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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

 



Revista Espírita de 1858

 

Allan Kardec

 

Parte 3

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1858, periódico lançado por Allan Kardec em janeiro de 1858 e por ele editado de 1858 a março de 1869, quando desencarnou.

O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Cada parte do estudo, apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que diz a Revista Espírita sobre o planeta Júpiter?

B. Que é que Mehemet-Ali, ex-paxá e considerado o verdadeiro criador do Egito moderno, disse sobre Maomé?

C. É lento ou rápido o desprendimento da alma depois da morte do corpo?

D. Que diz São Luís a respeito do orgulho?

 

Texto para leitura

 

66. Aludindo à doutrina druídica, Kardec diz não ter dúvida sobre a antiguidade e a universalidade da doutrina dos Espíritos, cujos traços podem ser encontrados por toda a parte. (P. 99)

67. Para os druidas não existe o inferno. A distribuição dos castigos efetua-se no círculo das migrações, pela ligação das almas em condições de existência mais ou menos infelizes, onde expiam suas faltas pelo sofrimento e se dispõem, pela reforma de seus vícios, a um futuro melhor. (P. 105)

68. Segundo o Druidismo, a alma eleva-se na escala das existências, com a condição de, pelo trabalho sobre si mesma, fortificar a própria personalidade. (P. 109)

69. Bernard Palissy, que foi célebre oleiro no século XVI, descreve o planeta Júpiter, onde se encontrava atualmente reencarnado. (P. 113)

70. A temperatura em Júpiter é suave e temperada, a água é mais etérea e uma espécie de luz espiritual é que ilumina o planeta. (P. 114)

71. A conformação física de seus habitantes é igual à nossa, mas a base da alimentação é puramente vegetal. (PP. 114 e 115)

72. A existência física em Júpiter equivale, em média, a cinco séculos. (P. 115)

73. As principais ocupações dos homens de Júpiter são o encorajamento dos Espíritos que habitam os mundos inferiores, a fim de que perseverem no bom caminho. Não havendo entre eles infortúnios a serem aliviados, vão procurá-los onde esses existem. (P. 115)

74. Os habitantes de Júpiter pertencem todos à segunda ordem: todos são bons, mas uns são mais adiantados que outros na perfeição. (PP. 117 e 118)

75. Mehemet-Ali, paxá do Egito em 1805, considerado o verdadeiro criador do Egito moderno, é evocado e dá informações curiosas, como seu pensamento sobre Jesus e Maomé: "a religião cristã eleva a alma; a maometana apenas fala à matéria". (P. 120)

76. Maomé tinha uma missão divina, mas a desvirtuou: "Qual o povo que foi regenerado por Maomé? A religião cristã saiu pura das mãos de Deus; a maometana é obra de um homem". (P. 120)

77. Conta ele que os sacerdotes do antigo Egito conheciam a doutrina espírita e recebiam manifestações. Moisés foi iniciado por eles. (P. 121)

78. O antigo paxá diz lembrar-se de suas vidas anteriores, tendo vivido três vezes no Egito: como sacerdote, como mendigo e como príncipe. (P. 121)

79. Kardec, em outro artigo sobre o médium Daniel Dunglas Home, narra o caso da aparição de três mãos, que apertam as mãos das pessoas e se dissolvem. (P. 123)

80. A mão que aparece também pode escrever. Algumas vezes ela para no meio da mesa, toma um lápis e traça as letras num papel já preparado. Na maioria das vezes, porém, ela leva o papel para debaixo da mesa e o devolve todo escrito. Se a mão fica invisível, a escrita parece produzir-se por si mesma. (P. 124)

81. Kardec explica o fenômeno dos instrumentos de música que tocam, pela tangibilidade dos dedos da mão, que assim podem pressionar as teclas. (N.R.: A explicação de Kardec é um equívoco por ele mesmo corrigido logo depois.) (P. 124)

82. O médium Home é vítima de boatos e da maledicência. Um diz que ele não partiu para a Itália, mas está preso em Mazas, sob o peso de graves acusações. Kardec, de posse de várias cartas de Home, datadas de Pisa, Roma e Nápoles, desmente os boateiros. (P. 125)

83. A Revista Espírita mostra como os adversários do Espiritismo manipulam as notícias: "A Gazette des Hôpitaux diz que estão internados no hospital de alienados de Zurique 25 pessoas que perderam a razão graças às mesas girantes e aos Espíritos batedores". Kardec comenta o fato. (PP. 125 e 126)

84. A ideia que fazemos da natureza dos Espíritos torna à primeira vista incompreensíveis as manifestações físicas. Pensa-se que o Espírito é a ausência completa da matéria. Ora, isso é errado. (P. 127)

85. Há em nós duas espécies de matéria: uma grosseira, que constitui o corpo exterior; a outra sutil e indestrutível: o perispírito. (P. 128)

86. Os laços que unem alma e corpo não se rompem de súbito pela morte. A duração desse desprendimento varia conforme os indivíduos. Em alguns, opera-se em três ou quatro dias, ao passo que noutros não se completa senão ao cabo de vários meses. (P. 129)

87. O envoltório semimaterial do Espírito, ou perispírito, é suficientemente sutil para escapar à nossa vista em seu estado normal e essa sutileza lhe permite atravessar os corpos sólidos e as paredes. (P. 129)

88. Nota-se que nos fenômenos de aparição a mão que aparece é parte de um ser completo, e a prova disso é que deixa impressões das partes invisíveis, como os dentes. (P. 130)

