Os fatos
espíritas são tão antigos quanto o mundo
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Os
fenômenos cujos estudos resultaram na estruturação da Doutrina Espírita não
eclodiram numa data determinada. As interferências das forças exteriores
inteligentes têm ocorrido desde tempos imemoriais, durante todo o curso da
História até o advento da 3ª Revelação no Ocidente. Podemos,
então, dizer que o Espiritismo, enquanto fenômeno, sempre existiu, embora como
doutrina tenha surgido a partir do advento d’O Livro dos Espíritos, obra
publicada originalmente por Allan Kardec em 18/4/1857.
Os
fatos atinentes às revelações dos Espíritos, ou seja, os fenômenos mediúnicos,
remontam, pois, à mais remota antiguidade, sendo tão velhos quanto o nosso
mundo, porque ocorreram em todos os tempos e entre todos os povos. Os registros
históricos são, a esse respeito, pontilhados de tais fenômenos, tal como a
Bíblia, que nos mostra Saul conversando com o Espírito de Samuel e Jesus
recepcionando as visitas dos Espíritos de Elias e Moisés materializados.
As
evocações dos Espíritos, como hoje as conhecemos, não se situaram apenas entre
os povos do Ocidente, ocorrendo com larga frequência no Oriente, como se
observa dos relatos do Código dos Vedas e do Código de Manu.
Afirma
Louis Jacolliot que em épocas bastante recuadas no tempo os padres iniciados
nos mosteiros preparavam os faquires para evocação dos mortos, com a obtenção
dos mais notáveis fenômenos. O missionário Huc refere-se a grande número de
experiências de comunicações com os mortos registradas na China.
O
apóstolo Paulo, em suas cartas, reconheceu a prática dessas manifestações entre
os cristãos primitivos, como podemos ver nos textos seguintes:
"Segui
o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de
profetizar. Porque o que fala em outra língua não fala aos homens, senão a
Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios. Mas o que
profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação" (I
Coríntios, 14:1 a 3).
"Não
extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o
bem" (I Tessalonicenses, 5:19 a 21).
João
Evangelista também se referiu às manifestações espirituais e, quanto ao exame
das comunicações delas oriundas, alertou-nos:
"Amados,
não creais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo" (I João, 4:1 e 2).
Na
Idade Média não podemos esquecer a figura admirável de Joana d'Arc, a grande
médium que se recusou a renegar as vozes espirituais e por isso foi supliciada
e levada à fogueira.
Contudo,
é nas décadas mais próximas que podemos situar melhor a fase precursora do
Espiritismo, o Consolador prometido por Jesus. A diferença entre os fatos desta
última fase e os fenômenos de antiguidade está em que, como bem acentuou Arthur
Conan Doyle, estes últimos eram esporádicos e não obedeciam a uma sequência
metódica, ao passo que os fenômenos da era moderna tiveram “as características
de uma invasão organizada". (Cf. História do Espiritismo, pág. 33.)
Vamos
encontrar nessa fase, na Suécia, o sensitivo Emmanuel Swedenborg, engenheiro
militar, autoridade em Física e em Astronomia, zoologista e anatomista,
financista e político, além de insigne teólogo, dotado de largo potencial de
forças psíquicas. Os fenômenos tiveram início em sua infância, mas,
ampliando-se numa continuidade que se prolongou até a morte, suas faculdades adquiriram
maior intensidade a partir de abril de 1744 em Londres. Desde então – afirmou
Swedenborg – "o Senhor abria os olhos de meu Espírito para ver,
perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em
plena consciência, com anjos e Espíritos".
Outro
notável precursor, digno de menção, foi Franz Anton Mesmer (Iznang, 23 de maio
de 1734 - Meesburg, 5 de março de 1815), médico, descobridor do magnetismo
curador. Em 1775, Mesmer reconheceu o poder da cura mediante a aplicação das
mãos. Acreditava ele que por nossos corpos transitam fluidos curadores,
preparando o caminho para o Hipnotismo de Marquês de Puységur. Os passes
magnéticos, que se popularizaram graças a Mesmer acabaram assimilados pelo
Espiritismo, tornando-se um dos fatores mais importantes de atração das pessoas
que buscam ajuda nas instituições espíritas.
Fenômenos
também dignos de registro ocorreram nos Estados Unidos com Andrew Jackson
Davis, magnífico sensitivo que viveu entre 1826 e 1910 e foi chamado por Arthur
Conan Doyle de “o profeta da Nova Revelação”. Os poderes psíquicos de Davis
começaram em sua infância, quando ele ouvia vozes de Espíritos que lhe davam
conselhos. À clarividência seguiu-se a clariaudiência. Certa vez, em 6 de março
de 1844, Davis foi tomado por uma força que o transportou da pequena cidade
onde residia até as Montanhas de Catskill, distante mais de 60 km de sua
casa.
O
surgimento do Espiritismo foi, por sinal, predito por Davis em seu livro Princípios
da Natureza, publicado em 1847, um ano antes do advento dos fenômenos de
Hydesville. Conan Doyle assevera em sua obra que o papel de Davis foi a
preparação do terreno, antes que se iniciasse a revelação propriamente dita.
Dez
anos depois, em 18 de abril de 1857, surgiria em Paris O Livro dos Espíritos,
obra de autoria de Allan Kardec que é o marco inicial da doutrina espírita.
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