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domingo, 26 de setembro de 2021

 



Por que nascemos e que viemos fazer aqui?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Em seu livro Socialismo e Espiritismo, obra publicada pela Casa Editora O Clarim, Léon Denis diz que a solução dos graves problemas que assolam nosso mundo passa por um processo educativo que explique ao homem o porquê de sua presença e de sua passagem sobre a Terra. Com efeito – observa Denis –, de que serve ao homem conquistar os ares, as águas e todas as forças materiais, se ele não aprende a conhecer e a discernir as finalidades de sua vida?

O objetivo da reencarnação dos Espíritos em planetas como o nosso é algo bem definido na doutrina codificada por Allan Kardec.

O Codificador do Espiritismo perguntou aos imortais: – Qual a finalidade da encarnação dos Espíritos?

Eles responderam: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (O Livro dos Espíritos, questão 132.)

Em outro momento, Kardec indagou: – Como pode a alma acabar de se depurar? Os orientadores espirituais responderam: "Submetendo-se à prova de uma nova existência."

A finalidade da reencarnação é, pois: "Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?" (O Livro dos Espíritos, 166 e 167.) 

Algum tempo depois, em 1863, em um artigo publicado na Revue Spirite, Kardec examinou a tese de que os Espíritos não teriam sido criados para se encarnarem. A encarnação não seria senão o resultado de uma falta, pensamento esse que seria mais tarde defendido, equivocadamente, na obra Os Quatro Evangelhos, publicada por Jean-Baptiste Roustaing.

O Espiritismo, porém, ensina-nos o contrário, ou seja, a encarnação é uma necessidade para o progresso do Espírito e do próprio planeta em que ele vive, e não uma forma de castigo. Comunicação obtida em 1864 na Sociedade Espírita de Sens diz que a reencarnação é fator indispensável ao progresso espiritual, à qual Kardec acrescenta que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para o melhoramento do mundo em que habita. 

Na mesma época, em Paris, o tema foi focalizado por outro Espírito, que explicou que a reencarnação é necessária enquanto a matéria dominar o Espírito. Do momento em que o Espírito passa a dominar a matéria, a reencarnação não se torna mais necessária; é o estado dos chamados Espíritos puros. O texto pode ser visto na Revue Spirite de 1864, pp. 48 a 50.

Desta última comunicação destacamos os ensinamentos seguintes:

I) À medida que as sensações corporais do homem se tornam mais requintadas, suas sensações espirituais também despertam e crescem.

II) Sendo os fluidos os agentes que põem em movimento o nosso corpo, são eles os elementos de nossas aspirações, pois existem fluidos corpóreos e fluidos espirituais.

III) Esses fluidos compõem o corpo espiritual do Espírito que, uma vez encarnado, age por meio deles sobre a máquina humana, que ele deve aperfeiçoar.

IV) O Espírito possui livre-arbítrio e procura sempre o que lhe é agradável e satisfaz. Se for um Espírito inferior e material, busca suas satisfações na materialidade e dá, assim, um impulso aos fluidos materiais.

V) Como necessita de depuração e esta só é alcançada pelo trabalho, as encarnações escolhidas lhe são mais penosas, porque – depois de haver dado supremacia à matéria e a seus fluidos – deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la.  

Comentando a mensagem, Kardec explica-nos que, considerada do ponto de vista do progresso, a vida dos Espíritos apresenta, assim, três períodos principais:

1) O período material, no qual a influência da matéria domina a do Espírito.

2) O período do equilíbrio, no qual ambas as influências se exercem simultaneamente.

3) O período espiritual, no qual, tendo dominado completamente a matéria, o Espírito não mais necessita da encarnação e seu trabalho passa a ser inteiramente espiritual; é o estado dos Espíritos nos mundos superiores.

Muitas décadas depois da codificação da doutrina espírita, reafirmando a necessidade do processo reencarnatório, Emmanuel diz-nos em seu livro O Consolador, questão 96, que a reencarnação representa, em si mesma, uma estação de tratamento e de cura de certas enfermidades d’alma, às vezes tão persistentes que podem reclamar várias estações sucessivas, com a mesma intensidade nos processos regeneradores. 

E é exatamente isso que nos mostram as trovas seguintes, escritas por diferentes poetas, que o leitor verá no cap. 4 do livro Na Era do Espírito, obra publicada em parceria por Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires:

 

"Para quem sofre no Além

Sob a culpa em choro inglório

O regresso ao lar terrestre

É a bênção do purgatório" (Oscar Leal)

 

"Não adianta fugir

Do débito que se atrasa,

Reencarnação chega logo

Cobrando dentro de casa" (Cornélio Pires)

 

"Quando um sábio das Alturas

Necessita reencarnar

Ninguém consegue impedir

Nem adianta evitar" (Casimiro Cunha)

 

"De quaisquer provas na Terra

A que mais amansa a gente:

Inimigo reencarnado

Sob a forma de parente" (Lulu Parola)

 

 

 

 

 

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