89. Em 1852, em Bergzabern, na Baviera renana, nas cercanias de Spira, ocorreram fenômenos de raps, que se prolongaram por muitos meses, na casa do alfaiate Pedro Sanger, e foram registrados pelo jornal da cidade. (PP. 131 e 132)

90. Tudo indicava que a médium era a filha de Pedro Sanger, então uma menina de 12 anos de idade. (P. 132)

91. Para fazer cessar a suspeita, a menina foi levada para uma casa estranha. Bastou chegar lá, ouviram-se as batidas e arranhaduras. Ela foi conduzida então ao Dr. Bentner e desde então cessou o barulho em casa da família Sanger, passando a produzir-se na do Dr. Bentner. (P. 135)

92. São Luís escreve sobre o orgulho, que é, para ele, semelhante ao joio que afoga o bom grão. "Quem se julga mais que seu irmão é insensato. Sábio é o que trabalha por si mesmo, como o humilde em seu campo, sem se envaidecer de sua obra." (P. 137)

93. "Soberbo, humilha-te; porque a mão do Senhor curvará o teu orgulho até a poeira! Tuas riquezas e tuas grandezas, vaidades do nada, escaparão de tuas mãos quando vier o grande dia. Não levarás de tuas riquezas mais que as tábuas do esquife; e os títulos gravados na lápide funerária serão palavras vazias de sentido." (P. 138)

94. São Luís responde a quatro perguntas de Kardec a respeito da avareza. As três primeiras deram origem às perguntas 899 a 901 d' O Livro dos Espíritos e são idênticas às do livro:

- Qual o mais culpado de dois homens ricos que empregam exclusivamente em gozos pessoais suas riquezas, tendo um nascido na opulência e desconhecido sempre a necessidade, devendo o outro ao seu trabalho os bens que possui? “Aquele que conheceu os sofrimentos, porque sabe o que é sofrer. A dor, a que nenhum alívio procura dar, ele a conhece; porém, como frequentemente sucede, já dela se não lembra.”

- Aquele que incessantemente acumula haveres, sem fazer o bem a quem quer que seja, achará desculpa, que valha, na circunstância de acumular com o fito de maior soma legar aos seus herdeiros? “É um compromisso com a consciência má.”

- Figuremos dois avarentos, um dos quais nega a si mesmo o necessário e morre de miséria sobre o seu tesouro, ao passo que o segundo só o é para os outros, mostrando-se pródigo para consigo mesmo; enquanto recua ante o mais ligeiro sacrifício para prestar um serviço ou fazer qualquer coisa útil, nunca julga demasiado o que despenda para satisfazer aos seus gostos ou às suas paixões. Peça-se-lhe um obséquio e estará sempre em dificuldade para fazê-lo; imagine, porém, realizar uma fantasia e terá sempre o bastante para isso. Qual o mais culpado e qual o que se achará em pior situação no mundo dos Espíritos? “O que goza, porque é mais egoísta do que avarento. O outro já recebeu parte do seu castigo.” (P. 138)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que diz a Revista Espírita sobre o planeta Júpiter?

Atribuídas ao Espírito de Bernard Palissy, que foi na Terra célebre oleiro no século XVI, eis de forma sintética as revelações sobre Júpiter: a) a temperatura ali é suave e temperada, a água é mais etérea e uma espécie de luz espiritual é que ilumina o planeta. b) a conformação física de seus habitantes é igual à nossa, mas a base da alimentação é puramente vegetal. c) a existência física no planeta equivale, em média, a cinco séculos. d) as principais ocupações dos homens de Júpiter são o encorajamento dos Espíritos que habitam os mundos inferiores, a fim de que perseverem no bom caminho. e) não há em Júpiter infortúnios a serem aliviados e seus habitantes pertencem à segunda ordem – todos são bons, mas uns são mais adiantados que outros na perfeição. (Revista Espírita, pp. 114 a 118.)

B. Que é que Mehemet-Ali, ex-paxá e considerado o verdadeiro criador do Egito moderno, disse sobre Maomé?

Segundo o ex-paxá do Egito, Maomé teve uma missão divina, mas a desvirtuou. Acrescentou em sua comunicação o grande governante egípcio: "Qual o povo que foi regenerado por Maomé? A religião cristã saiu pura das mãos de Deus; a maometana é obra de um homem". (Obra citada, pp. 120 e 121.)

C. É lento ou rápido o desprendimento da alma depois da morte do corpo?

Os laços que unem alma e corpo não se rompem de súbito pela morte. A duração desse desprendimento varia conforme os indivíduos. Em alguns, opera-se em três ou quatro dias, ao passo que noutros não se completa senão ao cabo de vários meses. (Obra citada, pág. 129.)

D. Que diz São Luís a respeito do orgulho?

O orgulho é, no dizer de São Luís, semelhante ao joio que afoga o bom grão. Quem se julga mais que seu irmão é insensato. Após ter dito isso, o instrutor espiritual advertiu: "Soberbo, humilha-te; porque a mão do Senhor curvará o teu orgulho até a poeira! Tuas riquezas e tuas grandezas, vaidades do nada, escaparão de tuas mãos quando vier o grande dia. Não levarás de tuas riquezas mais que as tábuas do esquife; e os títulos gravados na lápide funerária serão palavras vazias de sentido." (Obra citada, pp. 137 e 138.) 

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 2 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/02/blog-post_16.html

 

 

 

 

 

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