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quarta-feira, 14 de julho de 2021

 


Ação e Reação

 

André Luiz

 

Parte 10

 

Estamos publicando neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo de onze livros de André Luiz, psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier, integrantes da chamada Série Nosso Lar.

Concluído o estudo dos oito primeiros livros da Série, damos prosseguimento ao estudo da nona obra: Ação e Reação, publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado do livro, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, sugerimos que clique em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#AND e, em seguida, no verbete “Ação e Reação".

Eis as questões de hoje:

 

73. Qual a história de Sabino, o anão paralítico que, além da paralisia, enfrentava a prova da idiotia e da surdez?

Sabino ostentara o título de Barão em sua última existência, em que se desvairou calamitosamente nas trevas da delinquência e da vaidade. Sangue e lágrimas estiveram presentes na construção da fortuna por ele amealhada e nos seus projetos de dominação política. Embora fosse apenas um anão idiota, surdo e mudo, tratava-se, disse Silas, de um prisioneiro ainda perigoso, engaiolado nos ossos físicos, de cuja tessitura, por agora, não tinha qualquer noção. Sobre ele, Silas disse ainda: "Nosso pobre companheiro, deploravelmente tombado, praticou numerosos delitos na Terra e no Plano Espiritual e, há mais de mil anos, vem sucumbindo, vaidoso e desprevenido, às garras da criminalidade... De existência a existência, não soube senão consumir os recursos do campo físico, tumultuando as paisagens sociais em que o Senhor lhe concedeu viver. Calamidades diversas, como sejam homicídios, rebeliões, extorsões, calúnias, falências, suicídios, abortos e obsessões foram por ele provocados, desde muitos séculos, porquanto nada viu à frente dos olhos senão o seu egoísmo a saciar... Entre o berço e o túmulo, é o desatino incessante, e, do túmulo para o berço, é a maldade fria e inconsequente, apesar das intercessões de amigos abnegados..." (Ação e Reação, cap. 13, pp. 181 e 182.)

74. Por que Poliana assumiu a tarefa de ajudar na recuperação de Sabino?

O fato tinha sua origem nos desmandos cometidos no passado, em que Poliana lhe fora parceira em diversas jornadas nas quais Sabino cristalizou-se como infeliz empresário do crime. Ela, que o ajudou nas sucessivas quedas, fora erigida então à posição de enfermeira material do seu longo infortúnio. "Poliana – explicou Silas –, a companheira fútil e transviada do bem, que habitualmente escolheu para si a condição de boneca do prazer delituoso, acordou, além-túmulo, para as realidades da vida, antes dele... Despertou e sofreu muito, aceitando a tarefa de auxiliá-lo na recuperação em que, por certo, despenderão muito tempo ainda..." (Obra citada, cap. 13, pp. 183 e 184.)

75. A mente de Sabino trabalhava em circuito fechado, isto é, ele pensava constantemente em função de si mesmo. Por que isso?

É verdade. No campo perispiritual do anão ensimesmado, André observou, através da sua aura verde-trevosa, que todas as energias dos seus fulcros vibratórios refluíam sobre os pontos de origem, dando a impressão de que Sabino estava enovelado inteiramente em si mesmo, à maneira da lagarta ilhada no casulo. Silas disse que Sabino – até que se amadurecesse em espírito para a renovação necessária – guardaria a mente trabalhando em circuito fechado, pensando constantemente para si mesmo, incapaz da permuta de vibrações com os semelhantes, com exceção de Poliana. Ele jazia em processo de hibernação espiritual, a benefício da comunidade de Espíritos desencarnados e encarnados. Desfrutava, assim, uma pausa na luta, como ensaio de esquecimento, a fim de que no futuro pudesse encarar os compromissos assumidos, promovendo-lhes solução digna nos séculos próximos, a golpes de férrea vontade na renunciação de si mesmo. (Obra citada, cap. 13, pp. 183 e 184.)

76. Antes de sua hibernação, que ocorreu a Sabino no plano espiritual?

Lembremos que Sabino era um caso excepcional de rebeldia e delinquência sistemáticas, em cujas sombras, um dia, sentiu baquearem-se suas forças. O remorso, então, feriu-lhe o coração como uma bala mortífera atinge um tigre solto. A prece fulgurou-lhe na consciência e, antes que sua nova atitude provocasse reações e vinditas soezes, entre os que lhe seguiam os passos na rota perversa, recolheram-no à Mansão. Aí ele foi magnetizado, caindo em hipnose de longo curso, sendo recebido mais tarde pelo carinho de Poliana, então segregada em campo de regeneração pelo sacrifício. Eram tantas as ligações de Sabino no plano infernal que, por mercê de Jesus, foi ele ocultado provisoriamente naquele corpo monstruoso, no qual, além de incomunicável, fazia-se irreconhecível, em favor dele próprio. (Obra citada, cap. 13, pp. 184 e 185.)

