O Além e a
Sobrevivência do Ser
Léon Denis
Parte 5
Damos sequência ao estudo do clássico O Além e a Sobrevivência do Ser, de autoria de Léon Denis, com base na 8ª edição publicada em português pela Federação Espírita Brasileira.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Como o professor Lombroso descreveu
a aparição de sua própria mãe materializada?
B. Qual é, no tocante aos fenômenos de
efeitos físicos, a objeção favorita apresentada pelos incrédulos?
C. Por que a obscuridade é
indispensável às sessões de efeitos físicos?
Texto para
leitura
70. A objeção favorita dos incrédulos,
no tocante a este gênero de fenômenos, é que eles se produzem na obscuridade,
tão favorável aos embustes. Há um tanto de verdade nessa objeção e nós mesmos
não temos hesitado em assinalar fraudes escandalosas; mas importa se note que a
obscuridade é indispensável às aparições luminosas, as mais frequentes de
todas.
71. A luz exerce uma ação dissolvente
sobre os fluidos e grande número de manifestações só na sua ausência podem
ocorrer. Casos, entretanto, há em que certos Espíritos puderam aparecer sob os
reflexos da luz fosforada. Outros se desmaterializam em plena luz. Sob os raios
de três bicos de gás. viu-se Katie King fundir-se pouco a pouco, dissolver-se e
desaparecer.
72. A esses testemunhos corre-nos o
dever de juntar o nosso, relatando um fato que nos toca pessoalmente. Durante
dez anos nos consagramos a esta ordem de estudos com o auxílio de um médico de
Tours, o Dr. Aguzoli, e de um capitão arquivista do 9º Corpo. Por intermédio de
um deles, mergulhado em sono magnético, os invisíveis nos prometiam, havia
muito, um caso de materialização.
73. Uma noite, reunidos no gabinete de
consulta do nosso amigo, fechadas cuidadosamente as portas, e a luz do dia
penetrando ainda bastante pela bandeira da janela para nos ser possível
distinguir perfeitamente os menores objetos, ouvimos três pancadas ressoarem em
certo ponto da parede. Era o sinal convencionado. Dirigimos os olhares para
aquele lado e vimos surgir da dita parede, onde nenhuma solução de continuidade
havia, uma forma humana de talhe mediano.
74. A forma aparecia de perfil: a
espádua e a cabeça se mostraram primeiro, depois, gradualmente, todo o corpo se
mostrou. A parte superior se desenhava bem, apresentando nítidos e precisos os
contornos. A parte inferior, mais vaporosa, tinha o aspecto de uma massa confusa.
75. A aparição não caminhava,
deslizava. Tendo atravessado lentamente a sala, a dois passos de nós, foi
enterrar-se e desaparecer na parede oposta, num ponto em que não havia saída
alguma. Pudemos contemplá-la durante cerca de três minutos e nossas impressões,
confrontadas logo após, se revelaram idênticas.
76. O coronel francês L. G., hoje
general, perdera a filha mais velha, de vinte anos de idade, a quem consagrava
terna afeição, por isso que a mocinha, muito séria, renunciava de boa-vontade
às diversões em companhia de suas amigas para compartilhar dos trabalhos de seu
pai, escritor distinto. Sua morte súbita, fulminante, mergulhou em sombrio
desespero o coronel, que me procurou para saber por que meios se poderia
comunicar com a morta querida. Mas todas as suas tentativas por intermédio da
mesa e da escrita só deram resultados insatisfatórios.
77. Pouco a pouco, entretanto,
fenômenos de visão se produziram e, a 25 de janeiro de 1904, ele me escrevia:
“Como complemento de minhas cartas
anteriores, quero, antes de tudo, consignar aqui, por escrito, o que lhe referi
no hotel Nègre-Coste.
Na mesma noite da sua conferência,
achando-me deitado e em completa escuridão, vi primeiramente com a maior
nitidez a figura de minha filha querida, como a vejo habitualmente (e
acrescento – como continuo a vê-la de modo cada vez mais preciso), isto é, uma
figura confusa, de brilhante contorno, com o penteado que lhe era peculiar
destacando-se maravilhosamente no alto da cabeça.
Ora, como essa forma bem-amada
estivesse diante de mim, sentindo-me eu perfeitamente acordado e observando-a
com a maior atenção de que sou capaz, a aparição se transfigurou e tive então,
junto de meu leito, minha filha adorada, tal como nunca a vira melhor enquanto
viva: semblante risonho, alegre, tez brilhante de frescura; era de
impressionar; dela emanava uma espécie de luminosidade; seu rosto fulgurava,
resplandecia.
