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sábado, 26 de novembro de 2022

 



Horas difíceis

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília, DF

 

Alma irmã, durante muito tempo eu julgava os acontecimentos da vida pelo que ocorria em minha própria existência. Enfim, aprendi que o que ocorre conosco não serve como medida do que é certo ou errado em relação aos fatos sociais genéricos. Por exemplo, se estudei em escola pública e tive como professor alguém que não cumpria bem seus deveres profissionais, não posso julgar todos os professores de escola pública com base no comportamento daquele professor. Tempos difíceis todos temos, mas Deus está no comando.

Precisamos entender que todos nós estamos sujeitos a errar. Provavelmente, aquele professor ainda não atingiu a maturidade que o faça perceber as consequências para si mesmo de seu despreparo profissional.

Por essa razão, o espírito Emmanuel também intitulou sua mensagem como Horas difíceis. Ela está no livro psicografado por Chico Xavier que se chama Livro de Respostas, editado pela Federação Espírita Brasileira. Após elencar as situações ruins que podemos estar passando, Emmanuel conclui: “Se essas horas de crise te surgiram na existência, não desanimes nem te desesperes. Ergue a fronte para o alto e conta com Deus. Realmente, o que mais importa é o que sucede dentro de ti”.

Em apoio às palavras finais de Emmanuel, lemos na obra ditada pelo espírito Maria João de Deus, intitulada Cartas de Uma Morta, também psicografada por Chico Xavier, no capítulo 63, esta frase: “Um espírito pode beneficiar-se com o que lhe provém do exterior, mas o seu verdadeiro mundo é aquele criado por seus pensamentos, atos e aspirações”.

Foi por esse motivo que, ao ser indagado por Allan Kardec, na questão 621 d’O Livro dos Espíritos, onde se situa a lei de Deus, a resposta recebida foi objetiva: “Na consciência”. Provavelmente, aquele educador relapso foi de tal modo prejudicado por suas atitudes negativas, que aprendeu com seus erros a se tornar um dos melhores professores da escola. Ele poderia também ter percebido que o magistério não era sua vocação e ter optado por outra profissão na qual se realizaria e proporcionaria melhores resultados para si e para outrem.

Mas se o professor se acomodou, certamente chegará o dia em que perceberá o mal causado a quem lhe cabia educar. Se não nesta, noutra encarnação, pois ainda que ignoremos os apelos da consciência, dia haverá em que teremos de escutá-la a clamar, incessante, como na figura bíblica: “Caim, Caim, que fizeste do teu irmão?”

Somente em boa sintonia com a consciência, entenderemos a lei de causa e efeito. Então, a fé verdadeira nos dará forças para atuar no bem, fiéis às palavras de Pedro: “O amor cobre a multidão dos pecados”. Daí a necessidade de satisfazermos os três requisitos para a quitação do débito espiritual de cada um de nós: arrependimento, expiação e reparação.

Deus proverá tudo o que for preciso, no tempo certo, pois, como nos lembrou nosso amigo Evandro, nobre tradutor das obras básicas de Kardec e da Revista Espírita: “O tempo de Deus é diferente do nosso tempo”. Por esse motivo, os que agora estamos angustiados precisamos encontrar na oração, na tolerância, no trabalho e no bem incansável os remédios eficazes para enfrentarmos serenamente as horas difíceis.

 

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