No Invisível
Léon Denis
Parte 10
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do clássico No Invisível, de Léon Denis, cujo título no original francês é Dans l'Invisible.
Nossa expectativa é que este estudo sirva para o leitor
como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Este estudo é publicado sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. Por que nem sempre é possível
o contato com nossos parentes e amigos falecidos?
B. As leis que regem a
comunicação espírita são rigorosas?
C. É possível pela orientação de
nossos pensamentos modificar as influências que nos rodeiam?
Texto para
leitura
284. Muitas pessoas se admiram e ficam hesitantes às
primeiras dificuldades que encontram em suas tentativas de comunicar-se com os
Espíritos. E perguntam por que é tão rara, tampouco concludente a intervenção
destes, e por que não está a Humanidade inteira familiarizada com um fato de
tal magnitude. Outras, prosseguindo nas investigações, obtêm provas
satisfatórias e tornam-se adeptas convictas. Entretanto, objetam ainda que os
seres amados que têm no Espaço, parentes e amigos falecidos, apesar de seus veementes
desejos e reiteradas solicitações, nunca lhes deram o menor testemunho de sua
presença e esse insucesso lhes deixa uns restos de dúvida e desagradável
incerteza. Era esse o sentimento que o próprio Sr. Flammarion exprimia numa
publicação recente.
285. Ora, todo experimentador esclarecido facilmente a si
mesmo explicará a razão de tais malogros. Vosso desejo de comunicar com
determinado Espírito e igual desejo da parte deste não bastam só por si; é
preciso que ainda outras condições se reúnam, determinadas pela lei das
vibrações. Vosso amigo invisível escuta os chamados que lhe dirigis e procura
responder-vos.
286. Sabe que, para comunicar convosco, é preciso que vosso
cérebro físico e o cérebro fluídico dele vibrem em uníssono. Aí surge uma
primeira dificuldade. Seu pensamento irradia com demasiada velocidade para que
o possais perceber. Será, pois, o seu primeiro cuidado imprimir às suas
vibrações um movimento mais lento. Para isso um estudo mais ou menos prolongado
se tornará preciso, variando as probabilidades de êxito conforme as aptidões e
experiências do operador.
287. Se falha a tentativa, toda comunicação direta se torna
impossível e ele terá que confiar a um Espírito mais poderoso ou mais hábil a
transmissão de seus ditados. É o que frequentemente acontece nas manifestações.
Supondes receber o pensamento direto de vosso amigo e, entretanto, ele não vos
chega senão graças ao auxílio de um intermediário espiritual. Daí certas
inexatidões ou obscuridades, atribuíveis ao transmissor, que vos deixam
perplexo, ao passo que a comunicação, em seu conjunto, apresenta todos os
caracteres de autenticidade.
288. Na hipótese de que vosso amigo do outro mundo disponha
dos poderes necessários, ser-lhe-á preciso procurar um médium cujo cérebro, por
seus movimentos vibratórios, seja suscetível de se harmonizar com o seu. Há,
porém, tão grande variedade entre os cérebros como entre as vozes ou as
fisionomias; identidade absoluta não existe. O Espírito será forçado a
contentar-se com o instrumento menos impróprio ao resultado a que se propõe.
Achado esse instrumento, aplicar-se-á a lhe desenvolver as qualidades
receptivas. Poderá conseguir o desejado êxito em pouco tempo; algumas vezes,
porém, serão necessários meses, anos, para conduzir o médium ao requerido grau
de sensitividade.
289. Bem podeis, ainda, ser vós mesmos esse médium, esse
sensitivo. Se tendes consciência de vossas faculdades, se vos prestais à ação
do Espírito, alcançareis decerto o fim que ele atingir. Para isso se requerem,
ao mesmo tempo, paciência, perseverança, continuidade, regularidade de
esforços. Possuireis acaso essas qualidades? Vossa força de vontade será sempre
igual e inquebrantável? Se procedeis de modo incoerente, hoje com ardor, amanhã
tíbio, de tal forma que as vibrações do vosso cérebro variem em consideráveis
proporções, não tereis de vos admirar da diferença e mesmo da nulidade dos
resultados.
290. Pode acontecer que, sentindo-se impotente para ativar
em grau suficiente, no estado de vigília, as vibrações do vosso cérebro, recorra
o vosso amigo invisível ao “transe” e, pelo sono, vos procure tornar
inconsciente. Então vosso perispírito se exterioriza; suas irradiações
aumentam, se dilatam; a transmissão se faz possível; exprimis o pensamento do
Espírito. Ao despertardes, contudo, não conservareis lembrança alguma do
ocorrido e pelos outros é que sabereis o que tiverem proferido vossos lábios.
291. Todos esses fenômenos são regidos por leis rigorosas;
quaisquer que sejam vossas faculdades, vossos desejos, se não podeis satisfazer
às suas exigências, vossos pais e amigos falecidos, todas as legiões
invisíveis, debalde, agiriam sobre vós. Ocorre, todavia, encontrardes
desconhecidos, homens ou mulheres, que o acaso parece colocar em vosso caminho.
Nada sabem dessas coisas. A ciência do além-túmulo pode ser para eles letra
morta; entretanto, possuem um organismo que vibra harmonicamente com o
pensamento de vossos parentes, de vosso irmão ou mãe, e por seu intermédio
podem estes convosco entreter colóquios expansivos.
