quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

 


Revista Espírita de 1862

 

Allan Kardec

 

Parte 1

 

Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Quem são os anjos?

B. Que problemas insolúveis decorrem da crença de que a alma é criada no momento em que se forma o corpo?

C. Espíritos podem valer-se de nomes respeitáveis para nos enganar?

 

Texto para leitura

 

1. Kardec abre a edição de janeiro de 1862 com um ensaio a respeito da doutrina dos anjos decaídos, afirmando que, conforme a doutrina espírita, nisto concorde com muitos teólogos, os anjos não são seres de criação privilegiada, isentos de trabalho imposto aos outros, mas Espíritos chegados à perfeição por esforços e méritos próprios. (PP. 1 e 2)

2. Se não admitirmos a reencarnação, teremos que admitir que a alma é criada no momento em que se forma o corpo, mas desta crença decorrem vários problemas insolúveis, tais como a diversidade de aptidões e de instintos, a sorte das crianças mortas em tenra idade, a existência dos cretinos e dos idiotas, ao passo que tudo isso se explica naturalmente, se se admitir que a alma já viveu antes e que, ao encarnar-se, traz o que havia adquirido anteriormente. (P. 3)

3. A ideia de anjos rebeldes, anjos decaídos e paraíso perdido acha-se em quase todas as religiões e no estado de tradição entre quase todos os povos. Ela deve, pois, assentar-se numa verdade. Ora, os Espíritos que, por haverem empregado mal as suas encarnações, são expulsos da Terra e enviados a mundos inferiores, que serão ali senão anjos decaídos? (N.R.: Foi o que se deu com a chamada raça adâmica, conforme se vê no cap. XI de “A Gênese”.) (P. 7)

4. Um fato parece apoiar a teoria que atribui uma preexistência aos primeiros habitantes da raça simbolizada na figura de Adão: o seu desenvolvimento intelectual, muito superior ao das raças selvagens atuais, e sua aptidão para trabalhos de arte muito adiantados. (N.R.: Lembremos que Caim construiu uma cidade em homenagem a seu filho.) (P. 8)

5. Os Espíritos expulsos de um planeta, uma vez instalados no mundo do exílio, não se despojam subitamente do orgulho e dos baixos instintos que causaram a sua expulsão e durante muito tempo conservam as tendências de sua origem, um resto do velho fermento. O mesmo deve ter acontecido aos Espíritos da raça adâmica, exilados na Terra. Ora, não está aí, de forma claríssima, o pecado original? (P. 10)

6. Afirmando que o vulto atingido pelas comunicações espíritas não permitia fossem todas elas inseridas na Revista Espírita, Kardec relaciona e analisa os vários sistemas que poderiam ser empregados na sua divulgação: 1º - Publicações periódicas locais. 2º - Publicações locais não periódicas. 3º - Publicações individuais dos médiuns. (PP. 12 a 14)

7. Na sequência, o Codificador informa que os inconvenientes por ele apontados nos sistemas descritos seriam completamente contornados pela publicação central e coletiva que os srs. Didier & Cie. iriam empreender sob o título de “Biblioteca do Mundo Invisível”, que conteria uma série de volumes a serem vendidos separadamente. (PP. 14 e 15)

8. Não visando lucro pessoal com tais publicações, Kardec diz que, no seu caso, a intenção era aplicar os direitos que lhe coubessem em favor da distribuição gratuita de suas obras às pessoas que não as podem adquirir. (P. 15)

9. Dissertando sobre o controle do ensino espírita, o Codificador lembra que os Espíritos orgulhosos podem às vezes valer-se de nomes respeitáveis para pregar suas utopias. Como proceder, então, para ter o controle da autenticidade das comunicações espíritas verdadeiras, uma vez que as assinaturas nem sempre são disso uma garantia? (PP. 15 e 16)

10. Em caso de divergência, diz ele, o melhor critério é a conformidade dos ensinos dados por diferentes Espíritos e transmitidos por médiuns diferentes e estranhos uns aos outros. Se há um meio de chegar à verdade, é certamente pela concordância, tanto quanto pela racionalidade das comunicações. Foi isso que contribuiu para o crédito da doutrina exposta em O Livro dos Espíritos. (P. 16)

11. Em face do critério referido, a Sociedade Espírita de Paris decidiu submeter aos grupos que com ela se correspondem as questões controvertidas. Eis as primeiras delas:

1ª - Qual sistema sobre a origem e a formação da Terra – o da condensação gradual da matéria cósmica ou da incrustação de quatro satélites de um antigo planeta desaparecido – é o verdadeiro?

2ª - Existe a alma da Terra?

3ª - Onde se situa a sede da alma humana?

4ª - A Via Láctea é a morada dos Espíritos superiores?

5ª - É verdade que nenhum Espírito humano pode comunicar-se com os homens, somente Deus?

6ª - Que pensar da teoria dos anjos rebeldes, anjos decaídos e paraíso perdido, exposta por Kardec na Revista? (PP. 17 a 20)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Quem são os anjos?

Kardec diz que, conforme a doutrina espírita, nisto concorde com muitos teólogos, os anjos não são seres de criação privilegiada, isentos de trabalho imposto aos outros, mas Espíritos chegados à perfeição por esforços e méritos próprios. (Revista Espírita de 1862, pp. 1 e 2.)

B. Que problemas insolúveis decorrem da crença de que a alma é criada no momento em que se forma o corpo?

São vários esses problemas: a diversidade de aptidões e de instintos, a sorte das crianças mortas em tenra idade, a existência dos cretinos e dos idiotas, fatos que se explicam naturalmente se admitirmos que a alma já viveu antes e que, ao encarnar-se, traz o que havia adquirido anteriormente. (Obra citada, p. 3.)

C. Espíritos podem valer-se de nomes respeitáveis para nos enganar?

Sim. O Codificador do Espiritismo diz que os Espíritos orgulhosos podem às vezes valer-se de nomes respeitáveis para pregar suas utopias. Como proceder, então, para ter o controle da autenticidade das comunicações espíritas verdadeiras? O melhor critério, diz Kardec, é a conformidade dos ensinos dados por diferentes Espíritos e transmitidos por médiuns diversos e estranhos uns aos outros. Se há um meio de chegar à verdade, é certamente pela concordância, tanto quanto pela racionalidade das comunicações. (Obra citada, pp. 15 e 16.)


 

 

 

 

 

 

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