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quarta-feira, 24 de agosto de 2022

 



Revista Espírita de 1860

 

Allan Kardec

 

Parte 11 e final

 

Concluímos o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1860, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1860 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. É certo dizer, como o Sr. Louis Figuier, que as manifestações espíritas são modernas?

B. Qual a receita para nos livrarmos de um Espírito que nos atormente?

C. O que pode ocorrer, na vida espiritual, a uma pessoa que nunca ajudou a ninguém?

D. Que é preciso para adquirir as virtudes?

 

Texto para leitura

 

228. A teogonia pagã e a mitologia não passam também, segundo Kardec, de um quadro da vida espírita poetizada pela alegoria. (P. 384)

229. O Codificador afirma ainda que a arte cristã se ressente da austeridade de sua origem e inspira-se no sofrimento dos primeiros adeptos, cujas perseguições impeliram os homens ao isolamento e à reclusão. (P. 385)

230. O Espiritismo abre, pois, para a arte um campo novo, imenso e ainda não explorado. Quando o artista trabalhar com convicção, como trabalharam os artistas cristãos, colherá nessa fonte as mais sublimes inspirações. (P. 386)

231. Kardec, concluindo sua análise do livro História do Maravilhoso, do Sr. Louis Figuier, diz que é falso afirmar, como faz Figuier, que as manifestações espíritas são inteiramente modernas. (P. 387)

232. Na sequência, o Codificador destaca o progresso incrível das ideias espíritas, às quais nenhuma imprensa prestou o seu concurso, e informa que a 2ª edição d'O Livro dos Espíritos esgotou-se em quatro meses. (PP. 387 e 388)

233. Para o Sr. Figuier, a filosofia exposta n'O Livro dos Espíritos é obsoleta e a moral é adormecedora. Sem dúvida, diz Kardec, ele teria preferido uma moral galhofeira e viva: "Mas que fazer? É uma moral para uso da alma; aliás, ela teria sempre uma vantagem: a de fazer dormir. É, para ele, uma receita em caso de insônia". (P. 395)

234. O Espírito que se identificou como Baltazar (mencionado no item 210 deste estudo) é na verdade o Sr. G... de la R..., indivíduo conhecido por suas excentricidades, sua fortuna e seus gostos gastronômicos, que confessa que seu apego à vida material "materializou" seu Espírito a tal ponto, que lhe seria preciso muito tempo para quebrar todos os laços terrenos das paixões que o prendiam à Terra. (PP. 395 e 396)

235. Kardec analisa o caso de um assinante da Revista que era atormentado por um Espírito, num processo de obsessão simples. A pedido dele, o Codificador explicou que ele não se livraria do Espírito nem pela cólera, nem pelas ameaças, mas pela paciência, e que era ainda preciso dominá-lo pelo ascendente moral e buscar torná-lo melhor pelos bons conselhos. (P. 397)

236. Consultado, o obsessor confessou que agia assim por inveja. Kardec comenta o caso dizendo que a inveja cega e por vezes impele o homem a atos contrários a seus interesses, seja no espaço como na Terra. (P. 399)

237. A Revista traz uma mensagem de um Espírito culpado que afirma que nossas dores terrenas jamais nos permitirão compreender as angústias de uma alma que sofre sem tréguas, sem esperança, sem arrependimento. (P. 401)

238. O Espírito de Clara, que nunca ajudara a ninguém na Terra, diz que sua desgraça crescia dia a dia, e maldizia as horas culpadas, as horas de egoísmo e de esquecimento em que, desconhecendo toda caridade, todo devotamento, só pensava no seu bem-estar! (P. 402)

239. "Crês, então, que preces isoladas e o meu nome pronunciado bastarão para acalmar o meu sofrimento? Não, cem vezes não. Tenho rugido de dor; erro sem repouso, sem asilo, sem esperança, sentindo o eterno aguilhão do castigo penetrar em minh'alma revoltada", eis o desabafo de Clara. (P. 403)