292. Poderei, a título de exemplo, citar o seguinte fato:
meu pai, falecido havia quinze anos, nunca se tinha podido comunicar no seio do
grupo cujos trabalhos muito tempo dirigi, por nenhum dos médiuns que aí se
haviam sucedido. Apenas um deles o tinha podido entrever como vaga e indistinta
sombra. Perdera eu toda a esperança de conversar com ele, quando uma noite, em
Marselha, por ocasião de uma visita de despedida feita a uma família amiga,
chega uma senhora, que não aparecia há mais de um ano, e, trocados os
cumprimentos habituais, toma lugar ao nosso lado. Em meio de nossa conversação
ela cai num sono espontâneo e, com grande surpresa minha, o Espírito de meu
pai, que ela jamais havia conhecido, se manifesta por seu intermédio, dá-me as
mais irrecusáveis provas de identidade e, numa enternecida efusão, descreve as
sensações, as emoções que experimentara desde o momento da separação.
293. Do conjunto dos estudos sobre as vibrações harmônicas
dos cérebros, uma comprovação resulta: é que, pela orientação e persistência de
nossos pensamentos, podemos modificar as influências que nos rodeiam e entrar
em relação com inteligências e forças similares.
294. Esse fato não é unicamente exato a respeito dos
sensitivos e dos médiuns; também se dá com todo ser pensante. As influências do
Além podem irradiar sobre nós, sem que haja comunicação consciente com os seres
que o povoam. Não é necessário acreditar na existência do mundo dos Espíritos e
querer conhecê-lo, para lhe experimentar os efeitos. A lei das atrações é
inelutável; tudo no homem lhe está submetido. Por isso a censura que dirigem
aos espíritas, acusando-os de atrair exclusivamente, em virtude de suas
práticas, as forças maléficas do Universo, é insubsistente diante dos fatos.
295. Depende do homem receber as mais diversas inspirações,
desde as sublimes às mais grosseiras. O nosso estado mental é como uma brecha
por onde amigos ou inimigos podem penetrar em nós.
296. Os sensuais atraem Espíritos sensuais que se associam
a seus atos e desejos e lhes aumentam a intensidade; os criminosos atraem
violentos que os impelem cada vez mais longe na prática do mal. O inventor é
auxiliado por investigadores do Além. O orador tem a percepção de imagens, que
fixará em arroubos de eloquência próprios a emocionar as multidões. O pensador,
o músico, o poeta receberão as vibrações das esferas em que o verdadeiro e o
belo constituem um objeto de culto; almas superiores e poderosas lhes
transfundirão as opulências da inspiração, o sopro divino que acaricia as
frontes sonhadoras e produz as maravilhas do gênio, do talento.
297. Assim, de um ao outro plano, responde o Espírito às
solicitações do Espírito. Todos os planos espirituais se ligam entre si. Os
instintos de ódio, de depravação e crueldade atraem os Espíritos do abismo. A
frivolidade atrai os Espíritos levianos; mas a prece do homem de bem, a súplica
por ele dirigida aos Espíritos celestes se eleva e repercute nota a nota, na
gama ascensional, até às mais elevadas esferas, ao mesmo tempo em que das
regiões profundas do Infinito descem sobre ele as ondas vibratórias, os
eflúvios do pensamento eterno, que o penetram de uma corrente de vida e de
energia. O Universo inteiro vibra sob o pensamento de Deus. (Continua
no próximo número.)
Respostas às
questões preliminares
A. Por que nem sempre é possível o contato com
nossos parentes e amigos falecidos?
Todo experimentador esclarecido facilmente
pode explicar a razão de tais malogros. O desejo de comunicar com determinado
Espírito e igual desejo da parte deste não bastam só por si; é preciso que
outras condições se reúnam, determinadas pela lei das vibrações. É
necessário, antes de mais nada, que nosso cérebro físico e o cérebro fluídico
dele vibrem em uníssono. Aí surge uma primeira dificuldade. O pensamento dele
irradia com demasiada velocidade para que o possamos perceber. Será, pois, o
seu primeiro cuidado imprimir às suas vibrações um movimento mais lento, mas
para isso um estudo mais ou menos prolongado se tornará preciso, variando as
probabilidades de êxito conforme as aptidões e experiências do operador. (No
Invisível - O Espiritismo experimental: VIII - As leis da comunicação
espírita.)
B. As leis que regem a comunicação espírita são rigorosas?
Sim. Os
fenômenos da mediunidade são regidos por leis que é preciso observar com rigor.
Quaisquer que sejam nossas faculdades e nossos desejos, se não pudermos
satisfazer às suas exigências, nossos pais e amigos falecidos e todas as
legiões invisíveis agiriam em vão sobre nós. (Obra citada - O Espiritismo
experimental: VIII - As leis da comunicação espírita.)
C. É possível pela orientação de nossos pensamentos modificar as
influências que nos rodeiam?
Sim. Do
conjunto dos estudos sobre as vibrações harmônicas dos cérebros, uma
comprovação resulta: é que, pela orientação e persistência de nossos
pensamentos, podemos modificar as influências que nos rodeiam e entrar em
relação com inteligências e forças similares. Esse fato não é unicamente exato
a respeito dos sensitivos e dos médiuns; também se dá com todo ser pensante. As
influências do Além podem irradiar sobre nós, sem que haja comunicação
consciente com os seres que o povoam. Não é necessário acreditar na existência
do mundo dos Espíritos e querer conhecê-lo, para lhe experimentar os efeitos. A
lei das atrações é inelutável; tudo no homem lhe está submetido. Por isso a
censura que dirigem aos espíritas, acusando-os de atrair exclusivamente, em
virtude de suas práticas, as forças maléficas do Universo, é insubsistente
diante dos fatos. (Obra citada - O Espiritismo experimental: VIII - As leis da
comunicação espírita.)
Observação:
Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na
semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/02/blog-post_10.html
Como consultar as matérias deste blog? Se
você não conhece a estrutura deste blog, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e os vários recursos que
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