As provas existem para serem superadas e
assimiladas
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Assuntos dos mais frequentes nas perguntas que temos recebido, as provas e as expiações, conquanto diferentes quanto às suas causas, têm igualmente
importante valor educativo.
Provas,
como os espíritas sabem, são desafios, testes, oportunidades de aquisição de
experiência, dificuldades que nenhuma relação têm com equívocos ou erros
cometidos no passado.
Riqueza,
beleza, mesa farta, vida fácil, tanto quanto pobreza, feiura, vida difícil são
provas. Sua existência está intimamente ligada à necessidade que os Espíritos
têm de progredir, rumo à meta que Deus assinalou para todos nós, que é a
perfeição.
Ensina
o Espiritismo que os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria e que
todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Essa
melhora se efetua por meio da reencarnação. A existência corpórea é, pois, uma
prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a perfeição
moral.
No
livro O Céu e Inferno, Kardec inseriu
um importante depoimento sobre o que realmente representam as provas em nossa
vida. O depoimento foi dado pelo Espírito de Paula, que havia sido condessa em
sua última encarnação. Bela, jovem, rica e de estirpe ilustre, Paula – que
faleceu aos 36 anos de idade – era também perfeito modelo de qualidades
intelectuais e morais.
Eis
um trecho da mensagem assinada por esse Espírito:
“Em várias existências
passei por provas de trabalho e miséria que voluntariamente havia escolhido
para fortalecer e depurar o meu Espírito; dessas provas tive a dita de
triunfar, vindo a faltar, no entanto, uma, porventura de todas a mais perigosa:
a da fortuna e bem-estar materiais, um bem-estar sem sombras de desgosto. Nessa
consistia o perigo. E antes de o tentar, eu quis sentir-me assaz forte para não
sucumbir. Deus, tendo em vista as minhas boas intenções, concedeu-me a graça do
seu auxílio.
Muitos Espíritos há
que, seduzidos por aparências, pressurosos escolhem essa prova, mas, fracos
para afrontar-lhe os perigos, deixam que as seduções do mundo triunfem da sua
inexperiência.
Trabalhadores! estou
nas vossas fileiras: eu, a dama nobre, ganhei como vós o pão com o suor do meu
rosto; saturei-me de privações, sofri reveses e foi isso que me retemperou as
forças da alma; do contrário eu teria falido na última prova, o que me teria
deixado para trás, na minha carreira.
Como eu, também vós
tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E
vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna
imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis
alcançar os benefícios do Todo-Poderoso.” (O
Céu e Inferno, 2ª Parte, cap. II.)
*
A
expiação tem causas diferentes, pois decorre de faltas cometidas pelo Espírito
em ocasiões diversas, parte delas na existência atual e a maioria em
precedentes existências.
Segundo
os ensinamentos espíritas, a expiação se cumpre durante a existência corpórea
por meio das dificuldades ou vicissitudes a que o Espírito se acha submetido e,
na vida espiritual, pelos sofrimentos morais inerentes ao estado de
inferioridade do Espírito. Assim é que o mau rico, por expiação, poderá vir a
ter de pedir esmola e se verá a braços com todas as privações oriundas da
miséria; o orgulhoso, com todas as humilhações; o que abusa de sua autoridade e
trata com desprezo e dureza seus subordinados se verá forçado a obedecer a um
superior mais ríspido do que ele o foi.
De
conformidade com o que aprendemos na doutrina espírita, sabemos que Deus jamais
apressa a expiação e só a impõe ao Espírito que, pela sua inferioridade ou má vontade,
não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil e quando tal fato
for realmente útil para sua purificação e progresso.
Quando
um Espírito enfrenta e supera uma adversidade, seja ela decorrente de prova,
seja decorrente de expiação, ele avança um pouco mais na senda da evolução, ao
mesmo tempo em que assimila a lição daí decorrente.
As
provas escolares dão-nos uma boa imagem acerca do valor das provas que a vida
nos oferece. Se o aluno se sai bem e alcança a nota desejada, ele sobe para o
grau ou série seguinte, até que após algum tempo, concluído o processo, ele
recebe o certificado ou diploma que atesta a conclusão do curso.
Devemos
compreender, assim, que as provas não foram criadas por Deus para nos abater,
mas para serem superadas e assimiladas, e nada têm que ver com castigo ou com
punição, porque tais palavras não fazem parte do vocabulário de Deus.
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