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quarta-feira, 12 de abril de 2023

 



Revista Espírita de 1862

 

Allan Kardec

 

Parte 14

 

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Pode alguém estar encarnado na Terra pela primeira vez?

B. Quem custeava os gastos de viagem, quando Kardec viajava a serviço do Movimento Espírita?

C. Por que Guillaume Remone foi sepultado vivo?

 

Texto para leitura

 

146. Kardec alude a seu projeto de escrever a história do Espiritismo, mas ressalva que tal obra não sairá tão cedo e talvez nem mesmo em sua vida. Para tanto, uma farta documentação ele já conseguira reunir. (PP. 304 e 305)

147. De Cherbourg, a Revista publica comunicação transmitida por um ex-marujo da marinha chamado Arsène Gautier, de que ninguém se lembrava e que, no entanto, deu provas de ter estado na casa da médium, onde falecera quinze a dezesseis anos antes. Como o Espírito dissesse ser aquela sua primeira encarnação, Kardec perguntou a um dos guias da Sociedade de Paris se isso era possível. Eis a resposta: primeira encarnação na Terra é possível; mas, como Espírito, não. Estamos todos muito longe das primeiras encarnações que tivemos e não temos delas nenhuma consciência. (PP. 305 e 306)

148. Em resposta a uma senhora amiga, que lhe perguntou ser possível a um Espírito encarnado recuar ante uma prova começada, Kardec respondeu que sim. Os Espíritos recuam com frequência ante as provas e aí está a causa da maioria dos suicídios. E eles recuam também quando se desesperam e murmuram, perdendo assim os benefícios da prova. (P. 307)

149. É possível evocar um Espírito mentalmente, sem pronunciar seu nome, e ele responder a perguntas feitas mentalmente sem que o médium de nada saiba? Kardec disse que sim e são até muito comuns, mas raramente obtidas à vontade, enquanto ocorrem espontaneamente a cada passo. (PP. 307 e 308)

150. “A criança e o ateu”, do Espírito de Dulcis, e “A abóbora e a sensitiva”, de Dombre, compõem também o número de outubro de 1862 da Revista. (PP. 309 a 312)

151. Hippolyte Fortoul, comunicando-se no grupo de Sainte-Gemme, escreve sobre o Espiritismo e o Espírito maligno, afirmando que o orgulho é o mais encarniçado inimigo do gênero humano e que virá o dia em que serão obrigados a explicar-se publicamente todos aqueles que atribuem as manifestações espíritas ao demônio. (PP. 312 a 316)

152. Três comunicações assinadas por Sonnet, Barbaret e Lamennais fecham a edição de outubro. Eis, resumidamente, alguns dos ensinamentos nelas contidos:

I - O orgulho oblitera o julgamento sobre o que fazemos.

II - Para subtrair-nos à influência dos maus Espíritos, precisamos subir, subir bastante em virtude, e eles não nos atingirão.

III - Buscai na palavra a sobriedade e a concisão: poucas palavras, muita coisa. O Livro dos Espíritos é toda uma revolução, porque é conciso e sóbrio: poucas palavras, muita coisa.

IV - Não devemos medir a importância das comunicações por sua extensão, mas pelas ideias que encerram em pequeno espaço.

V - Limitado na inteligência e nas sensações e não podendo compreender além de certos limites, o homem pronuncia, então, a palavra sacramental: sobrenatural.

VI - O Espiritismo é a luz que deve iluminar, doravante, toda inteligência votada ao progresso comum. (PP. 316 a 319)

153. Kardec reporta-se, na edição de novembro, à viagem feita a Lyon, Bordeaux e a diversas outras localidades, num total de 20, durante mais de seis semanas, em que percorreu o equivalente a 693 léguas e assistiu a mais de cinquenta reuniões. Como o relato da viagem e as instruções transmitidas aos centros visitados ocupariam quase dois números da Revista, foi feita então uma separata do mesmo formato. (N.R.: A brochura constitui hoje obra independente, intitulada “Viagem Espírita em 1862”, publicada no Brasil pela Casa Editora O Clarim.) (PP. 321 e 322)

154. O Codificador aproveitou o ensejo para esclarecer que os gastos dessa e de outras viagens foram cobertos por seus recursos pessoais, e não pela Sociedade Espírita de Paris, como muitos pensavam. (P. 322)

155. Kardec pede vênia também aos correspondentes pela impossibilidade material de responder a todas as cartas que chegaram até ele, no período de seis semanas em que esteve fora de Paris. (P. 322)

156. Evocado na Sociedade Espírita de Saint-Jean d’Angély, em agosto de 1862, comunicou-se ali o Espírito de Guillaume Remone, cujo corpo – sepultado vivo – seria um dos que se veem mumificados nos subterrâneos da torre de São Miguel, na cidade de Bordeaux. Eis, em resumo, o que o Espírito informou:

I - Sua expiação deveu-se ao fato de haver assassinado a própria esposa, a quem sufocara com dois travesseiros, no leito conjugal.

II - O motivo desse crime foi ciúme.

III - Foi por engano que o sepultaram com vida.

IV - Logo depois da morte, ele se via na terra, impressão que durou cerca de 18 dias.

V - Ao deixar o corpo, ele se viu cercado de uma porção de Espíritos, sofredores como ele mesmo.

VI - O Espírito da esposa foi o primeiro a lhe aparecer, como que para censurar o seu crime, e ele a viu durante muito tempo, também infeliz. (PP. 323 a 328) (Continua no próximo número.)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Pode alguém estar encarnado na Terra pela primeira vez?

Sim. Uma primeira encarnação na Terra é possível, mas não a primeira encarnação do Espírito, visto que todos nós estamos muito longe das primeiras encarnações que tivemos e não temos delas nenhuma consciência. (Revista Espírita de 1862, pp. 305 e 306.)

B. Quem custeava os gastos de viagem, quando Kardec viajava a serviço do Movimento Espírita?

Ele próprio, com seus recursos pessoais, e não os confrades visitados ou a Sociedade Espírita de Paris, como muitos pensavam. (Obra citada, pp. 321 e 322.)

C. Por que Guillaume Remone foi sepultado vivo?

O próprio Guillaume, em comunicação dada em agosto de 1862, revelou a causa. Sua expiação deveu-se ao fato de haver assassinado a própria esposa, a quem sufocara com dois travesseiros, no leito conjugal. O motivo desse crime foi ciúme. Foi, porém, por engano que o sepultaram com vida. (Obra citada, pp. 323 a 328.)

 

 

Observação:

Para acessar a parte 13 deste estudo, publicada na semana passada, clique em https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/04/blog-post_05.html

 

  

 

 

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