Entre a Terra e
o Céu
André Luiz
Parte 15 e final
Nesta data concluímos o estudo da obra Entre a Terra e o Céu, psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier e publicada originalmente em 1954.
Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do
livro, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#AND
e, em seguida, no verbete "Entre a Terra e o Céu".
Eis as questões de hoje:
113. A amizade é importante para a garantia da felicidade conjugal?
Evidentemente. A felicidade é quase impraticável nas
afeições impulsivas que estouram do sentimento à maneira de champanha ilusória.
Tais palavras foram ditas por Amaro ao enfermeiro Mário. "O amor dos
namorados, com noventa graus à sombra, por vezes é simples fogo de palha,
deixando apenas cinza”, disse-lhe Amaro. “À medida que se me alonga a experiência
no tempo, reconheço que o matrimônio, acima de tudo, é união de alma com alma.
Falo com o discernimento do homem que se consorciou por duas vezes. A paixão,
meu caro, é responsável por todas as casas de boneca que oferecem por aí
espetáculos dos mais tristes. A amizade pura é a verdadeira garantia da ventura
conjugal." E Amaro concluiu: "Sem os alicerces da comunhão fraterna e
do respeito mútuo, o casamento cedo se transforma em pesada algema de forçados
do cárcere social". (Entre a Terra e
o Céu, cap. XXXVIII, págs. 250 e 251.)
114. Mário Silva
e Antonina acabaram casando-se?
Sim. A cerimônia ocorreu na casa de Amaro e Zulmira, que
gentilmente ofereceram seu lar para a festividade, a que muitos Espíritos
acorreram. A casa estava repleta de pessoas amigas. À noite, na casinha singela
de Antonina, reuniram-se quase todos os convidados, novamente. Os recém-casados
queriam orar, em companhia dos laços afetivos, agradecendo ao Senhor a ventura
daquele dia inolvidável. O lar humilde jazia tomado de entidades afetuosas e
iluminadas, inspirando entusiasmo e esperança, júbilo e paz, para os noivos. Na
sala estreita e lotada, um velho tio da noiva levantou-se e dispôs-se à oração.
O Ministro abeirou-se dele e afagou-lhe a cabeça, e, no abençoado calor da
inspiração com que Clarêncio lhe envolvia a alma, o familiar de Antonina
pronunciou comovente rogativa a Jesus, suplicando-lhe auxiliasse a todos na
obediência aos seus divinos desígnios. (Obra citada, cap. XXXVIII, págs. 252 a
254.)
115. A que se
reduz a vida quando não se faz plena de trabalho?
A resposta a esta pergunta podemos encontrar na palestra que
Antonina e Zulmira, levadas em espírito ao Lar da Bênção, ouviram de Irmã
Clara, que, entre outras considerações importantes, lhes disse: "Agora,
que a oportunidade favorece a renovação, é preciso saber reconstruir o
destino”. “Não olvidemos. A vida reduz-se a triste montão de trevas, quando não
se faz plena de trabalho. Fujamos à velha feira da lamentação onde a inércia
vende os seus frutos amargosos! Para levantar, porém, a escada de nossa
ascensão, é imprescindível banhar o espírito, cada dia, na fonte viva do amor,
do amor que recompensa a si mesmo com a alegria de dar!" (Obra citada,
cap. XXXIX, págs. 255 a 257.)
116. No encontro
com a Irmã Clara, Antonina pôde rever seu passado?
Sim, posto que parcialmente. A benfeitora espiritual
acariciou, de leve, a fronte de Antonina e repetiu: "Lembre-se!
lembre-se!..." Bafejada pelo poder de Irmã Clara, em determinados centros
da memória, Antonina fez-se pálida e exclamou, controlando a própria emoção:
"Sim, sou eu a cantora! Revejo, dentro de mim, os quadros que se foram!...
Os conflitos no Paraguai!... Uma chácara em Luque!... A família ao abandono!...
José Esteves, hoje Mário... Sim, percebo o sentido de minhas segundas
núpcias!..." Em seguida, denotando aflição no olhar, acrescentou: "E
Leonardo? onde está Leonardo, o infeliz?" Irmã Clara advertiu, com
bondade: "Não precisa dilatar reminiscências; não nos achamos num gabinete
de experimentos e sim numa reunião fraternal". "Basta que você se
recorde." Em seguida, ela resumiu para as duas amigas o programa
reencarnatório que se esboçara. Zulmira receberia Júlio, outra vez, como filho
e Antonina seria mãe de Leonardo Pires, seu avô e associado do destino.
