Marx, Espiritismo e Cristianismo
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Salve, leitores amigos!
Neste tempo de pandemia, como jamais
ocorreu, as ideias cristãs espíritas vêm-se expandindo mundo afora. Então,
creio que chegou a hora de esclarecer certos equívocos cometidos por espíritas
bem-intencionados, mas influenciados por ideologias aprendidas nos meios
acadêmicos ou mesmo por autodidatas.
Como as ideias marxistas têm sido
apoiadas por alguns adeptos espíritas que se autodenominam "espíritas
progressistas" e outros inovadores, certamente bem-intencionados, creio
que seria bom conhecermos o pensamento de Marx sobre a Doutrina Espírita. Segundo João Alberto Vendrani Donha, estão no
Facebook "Imagens e registros históricos do Espiritismo" e
"Allan Kardec.online", dos pesquisadores Carlos Seth Bastos e Adair
Ribeiro, informações de algumas cartas de Karl Marx enviadas a Maurice
Lachâtre, em 11 de fevereiro de 1873, com o conteúdo abaixo:
Quanto à sua última obra, não posso
julgá-la, porque dela só tive um primeiro contato. Mas ela está infestada, como
o Socialismo francês, de sua época, de sentimentalismo. Ela mistura isso ao
Espiritismo que eu detesto (DONHA. Marx e o Espiritismo. In: Blog do
Bruno Tavares, de 23 nov. 2020).
As informações de Donha são bem mais
profundas do que o abordado aqui, e recomendo sua leitura no blog citado. Na
França da época, socialistas e espíritas tinham pontos em comum. Alguns
Espíritos expressam ideias de justiça social, no que têm de afinidade com o
Cristianismo, como Lammenais, Charles Fourier, Eugene Sue e Jean Reynaud. Essas
entidades transmitiram mensagens citadas por Kardec na Revista Espírita.
No século XIX, diversas pessoas espíritas simpatizavam com o Socialismo
francês, chamado "Socialismo utópico", rejeitado por Marx. Uma delas
foi Léon Denis, autor da obra Cristianismo e Espiritismo. Mas entre o
Socialismo francês e o pregado por Marx há grande diferença. O primeiro é
espiritualista; o segundo, materialista.
O articulista do texto, a nosso ver bem
documentado, explica-nos ainda que:
Além de Marx, seu parceiro Engels
também hostiliza o Espiritismo. Com mais acidez ainda. Em sua "Dialética
da Natureza", no último capítulo, depois de discorrer sobre o que
considera a inutilidade da pesquisa psíquica, chega a dizer, citando Huxley,
que o Espiritismo é o maior antídoto contra o suicídio, porque o sujeito vai
preferir varrer a gare da estação a morrer e ser condenado a dar consultas a um
xelim a hora por uma médium.
Ao contrário do que muitos religiosos
cristãos pregam, o Espiritismo não rejeita a revelação bíblica. Kardec
demonstra, mesmo, no capítulo primeiro d'O Evangelho Segundo o Espiritismo,
que Deus enviou à humanidade três revelações: a primeira está simbolizada em
Moisés, o que não exclui tudo o que nos é revelado no Antigo Testamento; embora
Jesus, o portador da segunda revelação, tenha dito que "A lei e os
profetas duraram até João [...]" (Lucas, 16:16); e o Espiritismo,
que não é obra de uma cabeça e, sim, dos Espíritos, sob a coordenação e
supervisão do Cristo, é mais cristão do que muitos dos que comercializam a
religião, pois sua máxima é a caridade como principal virtude a ser observada
por todos nós, a quem o próprio Cristo chamou de irmãos e filhos de Deus.
Quanto às ideias de Marx, são
contrárias à religião, e nelas predomina a concepção ateia e materialista,
defendida por ele, Engels e seus seguidores. Não há, portanto, a nosso ver,
compatibilidade entre o Espiritismo e o Materialismo marxista, desde suas
origens. O primeiro, revelação divina; o segundo, concepção humana que, seguida
à risca, leva à destruição da sociedade.
Lamentavelmente, porém, diz Allan
Kardec que o Espiritismo tem entre os seus inimigos, além dos materialistas, os
próprios religiosos contrários às suas ideias, que não se fundam em teorias
humanas, mas na revelação dos Espíritos emissários do Cristo.
Segundo
afirmam alguns estudiosos das religiões cristãs, entre outras infâmias, foram
os adeptos do Espiritismo que adotaram o Cristianismo como crença para
escaparem das perseguições da Igreja. Puro desconhecimento do que seja o
Espiritismo, ou má-fé. Todos eles são refutados pela Doutrina Espírita, que nos
esclarece ter sido o próprio Cristo que a prometera aos seus apóstolos e,
simbolicamente, à humanidade, como lemos nos capítulos 14 e 16 do Evangelho
escrito por João. E, no capítulo sexto d'O Evangelho Segundo o Espiritismo,
é ele mesmo, Jesus que, por meio de seu emissário espiritual, O Espírito de
Verdade, nos confirma essa condição em quatro mensagens.
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