Por que nascemos e que viemos fazer aqui?
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Em
seu livro Socialismo e Espiritismo,
obra publicada pela Casa Editora O Clarim, Léon Denis diz que a solução dos
graves problemas que assolam nosso mundo passa por um processo educativo que
explique ao homem o porquê de sua presença e de sua passagem sobre a Terra. Com
efeito – observa Denis –, de que serve ao homem conquistar os ares, as águas e
todas as forças materiais, se ele não aprende a conhecer e a discernir as
finalidades de sua vida?
O
objetivo da reencarnação dos Espíritos em planetas como o nosso é algo bem
definido na doutrina codificada por Allan Kardec.
O
Codificador do Espiritismo perguntou aos imortais: – Qual a finalidade da
encarnação dos Espíritos?
Eles
responderam: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à
perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa
perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é
que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em
condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la
é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria
essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens
de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (O Livro dos Espíritos, questão 132.)
Em
outro momento, Kardec indagou: – Como pode a alma acabar de se depurar? Os
orientadores espirituais responderam: "Submetendo-se à prova de uma nova
existência."
A
finalidade da reencarnação é, pois: "Expiação, melhoramento progressivo da
Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?" (O Livro dos Espíritos, 166 e 167.)
Algum
tempo depois, em 1863, em um artigo publicado na Revue Spirite, Kardec examinou a tese de que os Espíritos não
teriam sido criados para se encarnarem. A encarnação não seria senão o
resultado de uma falta, pensamento esse que seria mais tarde defendido,
equivocadamente, na obra Os Quatro
Evangelhos, publicada por Jean-Baptiste Roustaing.
O
Espiritismo, porém, ensina-nos o contrário, ou seja, a encarnação é uma
necessidade para o progresso do Espírito e do próprio planeta em que ele vive,
e não uma forma de castigo. Comunicação obtida em 1864 na Sociedade Espírita de
Sens diz que a reencarnação é fator indispensável ao progresso espiritual, à
qual Kardec acrescenta que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado
trabalha para o melhoramento do mundo em que habita.
Na
mesma época, em Paris, o tema foi focalizado por outro Espírito, que explicou
que a reencarnação é necessária enquanto a matéria dominar o Espírito. Do
momento em que o Espírito passa a dominar a matéria, a reencarnação não se
torna mais necessária; é o estado dos chamados Espíritos puros. O texto pode
ser visto na Revue Spirite de 1864, pp. 48 a 50.
Desta
última comunicação destacamos os ensinamentos seguintes:
I)
À medida que as sensações corporais do homem se tornam mais requintadas, suas
sensações espirituais também despertam e crescem.
II)
Sendo os fluidos os agentes que põem em movimento o nosso corpo, são eles os
elementos de nossas aspirações, pois existem fluidos corpóreos e fluidos
espirituais.
III)
Esses fluidos compõem o corpo espiritual do Espírito que, uma vez encarnado,
age por meio deles sobre a máquina humana, que ele deve aperfeiçoar.
IV)
O Espírito possui livre-arbítrio e procura sempre o que lhe é agradável e
satisfaz. Se for um Espírito inferior e material, busca suas satisfações na
materialidade e dá, assim, um impulso aos fluidos materiais.
V)
Como necessita de depuração e esta só é alcançada pelo trabalho, as encarnações
escolhidas lhe são mais penosas, porque – depois de haver dado supremacia à
matéria e a seus fluidos – deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la.
Comentando
a mensagem, Kardec explica-nos que, considerada do ponto de vista do progresso,
a vida dos Espíritos apresenta, assim, três períodos principais:
1)
O período material, no qual a influência da matéria domina a do Espírito.
2)
O período do equilíbrio, no qual ambas as influências se exercem
simultaneamente.
3)
O período espiritual, no qual, tendo dominado completamente a matéria, o
Espírito não mais necessita da encarnação e seu trabalho passa a ser
inteiramente espiritual; é o estado dos Espíritos nos mundos superiores.
Muitas
décadas depois da codificação da doutrina espírita, reafirmando a necessidade
do processo reencarnatório, Emmanuel diz-nos em seu livro O Consolador, questão 96, que a reencarnação representa, em si
mesma, uma estação de tratamento e de cura de certas enfermidades d’alma, às
vezes tão persistentes que podem reclamar várias estações sucessivas, com a
mesma intensidade nos processos regeneradores.
E
é exatamente isso que nos mostram as trovas seguintes, escritas por diferentes
poetas, que o leitor verá no cap. 4 do livro Na Era do Espírito, obra publicada em parceria por Francisco
Cândido Xavier e J. Herculano Pires:
"Para
quem sofre no Além
Sob
a culpa em choro inglório
O
regresso ao lar terrestre
É
a bênção do purgatório" (Oscar Leal)
"Não
adianta fugir
Do
débito que se atrasa,
Reencarnação
chega logo
Cobrando
dentro de casa" (Cornélio Pires)
"Quando
um sábio das Alturas
Necessita
reencarnar
Ninguém
consegue impedir
Nem
adianta evitar" (Casimiro Cunha)
"De
quaisquer provas na Terra
A
que mais amansa a gente:
Inimigo
reencarnado
Sob
a forma de parente" (Lulu Parola)
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Muito esclarecedor.
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