Revista
Espírita de 1860
Allan
Kardec
Parte
3
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1860, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A
coleção do ano de 1860 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por
Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, que é apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
Existem os gênios das flores?
B.
É possível a um Espírito inferior usurpar o nome de um Espírito superior?
C.
Como se formou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas?
D.
Como proceder ante as teorias científicas propostas pelos Espíritos?
Texto para leitura
54.
Vendo a seu lado o Espírito do dr. Vignal, Cauvière distinguia-o entre os vivos
por seu envoltório, menos transparente que o dele. (P. 91)
55.
Kardec evocou a senhorita Indermuhle, surda-muda de nascença, de origem alemã e
residente em Berna (Suíça), a qual lhe respondeu em francês. Sua explicação:
"O pensamento não tem língua: eu o comunico ao guia do médium, que o
traduz para a língua que lhe é familiar". (P. 94)
56.
Kardec informa que os Espíritos sérios não gostam de repetir, porque nossa
linguagem para eles é tão lenta que evitam tudo quanto lhes parece inútil. Já
os levianos, os obsessores e os zombadores são prolixos. (P. 95)
57.
A Revista Espírita transcreve uma
mensagem de Hettani, que se chamou gênio das flores. São Luís retifica-a em
vários pontos: o Espírito não preside, de maneira particular, à formação das
flores. O Espírito elementar, antes de passar à série animal, dirige sua ação
fluídica para a criação vegetal, mas ainda não se encarnou, e age sob a direção
de outras inteligências. (P. 99)
58.
Nenhum pensamento, nenhum instinto tem o Espírito que dá vida às plantas e às
flores – eis o que disse São Luís a Kardec. (P. 99)
59.
Diz o Espírito de Staël: "Se Deus pôs nos nossos corações essa necessidade
tão grande de felicidade, é que ela deve existir alhures. Sim, confiai n'Ele,
mas sabei que tudo quanto Deus promete deve ser divino como Ele, e que a
felicidade que buscais não pode ser material”. (P. 100)
60.
Kardec anuncia o lançamento da 2ª edição d'O
Livro dos Espíritos, ocorrida em março de 1860, inteiramente refundida e
consideravelmente aumentada. (P. 100)
61.
Como pode um Espírito inferior usurpar o nome de um Espírito superior? A esta
questão Kardec responde que Deus pode permitir que isso ocorra para
experimentar a nossa paciência, a nossa fé e a nossa firmeza em resistir à
tentação e exercitar nossa perspicácia em distingui-los. (P. 105)
62.
Não formamos uma seita, nem uma corporação, diz Kardec. As raízes do
Espiritismo não estão em nossa sociedade, mas no mundo inteiro. Existe algo
mais poderoso que todas as sociedades: é a doutrina que vai ao coração e à
razão dos que a compreendem e, sobretudo, dos que a praticam. (P. 107)
63.
Kardec conta como se formou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas: “Eu
recebia em minha casa um pequeno número de pessoas; acharam que o grupo
cresceu; que era preciso um local maior. Para tê-lo, teríamos que pagar, em
cotização. Disseram mais: é preciso ordem nas sessões; não é possível admitir o
primeiro que chegar; é necessário um regulamento. Eis toda a história da
Sociedade”. (P. 107)
64.
A forma mais ou menos imponente da linguagem não é importante, porque os
impostores podem adotá-la. Partimos então – diz Kardec – do princípio de que os
bons Espíritos não aconselham senão o bem, a união, a concórdia e que sua
linguagem é sempre simples, modesta, penetrada de benevolência, isenta de
acrimônia, de arrogância e de fatuidade, numa palavra, tudo neles respira a
mais pura caridade. Eis o critério real para julgá-los. (P. 109)
65.
Jobard disserta sobre a teoria da incrustação planetária, que explica por que
há na Terra amarelos, negros, brancos e vermelhos. (P. 111)
66.
Kardec diz que tal teoria já foi dada por vários Espíritos, mas confessa não
ser adepto dela. (N.R.: Emmanuel também discorda esse pensamento.) (P. 112)
67.
O Codificador diz que Deus quer que adquiramos a Ciência pelo trabalho, e não
encarregou os Espíritos de trazê-la pronta. (P. 112)
68.
