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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

 



Grilhões Partidos

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 7

 

Prosseguimos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Grilhões Partidos, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco e publicada no ano de 1974.

Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto condensado da obra em foco, para complementar o estudo ora iniciado, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL  e, em seguida, no verbete "Grilhões Partidos”.

Eis as questões de hoje:


49. Com o início do tratamento desobsessivo, Ester acusou alguma melhora?

Sim. Notável modificação no semblante da paciente já podia ser vista nos dias seguintes. É que, diminuída a assimilação contínua dos fluidos enfermiços, graças ao afastamento do obsessor, o organismo passava a recobrar paulatino controle de suas funções. (Grilhões Partidos, cap. 18, pp. 159 a 161.)

50. Quem era e como se chamara na Terra o obsessor de Ester?

Ele próprio disse chamar-se Matias, um soldado morto em dezembro de 1944 na campanha da Itália, sob as ordens do capitão Santamaria, de quem fora ordenança. Chamavam-lhe "o baiano". (Obra citada, cap. 18 e 19, pp. 161 a 166.)

51. Que falta cometida pelo Coronel Santamaria irritou tanto o soldado Matias?

Matias atribuía ao então capitão Santamaria a sua morte e depois uma traição imperdoável. Na véspera da batalha de Monte Castelo, ele havia sonhado que iria morrer naquele dia. Por isso, logo cedo, após rezar, dirigiu-se ao capitão Santamaria para pedir-lhe fosse colocado em qualquer serviço, menos ser mandado para a linha de fogo e explicou-lhe o motivo de seu pedido. O capitão zombou dele e gritou que todos ali estavam para morrer, bradando "que era o nosso dever: dar a vida pela Pátria e que aquela era a hora". O soldado compreendeu a situação e, seguindo sua intuição, pediu-lhe um favor. Se morresse, como acreditava que ia acontecer, suplicava ao capitão ajudasse sua mãe e sua irmã, que ele deixara na Bahia. O capitão olhou-o sério e, compreendendo a gravidade do pedido, prometeu que atenderia ao seu pedido, anotando seu número de identidade e o endereço de sua família, promessa que, no entanto, ele jamais cumpriu. (Obra citada, cap. 19, pp. 166 a 170.)

52. Que sucedeu aos familiares de Matias em decorrência de sua morte na guerra? E como ele fez para agir sobre Ester?

Sua mãe e a irmã Josefa viviam miseravelmente. Vendo-as, Matias sentiu-se desfalecer, mas aos poucos conseguiu ordenar as lembranças. Recordou-se, então, do capitão. Teria morrido? Se sua família enfrentava tal penúria, certamente ele morrera, sem poder fazer nada. Seu pensamento se cravou nele. Onde andaria? Como saber? Atormentado por essa dúvida, se o capitão estava morto ou vivo, o ódio o foi dominando, porquanto, se ele estivesse vivo, havia-o traído. Eis a narrativa de Matias: "Num momento de ódio vigoroso, senti-me desvairar... Aos gritos e imprecações, desejando encontrá-lo, senti o mesmo ímã desconhecido arrastar-me e encontrei-me na sala rica onde ele, mais velho, forte, feliz, sorridente, exibia a filha..." Ao agarrar os braços de Ester, percebeu que eles ficaram nos seus braços. Foi assim que, sem saber como, ela agia do modo como ele queria. “Entonteci-me e ela cambaleou... Pensei e ela atendeu... Levantei-a e caminhamos... Esbofeteei-o e enlouqueci de ódio, de vingança, de alegria, descobrindo-a louca comigo, misturados.” (Obra citada, cap. 19, pp. 170 a 173.)

53. Que explicação deu o Coronel para o não cumprimento de sua promessa?

Ele próprio, dirigindo-se ao Espírito, disse que jamais desejou trair ou desconsiderar, mas explicou que o fim da Guerra, o retorno à pátria, a readaptação e tantas coisas que aconteceram fizeram-no esquecer o compromisso. Fora traído pela memória... Jamais se lembrara da promessa feita, a não ser agora quando os fatos foram relatados pelo antigo companheiro de armas. E, emocionado, falou-lhe: "Perdoa-me, tu, que tens tanto sofrido! Perdoa-me! Não agi por mal. Dá-me a oportunidade de reparar, antes da minha partida, tantos danos". (Obra citada, cap. 19, pp. 173 a 175.)

54. Além de pedir perdão a Matias, que lhe propôs o Coronel Santamaria?

O Coronel disse-lhe que ele tinha toda a razão em castigá-lo, mas não a Ester, e pediu-lhe a oportunidade, então, de ajudar Josefa e socorrer sua mãe. Ele dispunha de recursos que poderiam ampará-las. Matias vacilou, não acreditou na intenção do Coronel. Mas este lhe pediu o endereço de seus familiares, prometendo tudo fazer para reparar o mal involuntariamente cometido. Depois de momentos de indecisão, o Espírito concordou, por fim, em dar o endereço de sua casa. "Deus te pague! e perdoa-me, se possível..." – pediu-lhe o Coronel Santamaria de voz embargada. (Obra citada, cap. 19, pp. 175 a 177.)

55. As tarefas de assistência a Ester limitavam-se à sessão mediúnica realizada?

Não. Além dos trabalhos de assistência espiritual realizados à noite durante o sono corporal, os pais de Ester se empenhavam com o objetivo de se reabilitarem do doloroso drama. Havia em seu lar, agora bafejado pelas saturações da prece constante e sob o domínio das vibrações edificantes, decorrentes das leituras e dos comentários elevados, uma psicosfera superior, envolvente, que produzia bem-estar. Além disso, Ester recebia regularmente os passes ministrados pelo irmão Melquíades desde o início da terapêutica desobsessiva. (Obra citada, cap. 20, pp. 179 e 180.)

56. Qual é o equívoco que, segundo o autor desta obra, muitos profissionais da Medicina e da Enfermagem cometem?

Muitos profissionais da Medicina e da Enfermagem supõem que não existe outra terapêutica, quando falham os recursos clássicos. Olvidam, como é sabido, a terapia do amor, a psicoterapia do entendimento e da atenção. Quando o Dr. Pinel foi criticado por desejar libertar das correntes os loucos postos a seus cuidados, em Bicêtre, Paris, seus colegas lhe perguntaram, zombeteiros: "Se não os puderes curar, que farás com eles?" – “Amá-los-ei", respondeu o Dr. Pinel. "Farei sentirem-se criaturas humanas outra vez. Dar-lhes-ei atenção." (Obra citada, cap. 20, pp. 181 a 183.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/12/grilhoes-partidos-manoel-philomeno-de_28.html

 

 

 

 

 

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