sábado, 30 de julho de 2022

 



A eterna caridade divina

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília, DF

 

Bom dia, amigo leitor!

Dia desses, lembrei-me de uma discussão com pessoa querida, que me ofendeu sem razão aparente, e fiquei muito triste. Caminhava pelo Parque da Cidade em Brasília, quando de repente avistei o sublime espírito Maria Dolores[i] que, em versos, me disse:

 

— Não guardes e nem fales, coração,

Palavras de azedume ou desesperação.

O verbo que escarnece, esfogueia, envenena,

Traz em si mesmo a dolorosa pena

De amarga frustração!

 

Muitas vezes nós mesmos, trilha afora

No pensamento que se desarvora,

Nas teias da ilusão sem motivo ou sem base,

Para sair do mal e regressar ao bem

Precisamos apenas de uma frase

Do carinho de alguém!

 

Comovido, respondi-lhe também em versos:

 

— É o que agora, querida irmã em Cristo

Recebo de você; e me consolo

C’a bênção do carinho, mas insisto

Em lhe dizer que a dor é pelo dolo...

 

Antes mesmo que eu prosseguisse com meus lamentos, Dolores olhou-me ternamente e disse:

 

— Na dor que nos renova,

Quantas vezes na vida a gente espera

Simplesmente um sorriso,

Para fazer o esforço que é preciso,

A fim de não perder nas lágrimas da prova

A paz da fé sincera!...

 

Pensa nisso e abençoa

Àquela própria mão que espanca ou aguilhoa.

Fel, tristeza, amargura,

Transformam desventura em maior desventura!

 

— Mas não é fácil, deixar

De sempre nos magoar...

— respondi-lhe, mente a mente.

E ela disse novamente:

 

— Se a mágoa te domina,

Observa a lição da Bondade Divina!

Se o homem tala o campo aos horrores da guerra,

Deus recama de verde as úlceras da Terra.

Cerre-se a noite fria,

Deus recompõe sem falta os fulgores do dia.

Atire-se um calhau à fonte na espessura,

Deus protege a corrente

E a fonte lava a pedra a beijos de água pura

E prossegue indulgente,

Doce, clara, bendita,

Fertilizando o campo em que transita.

Isole-se a semente pequenina

Na clausura do chão

E eis que Deus a ilumina

E ela faz a alegria e a fartura do pão!

Que a poda fira a planta a golpes destruidores

E Deus reveste o tronco em auréolas de flores!...

 

— Sei que Deus é justo, amiga,

Mas como agir diante duma ofensa

Lançada por vil intriga

Daquele que, antes de falar, não pensa?

 

Eu lhe falei, e ela me respondeu,

Enquanto me olhou, com muito amor,

E a dor em mim logo desvaneceu

Apaziguada por seu resplendor:

 

— Conquanto seja em tudo a Justiça perfeita

Que nos premia, ampara, aprimora e endireita

Pelo poder do amor incontroverso,

Deus quer que a Lei do amor seja cumprida

Para a glória da vida,

Nas mais remotas plagas do Universo!

 

Serve, pois, coração,

À tolerância, à paz, à bondade e à união!

Embora desprezado, anônimo, sozinho,

Agradece, em silêncio, a injúria, o pranto, o espinho

E serve alegremente...

Dor é nova ascensão à Vida Superior!...

Rende-te a Deus e segue para a frente,

Pois Deus é Caridade e a Caridade ardente

Tudo cobre de amor!...

 

Terminei a caminhada e guardei a paz, confortado e agradecido àquele bondoso espírito e a Deus, por permitir-me a amizade e o conhecimento da verdade através de mensagens sublimes desta Doutrina consoladora, o Espiritismo cristão.

Paz e luz! 

 

Obs.: Encontro fictício; poema de Maria Dolores na obra referenciada abaixo.

 

[1] DOLORES, Maria (Espírito). Antologia da espiritualidade. Psicografado por: Francisco Cândido Xavier. 6. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014.

 


Acesse o blog: www.jojorgeleite.blogspot.com

 

 

 

 

 

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