infelicidade..." José Petitinga desceu os degraus
da tribuna, aproximou-se do sofredor e, falando-lhe bondosamente, envolveu o
médium com gesto de carinho, convidando-o a sentar-se. "Perdoe-nos o
Senhor de nossas vidas!", falou em discreto pranto. E levantando a voz,
rogou: "Oremos todos a Jesus, pelo nosso irmão sofredor, por todos nós, os
sofredores". (Obra citada, cap. 11, pp. 213 a 217.)
45. Hóspede da
União Espírita Baiana, que tarefas Teofrastus ali desempenhava?
Ali, Teofrastus observava as tarefas que se desdobravam, a
atuação dos participantes do grupo espírita, a conduta real de cada um, o nível
de amor inspirado no amor do Cristo. Acompanhava as operações socorristas
realizadas e, sobretudo, com a assistência dos mentores, seguia os médiuns e
demais participantes do grupo, para sentir se os ensinamentos recebidos eram
realmente aplicados na conduta diária pelos que os administravam... Assim, ele
verificava a força pela qual se comportam os espíritas sob a constrição do
testemunho e da prova, da perturbação e da dor, confirmando pelos atos a sua
identificação com o Cristo. (Obra citada, cap. 12, pp. 220 a 222.)
46. Que
requisitos são indispensáveis à tarefa da desobsessão?
No tocante à tarefa da doutrinação, conduta e
responsabilidade são fatores essenciais. Palavras belas e sonantes e conceitos
elevados são de fácil aquisição em muitos lugares. Contudo, a excelência de uma
ideia ou de uma Religião se constata pelo número daqueles que foram
modificados, que se transformaram e que se deram à sua realidade. Na
desobsessão não podemos desconsiderar também o concurso do tempo, que exige
alta dosagem de paciência e perseverança. Aqueles que se propõem a ajudar,
compreendem a necessidade de criar condições para isso. Devemos cooperar para
que o enfermo, uma vez desperto para a compreensão de seus deveres, não
reincida em falta mais danosa e mais grave do que a anterior, porque muitas
entidades afastadas de seus comensais nem sempre se esclarecem de imediato, ou
se conformam com a situação nova, e continuam acompanhando suas antigas vítimas
e aguardando oportunidade. Qualquer tarefa de desobsessão, portanto, representa
nobre e elevada responsabilidade para todos os que nela se envolvem, requerendo
conhecimento doutrinário seguro e vivência cristalina evangélica. (Obra citada,
cap. 12, pp. 223 a 225.)
47. Qual a
utilidade das vicissitudes e aflições da vida?
As vicissitudes, a dor e as aflições da vida são, para
muitos, uma forma de resgate do seu passado delituoso e, em alguns casos,
medidas preventivas impeditivas de danos maiores na economia do progresso.
Situações existem em que somente a doença pode ensejar a oportunidade de
reflexão e transformação das ideias. (Obra citada, cap. 12 e 13, pp. 228 a
231.)
48. Onde dona
Rosa Soares adquiriu tanta paciência com o marido?
A paciência de Dona Rosa Soares em face dos desmandos do Sr.
Mateus era, de fato, coisa incomum. A explicação disso veio dos Espíritos. Ela
foi-lhe mãe descuidada em existência próxima, no passado. Acompanhando-o da
Espiritualidade, de queda em queda, acumpliciada com os pesados débitos da
última existência, apiedada, ela rogou a oportunidade de ser-lhe esposa,
recebendo nos braços como filhos os inimigos de ambos, para então, pelo exemplo
da paciência, da humildade e da submissão, ressarcir o crime da
irresponsabilidade junto a ele e chamá-lo à observância dos deveres de que se
descurara acintosamente. (Obra citada, cap. 13, pp. 234 e 235.)
Observação:
Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/11/nos-bastidoresda-obsessao-manoel.html
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