"No santuário doméstico – elucidou Clara –, as afeições transviadas se
recompõem, a fim de que possamos demandar o futuro, ao clarão da felicidade.
Filhas, ninguém avança sem saldar as próprias contas com o passado." (Obra
citada, cap. XXXIX, págs. 257 e 258.)
117. Com que
palavras Irmã Clara definiu a família?
Irmã Clara mostrou, em sua palestra, a importância do lar e
da família. "Identifiquemos no lar humano – asseverou a benfeitora – o
caminho de nossa regeneração! A família consanguínea na Terra é o microcosmo de
obrigações salvadoras em que nos habilitamos para o serviço à família maior que
se constitui da Humanidade inteira.” E aduziu: “O parente necessitado de
tolerância e carinho representa o ponto difícil que nos cabe vencer,
valendo-nos dele para melhorar-nos em humildade e compreensão. Um pai
incompreensivo, um esposo áspero ou um filho de condução inquietante simbolizam
linhas de luta benéfica, em que podemos exercitar a paciência, a doçura e o
devotamento até ao sacrifício!...” (Obra citada, cap. XXXIX, págs. 258 a 260.)
118. Os fatos na
vida de Zulmira e Antonina ocorreram como fora previsto?
Sim. Um ano depois do casamento de Antonina, André e seus
amigos dirigiram-se à residência de Amaro. Júlio e Leonardo haviam renascido em
paz, quase que ao mesmo tempo, trazendo ao mundo elevados programas de serviço,
tal como fora programado. Seus pais prosseguiam juntos, entrelaçados na mesma
compreensão fraternal, e celebrava-se naquela oportunidade o matrimônio de
Lucas e Evelina. (Obra citada, cap. XL, págs. 261 a 263.)
119. A história
de Júlio terminaria assim, com um casamento risonho, à moda de um filme bem
acabado?
A esta pergunta, formulada por André Luiz, Clarêncio
respondeu: "Não, André. A história não acabou. O que passou foi a crise
que nos ofereceu motivo a tantas lições. Nossos amigos, pelo esforço admirável
com que se dedicaram ao reajuste, dispõem agora de alguns anos de paz relativa,
nos quais poderão replantar o campo do destino. Entretanto, mais tarde,
voltarão por aqui a dor e a prova, a enfermidade e a morte, conferindo o
aproveitamento de cada um. É a luta aperfeiçoando a vida, até que a nossa vida
se harmonize, sem luta, com os Desígnios do Senhor". (Obra citada, cap.
XL, págs. 263 e 264.)
120. Qual era o
paraíso sonhado por Odila?
Clarêncio perguntou a Odila que céu ela, a partir de agora, procurava.
Odila respondeu com humildade: "Devotado benfeitor, meu lar terrestre é o
meu paraíso..." O instrutor replicou: "Mas não ignoras que o
domicílio do mundo não te pertence mais". "Sim – concordou Odila,
respeitosa –, sei disso, entretanto desejo servir a ele, sem que ele seja
meu... Amo meu esposo por inesquecível companheiro da vida eterna, abençoando a
admirável mulher a quem ele agora pertence e que passei a querer por filha de
minha ternura... Amo meus filhos, apesar de saber que não podem presentemente
sentir o calor de meu coração... Deus sabe que hoje amo sem o propósito de ser
amada, que me proponho oferecer-me sem retribuição, a fim de aprender com Jesus
a dar sem receber..." A emoção embargou-lhe a voz. Os demais tinham também
os olhos marejados de pranto. Visivelmente comovido, Clarêncio levantou-lhe a
fronte submissa, afagou-lhe os cabelos e, colocando-lhe uma flor de luz sobre o
peito, exclamou: "Onde permanece o nosso amor, aí fulgura o céu que
sonhamos. Mereces o paraíso que procuras. Retorna, Odila, ao teu lar quando
quiseres. Sê para o teu esposo e para as almas que o seguem o astro de cada
noite e a bênção de cada dia! O amor puro outorga-te esse direito. Volta e
ama... E, quando te ergueres do vale humano, teu coração será como faixa de
sol, trazendo ao Cristo os corações que pastorearás no campo imenso da
vida!" (Obra citada, cap. XL, págs. 265 e 266.)
Observação: Para
acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/01/entre-terra-eo-ceu-andre-luiz-parte-14.html
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