Os nossos ancestrais e o Espiritismo
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Segundo
o que foi amplamente divulgado algum tempo atrás, as semelhanças entre o genoma
do homem e o do chimpanzé são de 96%, fato que tem levado vários cientistas à
conclusão de que o homem e o chimpanzé tiveram um ancestral comum que teria
vivido na Terra há 6 milhões de anos.
Que
nos diz o Espiritismo a respeito do assunto?
Ao
tratar do surgimento do homem na Terra, Allan Kardec escreveu no cap. XI de sua
última obra, A Gênese, que, em face
da semelhança existente entre o corpo do homem e o do macaco, alguns
fisiologistas de seu tempo concluíram que o primeiro seria apenas uma
transformação do segundo.
Comentando
o assunto, Kardec observou:
“Bem
pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros
Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na
Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais
adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro
animal.”
E
concluiu:
“Em
vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já
pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano,
como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser
homem.”
O
codificador da doutrina espírita deixou, porém, bem claro que assim escrevia
por hipótese, de modo nenhum posta como princípio, mas formulada apenas para
mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser
principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica
paridade entre sua alma e a alma do macaco.
Concluindo
seu comentário, Kardec disse que é provável que os primeiros homens aparecidos
na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela
inteligência. “Em nossos dias – acrescentou – ainda há selvagens que, pelo
comprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, têm tanta
parecença com o macaco, que só lhes falta ser peludos, para se tornar completa
a semelhança.”
Em
1938, setenta anos depois da publicação de A
Gênese, Emmanuel trouxe informações novas ao entendimento do assunto.
Resumidamente,
asseverou o então mentor espiritual de Chico Xavier em seu livro A Caminho da Luz, psicografado pelo
citado médium, que os primeiros antepassados do homem remontam ao período
terciário, onde se encontravam, sob a orientação das esferas espirituais,
algumas raças de antropoides, no Plioceno inferior.
Esses
antropoides e os ascendentes dos símios tiveram sua evolução em pontos
convergentes, daí os parentescos sorológicos entre o organismo do homem moderno
e o do chimpanzé. Mas não houve, propriamente falando, uma "descida da
árvore", no início da evolução humana. As forças espirituais que dirigem
os fenômenos terrestres, sob a orientação de Jesus, estabeleceram uma linhagem
definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio espiritual
encontraria o processo do seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade.
Os
antropoides das cavernas espalharam-se, aos grupos, pela superfície do globo,
ao longo dos séculos, sofrendo as influências do meio e formando os pródromos
das raças futuras. Extraordinárias experiências foram realizadas então pelos
mensageiros do invisível, até fixarem no "primata" os característicos
aproximados do homem futuro.
Os
séculos correram, até que um dia os Espíritos operaram uma definitiva transição
no corpo perispiritual preexistente dos homens primitivos, surgindo assim os
primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos
futuros.
Estas
informações trazidas por Emmanuel não fazem, evidentemente, parte do corpo
doutrinário do Espiritismo, pelo simples fato de serem revelações singulares,
mas é bom considerá-las com a devida atenção, em respeito ao seu autor e à
idoneidade do médium utilizado, cabendo, todavia, ao tempo – e somente ao tempo
– confirmá-las ou desmenti-las.
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