77. Como Silas impediu que Ildeu, com a arma na mão, matasse a própria esposa?

Silas, ao ver a cena, chamou a pequena Márcia, filha de Ildeu, então desprendida do corpo físico em razão do sono corpóreo. A criança, ao ver a cena, experimentou tremendo choque e retornou, de pronto, ao corpo físico, bradando, desvairada, como quem se furtasse ao domínio de asfixiante pesadelo: "Papai!... Paizinho! Não mate! Não mate!..." Os gritos da menina ecoaram em toda a casa, provocando alarido. A esposa, num átimo, pôs-se de pé, surpreendendo o marido ao pé da filha, e, junto deles, o revólver. Incapaz de suspeitar das intenções dele, ela recolheu a arma e, pensando que ele pretendera suicidar-se, implorou em pranto: "Oh! Ildeu, não te mates! Jesus é testemunha de que tenho cumprido retamente todos os meus deveres... (...) Procede como quiseres, mas não te despenhes no suicídio”. (Obra citada, cap. 14, pp. 190 a 193.)

78. Que razões levaram Silas a apoiar o divórcio entre Marcela e Ildeu?

Explicando suas razões a André Luiz, Silas lembrou inicialmente a passagem evangélica em que Jesus afirma que o divórcio na Terra é permitido a nós outros pela dureza dos nossos corações. No caso em tela, o divórcio era compreensível como providência contra o crime, seja ele o assassínio ou o suicídio. Evidentemente, a separação não soluciona o problema da redenção, porque ninguém se reúne no casamento humano sem o vínculo do passado, e esse vínculo quase sempre significa débito ou compromisso vivo no tempo. Desse modo, o divórcio não os liberaria da dívida em que se achavam incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo fosse oportuno. (Obra citada, cap. 14, pp. 194 a 196.)

79. Por que Ildeu tinha aversão por seu próprio filho?

Ildeu e Marcela já haviam sido casados numa anterior existência em que também fracassaram. Com o amparo de Abnegados Benfeitores, o casal regressou à Terra para o doloroso resgate, com Ildeu à frente das responsabilidades, por ter maiores culpas, tendo Marcela, que concordou em auxiliá-lo, na condição de esposa. O filho Roberto era o ex-companheiro de Marcela que, por ciúme, Ildeu havia assassinado. As meninas Sônia e Márcia eram as duas irmãs que Ildeu havia arrojado ao vício e à delinquência. Ildeu, como se via, continuava displicente e surdo aos avisos da vida, a buscar a suposta felicidade fora do lar, desprezando novamente a esposa, querendo estremecidamente às filhas e mantendo instintiva aversão pelo filho, seu rival e vítima na anterior existência. (Obra citada, cap. 14, pp. 196 e 197.)

80. Se Ildeu não amava Marcela, por que a desposou?

Nossa afetividade terrestre, quando na primavera dos primeiros sonhos da experiência física, pode ser um conjunto de estados mentais, consubstanciando simplesmente os nossos desejos, mas nossos desejos se alteram todos os dias. Nas uniões matrimoniais o que ocorre muitas vezes é o imperativo da recapitulação. Em determinada idade física, o homem e a mulher, com a supervisão da Lei que nos governa os destinos, encontram as pessoas e as situações de que necessitam para superarem as provas do caminho, provas indispensáveis ao burilamento espiritual de que não prescindem para a justa ascensão às Esferas Mais Altas. Assim é que somos atraídos por determinadas almas e por determinadas questões, nem sempre porque as estimemos em sentido profundo, mas sim porque o passado a elas nos reúne, a fim de que por elas e com elas venhamos a adquirir a experiência necessária à assimilação do verdadeiro amor e da verdadeira sabedoria. É por isso que a maioria dos consórcios humanos, por enquanto, constituem ligações de aprendizado e sacrifício, em que, muitas vezes, as criaturas se querem mutuamente e mutuamente sofrem pavorosos conflitos na convivência umas das outras. Nesses embates, alinham-se os recursos da redenção. (Obra citada, cap. 14, pp. 197 e 198.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/acao-e-reacao-andre-luiz-parte-9.html

 

 


 

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