Desgraçadamente, isto não durou mais
do que cinco a seis segundos, passados os quais divisei novamente a forma
confusa, azulada. Só a fisionomia tinha aparência de vida. Acrescento que antes
observara, perto de meu leito, magnífica estrela azul, de uma luz inimitável, projetando
sobre mim um raio luminoso que me enchia literalmente de claridade.”
78. Na sequência da carta, o então
coronel L. G. informou:
“Há alguns dias, meu sobrinho Roberto
estava de guarda. À meia-noite deixou o corpo da guarda para ir buscar alguma
coisa no seu aposento. Lá chegando, ouviu uma voz bem conhecida que o chamava
distintamente: ‘Roberto! Roberto!’ Ele se encontrava absolutamente só, a porta
estava fechada e àquela hora todos no quartel dormiam. Acresce que seus
camaradas o tratam pelo apelido de família: C..., e nunca pelo primeiro nome. O
único que o trata pelo prenome é Amauri, o noivo de minha filha, e esse, no
momento, estava deitado no aposento que ocupa em minha casa.
Voltando ao corpo da guarda, meu
sobrinho teve a surpresa de ver um cão, que os soldados recolheram e que se
chama ‘Batalhão’, levantar-se sobre as patas traseiras, apoiar as dianteiras
contra a borda de uma cama de campanha e ladrar, com o pelo eriçado, durante
uns dez minutos, fixo o olhar em um só ponto da parede, onde ninguém via coisa
alguma. Não houve meio de fazê-lo calar-se.
Finalmente, ontem à noite, em minha
casa, Amauri estava deitado e tinha consigo na cama uma gata, outrora favorita
da minha cara Ivone. De repente a mesa de cabeceira recebeu uma pancada tão
violenta que a gata saltou da cama. Amauri, que apenas dormitava, abriu os
olhos e viu o quarto cheio de luminosidades, de pontos brilhantes, etc.
Eis a situação em que nos achamos.
Tudo isto não deixa lugar a dúvida alguma, a qualquer suspeita. Tudo se passa
em nossa casa, sem médium estranho, em família. A maior parte das vezes os
fenômenos se produzem espontaneamente.
Chegar-se-á forçosamente à crença na
realidade das manifestações do Além e todo o mundo se admirará um dia de que
elas fossem por tão longo tempo desprezadas e até negadas.”
Respostas às
questões preliminares
A. Como o professor Lombroso descreveu a aparição de sua
própria mãe materializada?
A primeira aparição ocorreu numa
sessão realizada em Gênova, no ano de 1902, com a participação da médium
Eusápia Paladino. A forma materializada apresentava um talhe pequeno, como o da
falecida mãe de Lombroso. O fantasma trazia um véu. Depois de dar uma volta
completa à mesa até chegar perto de Lombroso, ela disse: Cesare, fio mio! Em seguida, a pedido dele, afastou o véu e lhe deu
um beijo. Depois desse dia, como ele próprio declarou em seu livro, ela
reapareceu ainda umas vinte vezes no correr das sessões realizadas com Eusápia.
(O Além e a Sobrevivência do Ser.)
B. Qual é, no tocante aos fenômenos de efeitos físicos, a
objeção favorita apresentada pelos incrédulos?
O fato de tais fenômenos se produzirem
na obscuridade, o que, segundo os críticos, favorece a ocorrência de fraudes.
Léon Denis afirma, no entanto, que a obscuridade é indispensável às chamadas
aparições luminosas, as mais frequentes de todos os fenômenos dessa natureza.
(Obra citada.)
C. Por que a obscuridade é indispensável às sessões de
efeitos físicos?
O motivo é que a luz exerce uma ação
dissolvente sobre os fluidos e grande número de manifestações só na sua
ausência podem ocorrer. Casos, entretanto, houve em que certos Espíritos
puderam aparecer sob os reflexos da luz fosforada. Mas outros se
desmaterializaram em plena luz. Sob os raios de três bicos de gás, viu-se certa
vez Katie King materializada fundir-se pouco a pouco, dissolver-se e
desaparecer. (Obra citada.)
Observação:
Para acessar a 4ª Parte deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/02/o-alem-e-asobrevivencia-do-ser-leon_12.html
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