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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

 



Revista Espírita de 1862

 

Allan Kardec

 

Parte 2

 

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Qual foi, segundo Kardec, o maior milagre produzido por Jesus?

B. Que é necessário para que um grupo tenha estabilidade?

C. Qual é, na opinião de Santo Agostinho, a bandeira do Espiritismo?

 

Texto para leitura

 

12. Kardec comenta artigo publicado em dezembro de 1861 pelo Sr. Guizot, que parte do princípio de que todas as religiões se fundam no sobrenatural, o que seria certo se se entendesse como tal o que não se compreende. (PP. 20 e 21)

13. Como prova do sobrenatural, Guizot cita a formação do primeiro homem, que foi criado adulto, porque – diz ele – sozinho e na infância não teria podido alimentar-se. (P. 23)

14. Kardec rebate o argumento, lembrando ainda que a questão de um tronco único para a espécie humana é controvertida, porque as leis da antropologia demonstram a impossibilidade material que a posteridade de um só homem pudesse, em alguns séculos, povoar toda a Terra e se transformar em raças negras, amarelas e vermelhas. (P. 23)

15. Após dizer que o Magnetismo e o Espiritismo, reproduzindo os fatos tidos por miraculosos, tirou deles o seu caráter sobrenatural, Kardec lembra que isso não retira de Jesus o seu caráter divino, visto que um milagre produzido pelo Mestre, muito maior do que mudar a água em vinho, alimentar quatro mil homens com cinco pães, curar epilépticos, dar vista aos cegos e fazer andarem os paralíticos, foi ter, em apenas três anos, mudado a face do mundo, sem nada haver escrito e auxiliado tão somente por alguns obscuros pescadores ignorantes. (PP. 24 e 25)

16. Do México, a Revista publica versos do Espírito de Béranger, em que, entre outros pensamentos, o poeta diz: “Estão caídos os gigantes da glória: escravos, reis, todos serão confundidos, porque, para nós todos, a mais bela vitória cabe ao que mais sabe amar”. (PP. 25 e 26)

17. Surgem mais um livro do Codificador: “O Espiritismo na sua expressão mais simples” e, pela Sra. H. Dozon, médium integrante da Sociedade Espírita de Paris, “Revelações de Além-Túmulo”. (P. 27)

18. A Revista alude a um testamento hológrafo feito em favor do Espiritismo por um simpatizante. (N.R.: Hológrafo significa documento totalmente escrito à mão pelo seu autor.) (PP. 28 e 29)

19. Kardec diz ao Dr. Morhéry que foi por pura prudência que deixou de publicar notícia, por ele enviada, acerca de fatos muito estranhos ocorridos com a senhorita Godu, que teria “produzido” mediunicamente até diamantes. (PP. 29 e 30)

20. Em resposta à mensagem de Ano Novo recebida dos espíritas de Lyon, subscrita por cerca de duzentas assinaturas, Kardec dá-lhes uma série de oportunos conselhos:

I - Se um grupo pretende ter ordem, tranquilidade e estabilidade, é preciso que nele reine um sentimento fraterno, porque todo grupo ou sociedade que se formar sem ter por base a caridade efetiva não terá vitalidade.

II - Reconhece-se o verdadeiro espírita pela prática da caridade em pensamentos, palavras e atos: todo aquele que nutre em sua alma sentimentos de animosidade, de rancor, de ódio, de ciúme ou de inveja, mente a si mesmo se pretende compreender e praticar o Espiritismo.

III - O egoísmo e o orgulho matam as sociedades particulares, como matam os povos e as sociedades em geral. (PP. 31 a 34)

21. Mais adiante, o Codificador recomenda afastarem cuidadosamente tudo quanto se refere à política e às questões irritantes, procurando no Espiritismo aquilo que pode melhorar o indivíduo; eis o essencial. E acrescenta: “Quando os homens forem melhores, as reformas sociais realmente úteis serão uma consequência natural”. (PP. 34 e 35)

22. A um padre que suscitou a questão dos milagres, Kardec responde dizendo que os espíritas não têm o mais insignificante milagre a oferecer e, ainda, que o Espiritismo não se apoia em nenhum fato miraculoso. (P. 37)

23. Na sequência, ele assevera que há duas coisas no Espiritismo: o fato da existência dos Espíritos e suas manifestações e a doutrina daí decorrente. O primeiro ponto não pode ser posto em dúvida senão pelos que não viram ou não quiseram ver. Quando ao segundo, a questão é saber se essa doutrina é justa ou falsa. (P. 39)

24. Kardec acrescenta, na sua resposta ao padre, uma série de comunicações mediúnicas e, dentre elas, uma assinada pelo Espírito de Santo Agostinho, que conclui nestes termos seu pensamento: “Que doutrina dará mais sentimento e ânimo ao coração? O Cristianismo plantou o estandarte da igualdade na Terra e o Espiritismo arvora o da fraternidade!... Eis o milagre mais celeste e mais divino que possa acontecer!... Sacerdotes, cujas mãos por vezes estão manchadas pelo sacrilégio, não peçais milagres físicos, pois as vossas frontes poderão ir quebrar-se na pedra que pisais para subir ao altar!... Não, o Espiritismo não se prende a fenômenos físicos, não se apoia em milagres que falam aos olhos – ele dá a fé ao coração. Dizei-me, não estará aí o maior milagre?” (PP. 43 a 46)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Qual foi, segundo Kardec, o maior milagre produzido por Jesus?

Maior do que mudar a água em vinho, alimentar quatro mil homens com cinco pães, curar epilépticos, dar vista aos cegos e fazer andarem os paralíticos, o maior milagre de Jesus foi ter ele, em apenas três anos, mudado a face do mundo, sem nada haver escrito e auxiliado tão somente por alguns obscuros pescadores ignorantes. (Revista Espírita de 1862, pp. 24 e 25.)

B. Que é necessário para que um grupo tenha estabilidade?

Para gozar de ordem, tranquilidade e estabilidade, é preciso que nele reine um sentimento fraterno, porque todo grupo ou sociedade que se formar sem ter por base a caridade efetiva não terá vitalidade. O verdadeiro espírita se reconhece pela prática da caridade em pensamentos, palavras e atos. Todo aquele que nutre em sua alma sentimentos de animosidade, de rancor, de ódio, de ciúme ou de inveja, mente a si mesmo se pretende compreender e praticar o Espiritismo.  O egoísmo e o orgulho matam as sociedades particulares, como matam os povos e as sociedades em geral. (Obra citada, pp. 31 a 34.)

C. Qual é, na opinião de Santo Agostinho, a bandeira do Espiritismo?

Da mesma forma que o Cristianismo plantou o estandarte da igualdade na Terra, o Espiritismo arvora o da fraternidade. Essa é a sua bandeira. O Espiritismo não se prende a fenômenos físicos, nem se apoia em milagres que falam aos olhos – ele dá a fé ao coração. (Obra citada, pp. 43 a 46.)

 

 

Observação:

Para acessar a 1ª parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/12/blog-post_07.html

 

 

 

 

 

 

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