Histórias
de vidas!
JORGE
LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De
Brasília, DF
Quora: "Você já foi tratado diferente por causa do carro que
dirigia?"
Sérgio: "[...] Aos 20
anos comprei meu primeiro carro, um Chevrolet Chevette velho e usado do modelo
brasileiro [...]. [Vim] de uma família humilde que ajudei a sustentar, portanto
não havia dinheiro para um carro melhor [...].
Bem, de volta aos meus 20
anos... Depois do trabalho, fomos a um bar para um happy hour [...]: uma
mesa de garotos bem-vestidos. Ao lado havia outra mesa com uma festa, um grande grupo e entre eles
uma das garotas mais bonitas que eu já tinha visto. Trocamos olhares e depois
de um tempo ficou claro o nosso interesse mútuo, então pedi ao garçom que [lhe]
entregasse um guardanapo onde escrevi “encontre-me lá fora”. Funcionou!
[...] Durante nossa breve
conversa, descobri que ela estava fazendo um treinamento para ser comissária de
bordo [...]. Bem, então finalmente vem a parte engraçada (ou infeliz) da
história. Fui até a casa dela: era na verdade o que eu suspeito, um casarão,
uma grande mansão que se destacava das outras também ricas casas vizinhas...[...]
A garota abriu a porta com
um sorriso no início e, em seguida, seus olhos... [...] Tive a impressão de que
a postura de seu corpo indicava que ela queria dar meia volta até a porta... [...].
Mas depois de uma fração de segundo, ela conseguiu respirar e seu rosto pálido
quase voltou ao normal. Esta foi uma imagem que nunca esquecerei na minha vida.
Para
resumir, sua frustração era óbvia. Tentei o meu melhor para mostrar quão charmoso e inteligente eu era, mas a conversa ficou meio truncada.
Mesmo o bom restaurante não a impressionou muito e já bem cedo ela estava
pronta para partir, e eu a levei de volta. Ela nunca retornou uma ligação
posterior, como eu já esperava [...].
Bom para mim. Mais tarde
me casei com minha atual esposa, também linda, que realmente me ama pelo que
sou [...]. Espero que ela tenha encontrado seu príncipe rico, mas ela nunca
imaginou que depois eu me tornaria um executivo internacional, "Level
C" de grandes empresas, poliglota que viajou o mundo, que agora gosta de
contar suas histórias no Quora." (Sérgio Diniz)
*
Vamos agora às diferenças entre
este modesto escrevinhador e linda garota que conheci em viagem ao Rio de
Janeiro, em ônibus executivo, quando servia em Salvador e me dirigia, nas
férias, à cidade natal. Ela morava em Copacabana, em apartamento de luxo; eu,
na Penha, em casinha pobre do Rio de Janeiro.
A jovem era formada, poliglota
e exímia pianista, aos 21 anos de idade; e eu com 23, nem ao menos o atual ensino
médio havia concluído.
Por outro lado, eu nem bicicleta
tinha naquela época quando, a seu convite, visitei-a no apartamento onde ela
morava. "Por que você não desce com o rapaz, para lhe mostrar a praia?"
– propôs-lhe seu pai, após me "entrevistar", na ampla sala de seu
apartamento...
Ela, então, como filha muito
educada, desceu comigo do andar onde morava e fomos dar uma brevíssima volta na
praia. Ao passarmos por um rapaz acompanhado, que estava sentado tomando uma
cerveja, este fez-lhe a seguinte observação: "Que rapaz bonito, seu
namorado?" Ela respondeu-lhe: "Não, apenas conhecido". Ele ainda
se atreveu: "Por que não namora ele? Parece ser boa pessoa". Ela
respondeu-lhe secamente: "Não, obrigada". E afastou-se rapidamente,
comigo a seu lado. Ao chegarmos próximos do bloco de sua residência, despediu-se
de mim para sempre...
Anos depois,
casei-me com linda mulher, formei-me, tivemos três belos filhos, que nos deram,
até agora, cinco belos netos: quatro meninos e uma menina.
Creio que haja bons
motivos para nossas diferenças. Órfão de pai quando eu estava com onze anos, tudo
o que consegui na vida foi à custa de muito estudo e trabalho próprio, pois
descendo de família paupérrima, que jamais pôde custear meus estudos. A jovem de
Copacabana, pelo que percebi, tinha pai
amoroso, que a educara nos melhores colégios. Trajava roupas de grife,
alimentava-se bem, ia a restaurantes de luxo e, se preciso, não lhe faltaria
atendimento médico especializado.
Não sei se está casada e
torço para que seja feliz por tudo o que conquistou com o amparo dos bens
familiares, mas citando frase da letra de música Carango, do cantor Wilson
Simonal, "pra ter fon fon, trabalhei, trabalhei". Minha riqueza
é minha família na convivência
de 43 anos com a mulher que sempre amei e que, junto comigo, construiu o espaço
modesto, mas confortável, em que moramos.
Acesse Carango em: https://www.letras.mus.br/wilson-simonal/679871/
Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com
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Jorge, amigo, muito boa a crônica! Forte abraço 🤗
ResponderExcluirJanice, Jorge!
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