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quinta-feira, 13 de maio de 2021

 



O Céu e o Inferno

 

Allan Kardec

 

Parte 7

 

Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.

Este estudo será publicado sempre às quintas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.

Eis as questões de hoje:

 

49. A perturbação é um fato frequente na transição da vida corporal para a vida espiritual?

Sim. Nessa transição a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações, de modo que ela, a alma, quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro suspiro. Dizemos quase nunca porque há casos em que a alma pode contemplar conscientemente o desprendimento. A perturbação pode ser, pois, considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos, conforme o grau evolutivo do Espírito. (O Céu e o Inferno, Segunda Parte, cap. I, item 6.)

50. Qual é a causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento do Espírito desencarnante? 

A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e aos gozos materiais. Ao contrário, nas almas puras, que antecipadamente se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo. No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo que do Espírito e para o qual a vida espiritual nada significa, nem sequer lhe toca o pensamento, tudo contribui para estreitar os laços materiais e, quando a morte se aproxima, o desprendimento, conquanto se opere gradualmente também, demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes, e outras se agarra ao corpo do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula. (Obra citada, Segunda Parte, cap. I, itens 8 e 9.)

51. Como é a desencarnação do indivíduo muito apegado à vida material? 

Quanto menos vê o Espírito além da vida corporal, tanto mais se lhe apega e, assim, sente que ela lhe foge e quer retê-la; em vez de se abandonar ao movimento que o empolga, resiste com todas as forças e pode mesmo prolongar a luta por dias, semanas e meses inteiros. Nesse momento o Espírito não possui toda a lucidez, visto como a perturbação de muito se antecipou à morte; mas nem por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha e a incerteza do que lhe sucederá agravam-lhe as angústias. Dá-se por fim a morte, e nem por isso está tudo terminado; a perturbação continua, ele sente que vive, mas não define se material, se espiritualmente. E luta, e luta ainda, até que as últimas ligações do perispírito se tenham de todo rompido. A morte pôs termo à moléstia efetiva, porém não lhe sustou as consequências e, enquanto existirem pontos de contacto do perispírito com o corpo, o Espírito ressente-se e sofre com as suas impressões. (Obra citada, Segunda Parte, cap. I, item 10.)

52. Qual é o estado do Espírito logo após a morte corporal? 

O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto maior é o sofrimento quanto mais lento for o desprendimento do perispírito. A presteza desse desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito. Para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo. (Obra citada, Segunda Parte, cap. I, item 13.)

53. Que nos recomenda o Espiritismo para aprimorar nossa alma e reprimir as más tendências trazidas do passado? 

Para que cada qual trabalhe na sua purificação, reprima as más tendências e domine as paixões, preciso se faz que abdique das vantagens imediatas em prol do futuro, visto como, para identificar-se com a vida espiritual, encaminhando para ela todas as aspirações e preferindo-a à vida terrena, não basta crer, mas compreender. Devemos considerar a vida debaixo de um ponto de vista que satisfaça ao mesmo tempo à razão, à lógica, ao bom senso e ao conceito que temos da grandeza, da bondade e da justiça de Deus. Considerado deste ponto de vista, o Espiritismo, pela fé inabalável que proporciona, é, de quantas doutrinas filosóficas que conhecemos, a que exerce mais poderosa influência. (Obra citada, Segunda Parte, cap. I, item 14.)

54. Um único meio existe para abreviar os sofrimentos dos Espíritos recém-desencarnados. Que meio é esse?

O arrependimento é o único meio de abreviar seus sofrimentos. E ele pode ser facilitado por meio da prece sincera, que provoca uma desagregação mais rápida do fluido perispiritual, e da evocação conduzida com sabedoria e prudência, com palavras de benevolência e conforto. Dessa maneira, combate-se o entorpecimento do Espírito, ajudando-o a reconhecer-se mais cedo e incutindo nele, se sofredor, o arrependimento. (Obra citada, Segunda Parte, cap. I, item 15.)

55. Que ocorreu a Sanson nos últimos momentos de sua existência corporal?

O próprio Sanson, em mensagem post mortem, disse ter conservado as ideias até o último instante. Quando já não mais via, pressentia. Toda a sua existência se desdobrou na sua memória e o seu último pensamento, a última prece, foi para que, uma vez no plano espiritual, pudesse comunicar-se mediunicamente. (Obra citada, Segunda Parte - SANSON, cap. II, item I, perguntas 7 e 8.)

56. Como os Espíritos felizes encaram a morte e a felicidade dos homens na Terra?

Eles a encaram sem temor algum. No caso de Sanson, ele se viu cercado de numerosos, bons e fiéis amigos e uma alegria sem par irradiava-lhes do semblante. “O que eu vi não tem nome na linguagem dos homens”, afirmou Sanson. E acrescentou: “Sabei que a felicidade, como vós outros a compreendeis, não passa de uma ficção. Vivei sabiamente, santamente, pela caridade e pelo amor, e tereis feito jus a impressões e delícias que o maior dos poetas não saberia descrever”. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II - SANSON, item I, pergunta 9; e item II, pergunta 8.)

 

Observação: Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/05/blog-post_06.html

 

 

 

 

 

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