segunda-feira, 9 de novembro de 2020

 



Nos Bastidores da Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 6

 

Continuamos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Nos Bastidores da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco e publicada no ano de 1970 pela Editora da FEB. Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do livro "Nos Bastidores da Obsessão”, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL e, em seguida, no verbete "Nos Bastidores da Obsessão”.

Eis as questões de hoje:


41. Como se deu o reencontro entre Henriette e Teofrastus?

Henriette (hoje Ana Maria) foi trazida ao recinto do encontro, adormecida, qual criança agasalhada no afeto paternal. Ao vê-la deitada sobre alvo leito, Teofrastus foi acometido de angustiante expectativa. Glaucus o acalmou com gesto delicado e, tocando as têmporas da jovem, despertou-a com voz amiga e confortadora. Quando a enferma reconheceu a seu lado o antigo esposo, seu olhar adquiriu brilho especial e ela alongou os braços. Teofrastus, com a aquiescência de Glaucus, estreitou-a com imensa ternura, envolvendo-a em ondas de afetividade e carinho. A cena que se seguiu foi comovente. Pedidos de perdão, promessas de felicidade e muito choro de parte de Teofrastus... Glaucus aproximou-se e exortou-o ao equilíbrio. Falou-lhe da significação do momento e das poucas reservas que Ana Maria possuía. Em seguida, disse à jovem que o seu sonho de amor, esperado por tanto tempo, agora se concretizaria. Explicou-lhe, assim, o plano sugerido a Teofrastus, em que ele volveria à carne na condição de seu filho. Ana Maria, sacudida por impulso inesperado, ajoelhou-se e, abrindo os braços, balbuciou: - "Que se faça a vontade de Deus!" (Nos Bastidores da Obsessão, cap. 10, pp. 194 a 198.)

42. Duas técnicas opostas, mas às vezes igualmente eficientes, utilizam os obsessores no curso do processo obsessivo. Quais são elas e em que consistem?

As duas técnicas são bem conhecidas dos espíritas. Em alguns casos, os obsessores aumentam a agressão às suas vítimas a fim de lhes darem ideias falsas de que a frequência às sessões acarreta maior dose de sofrimento, inspirando-as a debandarem, após o que, então, cessam de repente a constrição obsessiva, fazendo crer que a melhoria decorreu do abandono aos compromissos espíritas. Mais tarde, voltam mais ferozes, cruéis, implacáveis. De outras vezes, agem de maneira inversa: logo que o indivíduo começa a participar do estudo e da tarefa espiritista, afastam-se temporariamente, permanecendo em contínua vigília. Se a pessoa, pensando estar curada, deixa os seus compromissos, sem que a dívida esteja resgatada, eis que os verdugos perseverantes, que a seguem, retornam vigorosos e ferozes. (Obra citada, cap. 11, pp. 200 a 204.)

43. Com a agressão sofrida por Mateus Soares, Mariana perturbou-se novamente, a ponto de tentar agredir Petitinga. Que explicações este deu sobre o caso?

José Petitinga esclareceu a Manoel P. de Miranda – em virtude do receio deste de que o amigo sofresse agressão física por parte da entidade que se manifestou através de Mariana – que a serviço de Jesus nada devemos temer, porque "quando estamos a serviço da verdade, geramos e emitimos vibrações que nos defendem de todo o mal". Claro que não nos devemos expor à temeridade, criando situações embaraçosas e perfeitamente desnecessárias. É preciso, porém, confiar na assistência de Jesus quando estamos imbuídos do desejo de servir. Os episódios ocorridos na família Soares eram perfeitamente compreensíveis. O Sr. Mateus, conturbado em si mesmo, é portador de enfermidade íntima de longo curso. Vivendo o clima da jogatina, nosso irmão foi vítima de Entidades infelizes que armaram a mão do seu opositor para lhe roubarem a vida. Ante o choque, a menina Mariana entrou em sintonia com o sicário que a espreitava. Na verdade, o problema da desobsessão tem longo curso. O simples afastamento da entidade perseguidora não é fator de paz naquele que se lhe vinculava. Em processos obsessivos como o de Mariana, há sempre uma mediunidade latente, que oferece recursos de sintonia psíquica entre perseguidor e perseguido. Com o afastamento de um, as possibilidades medianímicas do outro se dilatam, sendo necessário educar, disciplinar, instruir o médium para que este adquira os recursos que o capacitem à defesa própria e aos cuidados contra as ciladas bem urdidas de outros Espíritos infelizes e levianos. (Obra citada, cap. 11, pp. 205 a 213.)