Os Espíritos têm duas maneiras de instruir os homens: comunicando-se
diretamente ou encarnando-se para o desempenho de certas missões. (P. 113)
69.
Desde que não haja chegado o tempo para disseminar certas ideias, será em vão
que interrogaremos sobre o assunto os Espíritos. (P. 113)
70.
Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça nas mensagens espíritas, eis
uma das maiores dificuldades da ciência espírita. (P. 114)
71.
Kardec diz que a teoria da formação da Terra por incrustação não é a única que
foi dada pelos Espíritos. Em qual acreditar? Isto prova que, fora da moral, não
devem ser aceitas teorias científicas dos Espíritos. (P. 114)
72.
É preciso examiná-las racionalmente. Foi assim que se procedeu com a doutrina
da reencarnação, adotada não porque emanada dos Espíritos, mas porque era a
única que podia resolver todas as dúvidas. (P. 115)
73.
Segundo a teoria da incrustação, a Terra seria muito antiga por suas partes e
muito nova por sua aglomeração. (P. 116)
74.
A Revista Espírita publica carta do
dr. Morhéry a respeito da senhorita Désirée Godu, médium curadora, que passou a
residir na casa dele e a trabalhar com ele junto a seus doentes. (PP. 117 e
118)
75.
O dr. Morhéry prometeu relatar suas observações sobre as curas obtidas pela
médium e nota-se, por sua missiva, que ele era adepto de uma prática médica
diferente da Medicina orgânica de então, escrava da farmacologia mineral, de
que tanto e tanto se abusou. (P. 119)
76.
"Quanta saúde devastada pelo uso de substâncias minerais que, em caso de
choque, aumentam o mal e, no da melhora, muitas vezes deixam traços em nosso
organismo!", lamentou o dr. Morhéry. (PP. 119 e 120)
77.
Dr. Morhéry relata várias curas obtidas pela srta. Godu, entre elas a de Pierre
Le Boudec, surdo há 18 anos, o qual, após três dias de tratamento, pôde ouvir,
maravilhado, o canto dos pássaros. (P. 120)
78.
Quando escreveu, a médium cuidava do Sr. Bigot, há dois anos e meio atingido
por um câncer no lábio inferior, que já chegara ao último estágio. Suas dores
eram atrozes; Bigot não dormia há seis meses; mas desde o primeiro curativo
experimentava alívio, dormia bem e se alimentava, havendo-lhe voltado a
confiança, ao passo que a chaga mudara de aspecto. (PP. 120 e 121)
Respostas às
questões propostas
A. Existem os
gênios das flores?
Não.
São Luís diz que o Espírito não preside, de maneira particular, à formação das
flores. O Espírito elementar, antes de passar à série animal, dirige sua ação
fluídica para a criação vegetal, mas ainda não se encarnou, e age sob a direção
de outras inteligências. (Revista
Espírita de 1860, p. 99.)
B. É possível a um
Espírito inferior usurpar o nome de um Espírito superior?
Sim.
Deus pode permitir que isso ocorra para experimentar a nossa paciência, a nossa
fé e a nossa firmeza em resistir à tentação e exercitar nossa perspicácia em
distingui-los. É por isso que o exame cuidadoso de todas as comunicações
espíritas é indispensável. (Obra citada, p. 105.)
C. Como se formou a
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas?
Ela
surgiu de uma forma não planejada. Kardec recebia em sua casa um pequeno número
de pessoas. Acharam que o grupo cresceu; que era preciso um local maior e que,
para tê-lo, seria preciso pagar, em cotização. Disseram mais: que era preciso
ordem nas sessões, que não era possível admitir o primeiro que chegasse e se
fazia necessário um regulamento. Eis aí a história da Sociedade, segundo
palavras do próprio Codificador. (Obra citada, p. 107.)
D. Como proceder
ante as teorias científicas propostas pelos Espíritos?
O
Codificador foi bastante claro quanto a essa questão: fora da moral, não devem
ser aceitas teorias científicas dos Espíritos. É preciso examiná-las
racionalmente. Foi assim que se procedeu com a doutrina da reencarnação,
adotada não porque emanada dos Espíritos, mas porque era a única que podia
resolver todas as dúvidas. (Obra citada, pp. 114 e 115.)
Observação:
Para acessar a 2ª parte deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/06/blog-post_22.html
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