Revista Espírita de 1862
Allan Kardec
Parte 8
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que revelações fez
Voltaire na Sociedade Espírita de Paris?
B. A sabedoria tem
algo a ver com amor e caridade?
C. Além de ter visto
o Espírito de Verdade, que mais contou Sanson em sua terceira comunicação?
Texto para leitura
80. Em Bordéus, um
padre escreveu uma carta a uma senhora muito idosa e doente, com referências à
crença dela no Espiritismo. A filha, Émilie Collignon, respondeu-a ao vigário,
dizendo haver encontrado muita força e consolo no Espiritismo e na certeza
palpável de que nossos mortos queridos estão sempre perto de nós. A Revista
transcreveu-as. (P. 146)
81. O suicídio de uma
pobre viúva, mãe de três filhos, que foi denunciada por haver furtado um pão a
um padeiro que se recusou a dá-lo, é relatado pela Revista, seguido de
comunicações da suicida e de Lamennais, que afirma que a infeliz mulher é uma
das vítimas do nosso mundo, de nossas leis e de nossa sociedade. (PP. 149 a
151)
82. Santo Agostinho
dedicou, de forma espontânea, uma mensagem a vários personagens russos de
distinção que, após frequentarem durante o inverno as reuniões da Sociedade
Espírita de Paris, retornaram à Rússia. Entre diversos conselhos, Agostinho
lhes disse:
I - Sabei que a
caridade não se faz somente com esmola, mas também com o coração.
II - Ide e pregai o
Evangelho. Deus vos situou no alto, para que todos vos possam ver e vossas
palavras sejam bem compreendidas.
III - Deus recompensa
os que trabalham no seu campo e dá a colheita a todos os que contribuem para o
grande serviço.
IV - Mostrai a todos
que o espírita não fica no meio da estrada para indicar a direção, mas toma do
machado e do cutelo e se atira às mais sombrias florestas para rasgar o caminho
e desviar os espinhos dos passos dos que os seguem. (PP. 151 e 152)
83. Désiré Léglise,
morto em 1851, diz que as paixões, as afeições vivas, não são possíveis senão
entre criaturas da mesma natureza, entre mundanos e mundanos, entre Espíritos e
Espíritos. Com a morte, a afeição não se apaga, mas toma outro caráter, afirma
o poeta argelino. (PP. 153 e 154)
84. Cárita destaca,
em Lyon, de forma poética, o valor da lágrima na redenção humana. (PP. 155 e
156)
85. Voltaire
comunica-se na Sociedade Espírita de Paris e diz que seu cinismo desapareceu
diante da revelação das grandes coisas que só ficou conhecendo no além-túmulo.
Dizendo-se mais cristão, ele conta: “Sofro, mas expio a resistência que opus a
Deus. Tinha a missão de instruir e esclarecer. A princípio o fiz, mas o meu
facho se extinguiu nas minhas mãos na hora marcada para a luz!...” (PP. 156 a
158)
86. Em seguida à
comunicação de Voltaire, Santo Agostinho assevera que não existe sabedoria sem
amor nem caridade. Amor e caridade, diz ele, são as duas virtudes supremas, que
unem a criatura ao Criador. (P. 158)
87. Em discurso feito
na abertura do ano social na Sociedade Espírita de Paris, em abril de 1862,
Kardec lembra as vicissitudes enfrentadas, anos antes, pela Sociedade e
confessa ter um dia pensado seriamente em retirar-se. Quatro anos depois de
fundada, a Entidade possuía 87 membros ativos, sem contar os sócios honorários
e correspondentes, e os princípios por ela adotados serviam, então, à imensa
maioria dos espíritas. (PP. 159 a 161)
88. No discurso,
Kardec aplaude a feliz ideia de vários membros de organizar reuniões
particulares em seus lares, as quais têm a vantagem de estabelecer relações
mais íntimas e, além disso, são centros para uma porção de pessoas que não
podem ir à Sociedade. Concluindo, o Codificador fala sobre a nova sede da
instituição e seus custos. (PP. 165 a 168)
89. A Revista publica
a segunda comunicação do Sr. Sanson, na qual ele fala sobre as sensações
experimentadas no momento da morte e diz que, ao recuperar suas faculdades, se
viu cercado por numerosos e fiéis amigos. Afirmando que a felicidade, como a
entendemos, é uma ficção, Sanson aconselha: “Vivei sabiamente, santamente, no
espírito de caridade e de amor, e sereis preparados para as impressões que os
vossos maiores poetas não poderiam descrever”. (PP. 168 a 170)
90. Uma semana
depois, Sanson comunicou-se pela terceira vez, informando que:
I - Os Espíritos se
apresentam no outro mundo sob a forma humana, mas há muita diferença entre o
corpo carnal e a maravilhosa fluidez do corpo espiritual.
II - Neste não existe
feiura, porque os traços perderam a dureza de expressão; a linguagem tem
entonações intraduzíveis para nós; o olhar tem a profundeza das estrelas.
III - O corpo
espiritual é dotado de cabeça, tronco, braços e pernas.
IV - A visão dos
Espíritos nenhuma relação tem com a visão humana. Além disso, o Espírito pode
adivinhar os nossos pensamentos.
V - Os Espíritos não
se reproduzem, porque não têm sexo.
VI - No recinto da
sessão, ele viu São Luís (presidente espiritual da Sociedade), o Espírito de
Verdade, Santo Agostinho, Lamennais, Sonnet, São Paulo e outros. (PP. 171 a
173) (Continua no próximo número.)
Respostas às questões propostas
A.
Que revelações fez Voltaire na Sociedade Espírita de Paris?
Ele disse que seu cinismo havia desaparecido diante da
revelação das grandes coisas que só ficou conhecendo no além-túmulo. “Sofro,
mas expio a resistência que opus a Deus”, contou Voltaire. “Tinha a missão de
instruir e esclarecer. A princípio o fiz, mas o meu facho se extinguiu nas
minhas mãos na hora marcada para a luz!...” (Revista Espírita de 1862,
pp. 156 a 158.)
B. A sabedoria tem algo a ver com amor e caridade?
Tem tudo a ver. Segundo Santo Agostinho, não existe
sabedoria sem amor nem caridade. Amor e caridade, diz ele, são as duas virtudes
supremas, que unem a criatura ao Criador. (Obra citada, p. 158.)
C. Além de ter visto o Espírito de Verdade, que mais
contou Sanson em sua terceira comunicação?
Sanson disse que os Espíritos se apresentam no mundo
espiritual sob a forma humana, mas há muita diferença entre o corpo carnal e o
corpo espiritual, que é dotado igualmente de cabeça, tronco, braços e pernas.
Sanson também afirmou que os Espíritos não se reproduzem, porque não têm sexo.
(Obra citada, pp. 171 a 173.)
Observação:
Para
acessar a parte 7 deste estudo, publicada na semana passada, clique em https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/01/blog-post_18.html
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