44. Que atitude tomou José Petitinga ante as ofensas que lhe foram feitas de público na União Espírita Baiana? 

O ofensor, depois das ofensas, disse que Petitinga não tinha condições morais de ensinar; por fim, o desafiou a que abandonasse a tribuna religiosa ou a vida que levava. Petitinga, imperturbável, retomou a palavra e disse à plateia atenta que o amigo espiritual tinha toda a razão e contou que lutava com dificuldades para aprimorar-se intimamente, lapidando grossas arestas e duras angulações negativas de sua personalidade enferma. Dizia, porém, que jamais abandonaria o arado, apesar de suas imperfeições e que preferia a condição de enfermo ajudando doentes, a ser ocioso buscando a saúde para poder ajudar com eficiência... "Embora imperfeito – disse Petitinga –, deixo luzir minha alma quando contemplo a Grande Luz; vasilhame imundo, aromatizo-me ao leve rocio do perfume da fé; Espírito infeliz, mas não infelicitador, banho-me na água lustral da esperança cristã..." O auditório, compungido e emocionado, chorava comovido, e lágrimas transparentes adornavam a face do servidor do Cristo. De repente, o perturbador espiritual arrojou ao chão o médium de que se servia, e, dominado por crua emotividade, bradou: - "Perdoa-me, tu! A tua humildade vence-me a braveza, velhinho bom! Deus meu! Deus meu! Blasfemo! O ódio gratuito cega-me. Perdoa-me, velhinho bom, e ajuda-me com a tua humildade a encontrar-me a mim mesmo. Infeliz que sou. Tudo mentira, mendacidade inditosa, a que me amarga os lábios. Ajuda-me, velhinho bom, na minha infelicidade..." José Petitinga desceu os degraus da tribuna, aproximou-se do sofredor e, falando-lhe bondosamente, envolveu o médium com gesto de carinho, convidando-o a sentar-se. "Perdoe-nos o Senhor de nossas vidas!", falou em discreto pranto. E levantando a voz, rogou: "Oremos todos a Jesus, pelo nosso irmão sofredor, por todos nós, os sofredores". (Obra citada, cap. 11, pp. 213 a 217.)

45. Hóspede da União Espírita Baiana, que tarefas Teofrastus ali desempenhava?

Ali, Teofrastus observava as tarefas que se desdobravam, a atuação dos participantes do grupo espírita, a conduta real de cada um, o nível de amor inspirado no amor do Cristo. Acompanhava as operações socorristas realizadas e, sobretudo, com a assistência dos mentores, seguia os médiuns e demais participantes do grupo, para sentir se os ensinamentos recebidos eram realmente aplicados na conduta diária pelos que os administravam... Assim, ele verificava a força pela qual se comportam os espíritas sob a constrição do testemunho e da prova, da perturbação e da dor, confirmando pelos atos a sua identificação com o Cristo. (Obra citada, cap. 12, pp. 220 a 222.)

46. Que requisitos são indispensáveis à tarefa da desobsessão? 

No tocante à tarefa da doutrinação, conduta e responsabilidade são fatores essenciais. Palavras belas e sonantes e conceitos elevados são de fácil aquisição em muitos lugares. Contudo, a excelência de uma ideia ou de uma Religião se constata pelo número daqueles que foram modificados, que se transformaram e que se deram à sua realidade. Na desobsessão não podemos desconsiderar também o concurso do tempo, que exige alta dosagem de paciência e perseverança. Aqueles que se propõem a ajudar, compreendem a necessidade de criar condições para isso. Devemos cooperar para que o enfermo, uma vez desperto para a compreensão de seus deveres, não reincida em falta mais danosa e mais grave do que a anterior, porque muitas entidades afastadas de seus comensais nem sempre se esclarecem de imediato, ou se conformam com a situação nova, e continuam acompanhando suas antigas vítimas e aguardando oportunidade. Qualquer tarefa de desobsessão, portanto, representa nobre e elevada responsabilidade para todos os que nela se envolvem, requerendo conhecimento doutrinário seguro e vivência cristalina evangélica. (Obra citada, cap. 12, pp. 223 a 225.)

47. Qual a utilidade das vicissitudes e aflições da vida?

As vicissitudes, a dor e as aflições da vida são, para muitos, uma forma de resgate do seu passado delituoso e, em alguns casos, medidas preventivas impeditivas de danos maiores na economia do progresso. Situações existem em que somente a doença pode ensejar a oportunidade de reflexão e transformação das ideias. (Obra citada, cap. 12 e 13, pp. 228 a 231.)

48. Onde dona Rosa Soares adquiriu tanta paciência com o marido?

A paciência de Dona Rosa Soares em face dos desmandos do Sr. Mateus era, de fato, coisa incomum. A explicação disso veio dos Espíritos. Ela foi-lhe mãe descuidada em existência próxima, no passado. Acompanhando-o da Espiritualidade, de queda em queda, acumpliciada com os pesados débitos da última existência, apiedada, ela rogou a oportunidade de ser-lhe esposa, recebendo nos braços como filhos os inimigos de ambos, para então, pelo exemplo da paciência, da humildade e da submissão, ressarcir o crime da irresponsabilidade junto a ele e chamá-lo à observância dos deveres de que se descurara acintosamente. (Obra citada, cap. 13, pp. 234 e 235.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/11/nos-bastidoresda-obsessao-manoel.html

 

 

 

 

 

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