O Evangelho segundo o Espiritismo
Allan Kardec
Parte 13
Prosseguimos o estudo metódico de “O
Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que
compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril
de 1864.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu,
o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Eis as questões de hoje:
97. A perfeição moral consiste na maceração de nosso corpo?
Não. A perfeição moral não consiste
em macerar o corpo; está toda nas reformas por que fizermos passar o nosso
Espírito. Dobrá-lo, submetê-lo, humilhá-lo, mortificá-lo, eis o meio de
tornarmos nosso Espírito mais dócil à vontade de Deus e o único que nos poderá
levar à perfeição. (O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. XVII, item 11.)
98. Qual é o significado da parábola do festim de
núpcias?
Nessa parábola Jesus compara o
reino dos céus, onde tudo é alegria e ventura, a um festim. Falando dos
primeiros convidados, alude aos hebreus, que foram os primeiros chamados por
Deus ao conhecimento da sua Lei. Os enviados do rei são os profetas que os
vinham exortar a seguir a trilha da verdadeira felicidade; suas palavras,
porém, quase não eram escutadas; suas advertências eram desprezadas; muitos
foram mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que se
escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus negócios,
simbolizam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, se
conservam indiferentes às coisas celestes.
Os hebreus foram os primeiros a
praticar publicamente o monoteísmo; é a eles que Deus transmite sua lei,
primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus. Foi daquele
pequenino foco que partiu a luz destinada a espargir-se pelo mundo inteiro, a
triunfar do paganismo e a dar a Abraão uma posteridade espiritual tão numerosa
quanto as estrelas do firmamento. Entretanto, abandonando de todo a idolatria,
os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil: a prática
do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo; a nação, além de escravizada, era
esfacelada pelas facções e dividida pelas seitas; a incredulidade atingira
mesmo o santuário.
Foi então que apareceu Jesus,
enviado para os chamar à observância da Lei e para lhes rasgar os horizontes
novos da vida futura. Dos primeiros a serem convidados para o grande banquete
da fé universal, eles repeliram a palavra do Messias celeste e o imolaram.
Perderam assim o fruto que teriam colhido da iniciativa que lhes coubera. Fora,
contudo, injusto acusar-se o povo inteiro de tal estado de coisas. A
responsabilidade tocava principalmente aos fariseus e saduceus, que
sacrificaram a nação por efeito do orgulho e do fanatismo de uns e pela
incredulidade dos outros. São, pois, eles, sobretudo, que Jesus identifica nos
convidados que recusam comparecer ao festim das bodas. Depois, acrescenta:
"Vendo isso, o Senhor mandou convidar a todos os que fossem encontrados
nas encruzilhadas, bons e maus". Queria dizer desse modo que a palavra ia
ser pregada a todos os outros povos, pagãos e idólatras, e estes, acolhendo-a,
seriam admitidos ao festim, em lugar dos primeiros convidados. Mas não basta a
ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para
tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição
expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e
cumprir a lei segundo o espírito. Ora, a lei toda se contém nestas palavras:
Fora da caridade não há salvação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra
divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão
poucos se tornam dignos de entrar no reino dos céus! Eis por que disse Jesus:
Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos. (Obra citada,
cap. XVIII, itens 1 e 2.)
99. Podemos considerar discípulos de Jesus as pessoas que
passam os dias em prece, mas não são com isso nem melhores, nem mais caridosos,
nem mais tolerantes?
Não, porquanto, do mesmo modo que
os fariseus, tais pessoas têm a prece nos lábios e não no coração. Pela forma
poderão impor-se aos homens; não, porém, a Deus. Em vão dirão eles a Jesus:
"Senhor! não profetizamos, isto é, não ensinamos em teu nome; não
expulsamos em teu nome os demônios; não comemos e bebemos contigo?" Ele
lhes responderá: "Não sei quem sois; afastai-vos de mim, vós que cometeis
iniquidades, vós que desmentis com os atos o que dizeis com os lábios, que
caluniais o vosso próximo, que espoliais as viúvas e cometeis adultério.
Afastai-vos de mim, vós cujo coração destila ódio e fel, que derramais o sangue
dos vossos irmãos em meu nome, que fazeis corram lágrimas, em vez de secá-las.
Para vós, haverá prantos e ranger de dentes, porquanto o reino de Deus é para
os que são brandos, humildes e caridosos. Não espereis dobrar a justiça do
Senhor pela multiplicidade das vossas palavras e das vossas genuflexões. O
caminho único que vos está aberto, para achardes graça perante ele, é o da
prática sincera da lei de amor e de caridade". (Obra citada, cap. XVIII,
itens 6, 7 e 9.)
100. Qual o significado do ensinamento: "Muito se pedirá
a quem muito foi dado"?
Essas palavras indicam que aquele
que muito sabe tem maior responsabilidade, comparado aos que nada ou pouco
sabem. Nesse sentido, quem quer que conheça os preceitos do Cristo e não os
pratica torna-se, certamente, culpado, porque nada poderá alegar em seu favor
no tribunal da própria consciência. Aos espíritas, pois, muito será pedido,
porque muito hão recebido; mas, em compensação, aos que houverem aproveitado,
muito será dado. (Obra citada, cap. XVIII, itens 10 a 12.)
101. Como se reconhecem os verdadeiros cristãos?
É pelas suas obras que se
reconhecem os verdadeiros cristãos. (Obra citada, cap. XVIII, item 16.)
102. Quais são as montanhas que a fé pode transportar?
As montanhas que a fé transporta
são as dificuldades, as resistências e a má vontade. Os preconceitos da rotina,
o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões
orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho a quem trabalha
pelo progresso da Humanidade. A fé robusta dá a perseverança, a energia e os
recursos que fazem se vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas como nas
grandes. (Obra citada, cap. XIX, itens 1 e 2.)
103. A fé pode auxiliar o processo da cura das enfermidades?
Sim. O poder da fé se demonstra, de
modo direto e especial, na ação magnética; por seu intermédio, o homem atua
sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma
impulsão por assim dizer irresistível, podendo operar esses singulares
fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam
de efeito de uma lei natural. (Obra citada, cap. XIX, item 5.)
104. Como Kardec define fé inabalável?
Do ponto de vista religioso, a fé
consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões.
Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada examinando, a fé cega
aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se
choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Em
assentando no erro, cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na
verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado
que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana.
A fé necessita de uma base, base
que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não
basta ver; é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século.
Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá
nascimento à dúvida.
A fé raciocinada, por se apoiar nos
fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê porque tem
certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se
dobra.
Fé inabalável só o é a que pode
encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. (Obra citada, cap.
XIX, itens 6, 7 e 12.)
Observação:
Para acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/02/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan.html
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