Excetuadas as almas
purificadas, ninguém está imune às tentações
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
As tentações, tantas vezes mencionadas
no Antigo e no Novo Testamento, bem como em várias obras espíritas, fazem parte
das peripécias da vida.
A
tese espírita é de que ninguém na Terra é perfeito; logo, estamos todos
sujeitos às tentações, que nos acompanham pela vida afora, consoante é dito
claramente na questão 122-B d' O Livro dos Espíritos. O Eclesiástico explica
o porquê disso. Para o autor dessa importante obra, o homem que jamais é
tentado é menos homem.
Miguel
Vives, pensador espírita desencarnado em 1906 em Tarrasa, província de
Barcelona, esmiuçou o assunto no cap. IX de seu livro O Tesouro dos
Espíritas, em que ele nos diz que, do mesmo que existem as intempéries do
tempo e do clima (frio, calor, poluição etc.), existem as intempéries morais e
o homem necessita compenetrar-se de que ninguém neste mundo está imune a elas.
As
tentações, explica o pensador espanhol, podem ser de ordem física ou moral, a
saber:
Ordem física:
sensualidade, extravagâncias, vícios, descanso indevido.
Ordem moral:
vingança, críticas maldosas, paixões exageradas, repulsa por certas pessoas.
Emmanuel,
examinando o assunto no cap. 88 de Religião dos Espíritos, adicionou
sobre o tema uma informação importante, ou seja, que somos tentados “nas nossas
imperfeições".
O
assunto já havia sido ventilado por Tiago em sua conhecida epístola (cap. 1,
versículo 14), em que diz que “cada um é tentado quando atraído e engodado pela
sua própria concupiscência", assertiva que mereceu de Emmanuel os
seguintes comentários:
"Examinemos
particularmente ambos os substantivos tentação e concupiscência.
O primeiro exterioriza o segundo, que constitui o fundo viciado e perverso da
natureza humana primitivista. Ser tentado é ouvir a malícia própria, é abrigar
os inferiores alvitres de si mesmo, porquanto, ainda que o mal venha do
exterior, somente se concretiza e persevera se com ele afinamos, na intimidade
do coração." (Caminho, Verdade e Vida, cap. CXXIX.)
André
Luiz confirmou esse entendimento no cap. 18 do livro Ação e Reação, em
que afirma que "a tentação é sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de
dentro para fora”. “A junção de nossas almas com os poderes infernais
verifica-se em relação com o inferno que já trazemos dentro de nós."
No
livro Nos Domínios da Mediunidade (cap. 16, pág. 156), o Instrutor Aulus
fala-nos das causas por que muitos trabalhadores da seara espírita, ao darem
ouvidos a elementos corruptores que os visitam pelas brechas da invigilância,
acabam fracassando.
A
conclusão, à vista de todas essas lições, é bem clara:
Somos
imperfeitos; logo, como não é possível, devido ao nosso estado de
inferioridade, evitar a tentação, importa-nos não cair na rede. Como diria
Richard Simonetti: “Encontramo-nos em meio a um temporal e, para enfrentá-lo,
precisamos de um bom guarda-chuva”.
Emmanuel,
em Religião dos Espíritos, lembra-nos que toda tentação é um teste
renovador e, para vencer nesse teste, a fórmula é esquecer o mal e fazer o bem.
André
Luiz registra, no livro Ação e Reação (cap. 14), importante advertência
que o Assistente Silas faz em torno do assunto, a que voltaria depois no cap.
VI de Sexo e Destino.
O
Eclesiástico, em se reportando à tentação, nos dá uma receita para rechaçá-la.
Padre
Germano, no cap. 22 da extraordinária obra Memórias do Padre Germano,
dá-nos a respeito um conselho precioso ao lembrar a volta de sua mãe à aldeia
humilde em que ele era o pároco. Ela retornara depois de muitos anos. Doente e
esquálida, confessou-lhe haver enjeitado todos os 10 filhos que tivera, e os
via então a converter-se
Os
Espíritos Superiores foram bastante claros com relação ao tema. A influência
espiritual negativa – disseram eles – segue a vida do Espírito, até que este
"tenha tanto império sobre si mesmo que os maus desistam de
obsidiá-lo" (O Livro dos Espíritos, 122-B).
Ora,
é a prática do bem e a sintonia com o Pai que estabelecem um novo padrão
vibratório, colocando a criatura humana, por sua elevação moral, a salvo de
quaisquer influências negativas.
Por fim, é sempre útil lembrar que "Vigiai e orai" é, como ninguém ignora, a receita indicada pelo Mestre dos Mestres.
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