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quinta-feira, 3 de março de 2022

 



CINCO-MARIAS

 

Hora da história

 

EUGÊNIA PICKINA

eugeniapickina@gmail.com

 

Livros não mudam o mundo, quem muda são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas. Mario Quintana

 

A criança estabelece uma relação imaginativa com o mundo a partir do terceiro ano de vida. Essa relação persiste até, mais ou menos, os nove anos de idade. Essa é a época apropriada aos contos de fadas, o contato regular com conteúdos da literatura infantil que oferecem valores fundamentais à criança.

Acalentada pela voz do narrador (o pai ou a mãe), a criança que ouve história tem linguagem e pensamento estimulados, despertando para o bem e o belo, as forças morais: a coragem, a responsabilidade, a solidariedade, o senso de justiça, a honestidade. Em cada conto, um ato aparentemente banal pode, por exemplo, ser marcado por uma imensa generosidade:

Assim que acordou, Elisa deixou a caverna e foi em busca das urtigas. As folhas queimavam seus dedos ao colhê-las, mas ela não chorou, não gritou, nem mesmo sussurrou um ai.” (*)

Nos dias de hoje, entre aceleração e ruído da tecnologia, a hora da história é essencial para o bem-estar das crianças. Ouvir histórias lhes estimula fantasia criativa, instrução e memória. Porque os enredos são organizados de forma que conteúdos emocionais, por exemplo, possam ser inferidos das ações dos personagens, o que favorece a construção da ética e da cidadania nas crianças, embasando o caráter, a confiança na força do bem, o entendimento sobre as nuances do mal.

CinderelaBranca de NeveChapeuzinho Vermelho e tantos outros personagens de contos de fadas nos acompanham desde as nossas impressões de infância. São parte integrante de nossa cultura e formação como leitores e, portanto, aptos a promover a nossa capacidade de imaginação, nosso amor pelo livro, segundo um elaborar gradativo do pensar livre e crítico.

Toda criança tem direito à antologia dos Irmãos Grimm, às narrativas de Hans Christian Andersen, e demais narrativas pertinentes à infância, porque os contos de fadas tratam de valores e sentimentos humanos universais, ensinam que o altruísmo não é ingenuidade, sinalizando que o egoísmo nunca nos levará à felicidade...

Afortunada a criança que ouve histórias.

Abraços, uma alegre semana!

 

Notinha


Crie para o seu filho a "hora da história". Se na escola um bom horário é após o recreio, em casa a hora ideal pode ser antes de a criança dormir. Dê livros nos aniversários e em outras datas comemorativas. Leve seu filho para passear em livrarias, para visitar bibliotecas. Estimule feira de livros usados nas escolas, no bairro, nas instituições diversas, no município.  Afinal, “quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”, já avisou Monteiro Lobato de modo prudente.

 

*Cf. Os Cisnes SelvagensInMinhas histórias de Andersen. Matheus, Andrew; Snow, Alan. Tradução de Eduardo Brandão. SP: Cia das Letrinhas, 2012, p. 62.

 

*

 

Esta seção, cuja estreia neste blog ocorreu no dia 6 de janeiro deste ano, traz sempre textos dedicados à infância, seus cuidados, sua educação. O título – Cinco-marias – é uma alusão a um conhecido brinquedo que integra um conjunto de brincadeiras e atividades lúdicas conceituadas como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).

Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), está concluindo em São Paulo a formação em Psicanálise.

Ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.

Seu contato no Instagram é @eugeniapickina

 

 

 

 

 

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