240. O guia espiritual da médium comentou a comunicação de Clara dizendo que ela não matou, não roubou, nem cometeu crime algum aos olhos humanos. Apenas divertia-se com aquilo a que chamamos felicidade terrena: beleza, fortuna, prazeres, adulação, tudo lhe sorria e nada lhe faltava. Mas ela foi egoísta, só amou a si mesma e agora ninguém a ama. (P. 403)

241. Alfred de Musset (Espírito) diz que os pais da Igreja, que fundaram essa religião sublime em sua origem, eram mais espíritas do que nós e pregavam a mesma doutrina ensinada pelo Espiritismo: caridade, bondade, esquecimento, perdão e abnegação. (P. 404)

242. O Espírito de Delphine de Girardin disserta sobre a reencarnação e sua lógica e afirma que basta olhar para dentro de nós mesmos para acharmos as provas da reencarnação. (P. 407)

243. Para adquirir a virtude, é preciso trabalhar, diz Delphine. A fortuna moral não se lega com a fortuna material: "Para vos depurardes, é preciso passar por vários corpos que levam com eles, em cada despojamento, uma parte das vossas impurezas". (P. 408)

244. Falando sobre o dia de Finados, Charles Nodier (Espírito) esclarece que nessa data os Espíritos vão aos cemitérios porque os pensamentos e as preces dos seres amados ali se apresentam. (P. 408)

245. Nodier assevera: "Conforme a maneira por que tiverdes vivido aqui embaixo, sereis recebidos perante Deus. Que é a vida, afinal de contas? Uma curtíssima emigração do Espírito na Terra; tempo, entretanto, em que pode amontoar um tesouro de graças ou preparar-se para cruéis tormentos". (P. 408)

246. Lamennais (Espírito) compara o mundo atual a Lázaro e exclama: "Ó mundo! tu pareces Lázaro: nada te pode devolver a vida; teu materialismo, tuas torpezas, teu ceticismo são outras tantas faixas que envolvem o teu cadáver, e cheiras mal, pois há muito que estás morto. Quem te gritará como a Lázaro: Em nome de Deus, levanta-te? É o Cristo que obedece ao apelo do Espírito Santo. Século, a voz de Deus se fez ouvir! Estarás mais podre do que Lázaro?" (PP. 409 e 410)

 

Respostas às questões propostas

 

A. É certo dizer, como o Sr. Louis Figuier, que as manifestações espíritas são modernas?

Não. Na análise que fez do livro História do Maravilhoso, do Sr. Figuier, Kardec afirma que é falso dizer que as manifestações espíritas são inteiramente modernas, visto que em todas as épocas há registros inúmeros de manifestações dos chamados mortos. (Revista Espírita de 1860, p. 387.)

B. Qual a receita para nos livrarmos de um Espírito que nos atormente?

Segundo o Codificador do Espiritismo, ninguém se livra de um Espírito por meio da cólera ou de ameaças, mas pela paciência, e além disso é preciso dominá-lo pelo ascendente moral e buscar torná-lo melhor por meio de bons conselhos. (Obra citada, p. 397.)

C. O que pode ocorrer, na vida espiritual, a uma pessoa que nunca ajudou a ninguém?

Cada caso tem, obviamente, suas particularidades. No caso de Clara, que nunca ajudou a ninguém na Terra, a revista registra a informação de que seu sofrimento crescia dia a dia e, por isso, ela maldizia as horas de egoísmo e de esquecimento em que, desconhecendo toda caridade, todo devotamento, só pensara aqui no seu bem-estar! (Obra citada, pp. 402 e 403.)

D. Que é preciso para adquirir as virtudes?

Para isso, diz Delphine de Girardin (Espírito), é preciso trabalhar, pois a fortuna moral não se lega com a fortuna material. "Para vos depurardes, é preciso passar por vários corpos que levam com eles, em cada despojamento, uma parte das vossas impurezas", afirmou o Espírito. (Obra citada, pp. 407 e 408.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 10 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/08/blog-post_17.html

 

 

 

 

 

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