O Céu e o Inferno
Allan Kardec
Parte 7
Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.
Este estudo será publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari
passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.
Eis as questões de hoje:
49. A perturbação é um
fato frequente na transição da vida corporal para a vida espiritual?
Sim. Nessa transição a alma experimenta um torpor que paralisa
momentaneamente suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as
sensações, de modo que ela, a alma, quase nunca testemunha conscientemente o
derradeiro suspiro. Dizemos quase nunca porque há casos em que a alma pode
contemplar conscientemente o desprendimento. A perturbação pode ser, pois,
considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo
indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos, conforme o grau
evolutivo do Espírito. (O Céu e o Inferno,
Segunda Parte, cap. I, item 6.)
50. Qual é a causa
principal da maior ou menor facilidade de desprendimento do Espírito
desencarnante?
A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o
estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional
ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem
respeito exclusiva e unicamente à vida e aos gozos materiais. Ao contrário, nas
almas puras, que antecipadamente se identificam com a vida espiritual, o apego
é quase nulo. No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo que do
Espírito e para o qual a vida espiritual nada significa, nem sequer lhe toca o
pensamento, tudo contribui para estreitar os laços materiais e, quando a morte
se aproxima, o desprendimento, conquanto se opere gradualmente também, demanda
contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito,
que às vezes procura romper os elos resistentes, e outras se agarra ao corpo do
qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.
(Obra citada, Segunda Parte, cap. I, itens 8 e 9.)
51. Como é a
desencarnação do indivíduo muito apegado à vida material?
Quanto menos vê o Espírito além da vida corporal, tanto mais se lhe apega
e, assim, sente que ela lhe foge e quer retê-la; em vez de se abandonar ao
movimento que o empolga, resiste com todas as forças e pode mesmo prolongar a
luta por dias, semanas e meses inteiros. Nesse momento o Espírito não possui
toda a lucidez, visto como a perturbação de muito se antecipou à morte; mas nem
por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha e a incerteza do que lhe
sucederá agravam-lhe as angústias. Dá-se por fim a morte, e nem por isso está
tudo terminado; a perturbação continua, ele sente que vive, mas não define se
material, se espiritualmente. E luta, e luta ainda, até que as últimas ligações
do perispírito se tenham de todo rompido. A morte pôs termo à moléstia efetiva,
porém não lhe sustou as consequências e, enquanto existirem pontos de contacto
do perispírito com o corpo, o Espírito ressente-se e sofre com as suas impressões.
(Obra citada, Segunda Parte, cap. I, item 10.)
52. Qual é o estado do
Espírito logo após a morte corporal?
O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto
maior é o sofrimento quanto mais lento for o desprendimento do perispírito. A
presteza desse desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do
Espírito. Para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual
um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo. (Obra citada,
Segunda Parte, cap. I, item 13.)
53. Que nos recomenda o
Espiritismo para aprimorar nossa alma e reprimir as más tendências trazidas do
passado?
Para que cada qual trabalhe na sua purificação, reprima as más tendências
e domine as paixões, preciso se faz que abdique das vantagens imediatas em prol
do futuro, visto como, para identificar-se com a vida espiritual, encaminhando
para ela todas as aspirações e preferindo-a à vida terrena, não basta crer, mas
compreender. Devemos considerar a vida debaixo de um ponto de vista que
satisfaça ao mesmo tempo à razão, à lógica, ao bom senso e ao conceito que
temos da grandeza, da bondade e da justiça de Deus. Considerado deste ponto de
vista, o Espiritismo, pela fé inabalável que proporciona, é, de quantas
doutrinas filosóficas que conhecemos, a que exerce mais poderosa influência. (Obra
citada, Segunda Parte, cap. I, item 14.)
54. Um único meio existe
para abreviar os sofrimentos dos Espíritos recém-desencarnados. Que meio é
esse?
O arrependimento é o único meio de abreviar seus sofrimentos. E ele pode
ser facilitado por meio da prece sincera, que provoca uma desagregação mais
rápida do fluido perispiritual, e da evocação conduzida com sabedoria e
prudência, com palavras de benevolência e conforto. Dessa maneira, combate-se o
entorpecimento do Espírito, ajudando-o a reconhecer-se mais cedo e incutindo
nele, se sofredor, o arrependimento. (Obra citada, Segunda Parte, cap. I, item
15.)
55. Que ocorreu a Sanson
nos últimos momentos de sua existência corporal?
O próprio Sanson, em mensagem post
mortem, disse ter conservado as ideias até o último instante. Quando já não
mais via, pressentia. Toda a sua existência se desdobrou na sua memória e o seu
último pensamento, a última prece, foi para que, uma vez no plano espiritual,
pudesse comunicar-se mediunicamente. (Obra citada, Segunda Parte - SANSON, cap.
II, item I, perguntas 7 e 8.)
56. Como os Espíritos
felizes encaram a morte e a felicidade dos homens na Terra?
Eles a encaram sem temor algum. No caso de Sanson, ele se viu cercado de
numerosos, bons e fiéis amigos e uma alegria sem par irradiava-lhes do
semblante. “O que eu vi não tem nome na linguagem dos homens”, afirmou Sanson.
E acrescentou: “Sabei que a felicidade, como vós outros a compreendeis, não
passa de uma ficção. Vivei sabiamente, santamente, pela caridade e pelo amor, e
tereis feito jus a impressões e delícias que o maior dos poetas não saberia
descrever”. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II - SANSON, item I, pergunta 9;
e item II, pergunta 8.)
Observação: Para
acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/05/blog-post_06.html
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