A
eterna caridade divina
JORGE
LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De
Brasília, DF
Bom dia, amigo leitor!
Dia desses, lembrei-me de uma discussão com pessoa
querida, que me ofendeu sem razão aparente, e fiquei muito triste. Caminhava
pelo Parque da Cidade em Brasília, quando de repente avistei o sublime espírito
Maria Dolores[i]
que, em versos, me disse:
— Não guardes e nem fales, coração,
Palavras de azedume ou desesperação.
O verbo que escarnece, esfogueia, envenena,
Traz em si mesmo a dolorosa pena
De amarga frustração!
Muitas vezes nós mesmos, trilha afora
No pensamento que se desarvora,
Nas teias da ilusão sem motivo ou sem base,
Para sair do mal e regressar ao bem
Precisamos apenas de uma frase
Do carinho de alguém!
Comovido, respondi-lhe também em versos:
— É o que agora, querida irmã em Cristo
Recebo de você; e me consolo
C’a bênção do carinho, mas insisto
Em lhe dizer que a dor é pelo dolo...
Antes mesmo que eu prosseguisse com meus lamentos, Dolores
olhou-me ternamente e disse:
— Na dor que nos renova,
Quantas vezes na vida a gente espera
Simplesmente um sorriso,
Para fazer o esforço que é preciso,
A fim de não perder nas lágrimas da prova
A paz da fé sincera!...
Pensa nisso e abençoa
Àquela própria mão que espanca ou aguilhoa.
Fel, tristeza, amargura,
Transformam desventura em maior desventura!
— Mas não é fácil, deixar
De sempre nos magoar...
— respondi-lhe, mente a mente.
E ela disse novamente:
— Se a mágoa te domina,
Observa a lição da Bondade Divina!
Se o homem tala o campo aos horrores da guerra,
Deus recama de verde as úlceras da Terra.
Cerre-se a noite fria,
Deus recompõe sem falta os fulgores do dia.
Atire-se um calhau à fonte na espessura,
Deus protege a corrente
E a fonte lava a pedra a beijos de água pura
E prossegue indulgente,
Doce, clara, bendita,
Fertilizando o campo em que transita.
Isole-se a semente pequenina
Na clausura do chão
E eis que Deus a ilumina
E ela faz a alegria e a fartura do pão!
Que a poda fira a planta a golpes destruidores
E Deus reveste o tronco em auréolas de flores!...
— Sei que Deus é justo, amiga,
Mas como agir diante duma ofensa
Lançada por vil intriga
Daquele que, antes de falar, não pensa?
Eu lhe falei, e ela me respondeu,
Enquanto me olhou, com muito amor,
E a dor em mim logo desvaneceu
Apaziguada por seu resplendor:
— Conquanto seja em tudo a Justiça perfeita
Que nos premia, ampara, aprimora e endireita
Pelo poder do amor incontroverso,
Deus quer que a Lei do amor seja cumprida
Para a glória da vida,
Nas mais remotas plagas do Universo!
Serve, pois, coração,
À tolerância, à paz, à bondade e à união!
Embora desprezado, anônimo, sozinho,
Agradece, em silêncio, a injúria, o pranto, o
espinho
E serve alegremente...
Dor é nova ascensão à Vida Superior!...
Rende-te a Deus e segue para a frente,
Pois Deus é Caridade e a Caridade ardente
Tudo cobre de amor!...
Terminei a caminhada e guardei a paz, confortado e
agradecido àquele bondoso espírito e a Deus, por permitir-me a amizade e o
conhecimento da verdade através de mensagens sublimes desta Doutrina
consoladora, o Espiritismo cristão.
Paz e luz!
Obs.: Encontro fictício; poema de Maria Dolores na
obra referenciada abaixo.
[1] DOLORES,
Maria (Espírito). Antologia da espiritualidade. Psicografado por:
Francisco Cândido Xavier. 6. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014.
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