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quarta-feira, 7 de junho de 2023

 



Revista Espírita de 1863

 

Allan Kardec

 

Parte 6

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que é que François-Nicolas Madeleine diz sobre a indulgência?

B. Devemos festejar o nascimento da doutrina espírita, como os cristãos festejam o nascimento de Jesus?

C. Por que, no caso dos possessos de Morzine, os exorcismos foram inúteis?

 

Texto para leitura

 

52. As crises observadas nos doentes de Morzine, conforme descrição feita pelo Sr. Constant, mostraram pessoas assumindo um estado de furor, bastante agitadas, a declarar-se diabos do inferno e a bater nos móveis com força e vivacidade. O caso Victoire V..., vinte anos, uma das primeiras a adoecer quando estava com dezesseis anos, é expressivo. Seu pai conta que ela jamais sentira qualquer coisa, até que um dia foi tomada na igreja. Certa vez, ao levar-lhe o jantar na cúria, onde ele trabalhava, a jovem pôs-se a saltar e atirou-se no chão, gritando e gesticulando. Por acaso o cura de Montriond ali se achava, mas ela o injuriou. O cura de Morzine aproximou-se dela, quando a jovem se acalmou, mas a crise recomeçou logo que ele fez o sinal da cruz em sua fronte. Após ter sido exorcizada várias vezes, sem sucesso, ele a levou a Genéve, onde o Sr. Lafontaine, o magnetizador, tratou-a durante um mês. Victoire retornou curada, permanecendo tranquila cerca de três anos. Depois disso, a doença voltou, mas ela já não tinha crises: apenas se trancava em casa e não queria ver ninguém, só comendo vez por outra, o que a enfraqueceu sobremodo, a ponto de não conseguir ficar de pé. Levada outra vez ao Sr. Lafontaine, depois de duas sessões ficou melhor e até este momento não mais enfermara. (PP. 105 a 110)

53. A Revista transcreve duas cartas, uma de Albi, outra de Lyon, em que seus autores atestam o efeito positivo que o conhecimento do Espiritismo produziu em suas vidas. “De agora em diante – diz Michel, de Lyon – poderei orar sem temer que minhas preces se percam no espaço e suportarei com alegria as tribulações desta curta existência, sabendo que a minha miséria atual não passa de justa consequência de um passado culposo...” (PP. 111 a 117)

54. Em data de 7/3/1863 um leitor escreveu de Chauny dando conta de que na paróquia local o Padre X..., estranho a ela, proferiu um sermão em que falou sobre Deus e sobre os Espíritos e suas relações com os homens, sem qualquer ataque ao Espiritismo. Ao reproduzir a missiva, Kardec diz que, graças a Deus, esse sermão não é único no gênero, o que demonstra que parte do clero não pactua com os que atribuem os fatos espíritas aos demônios. (PP. 117 e 118)

55. Um casal de Tours, ele com oitenta anos, a esposa com sessenta e dois, decidiu pôr fim às suas angústias recorrendo a lamentável suicídio, que os adversários do Espiritismo atribuíram ao fato de ambos estarem, nos últimos tempos, envolvidos com as práticas espíritas. O motivo, como acabou revelado numa carta deixada pela Sra. F..., era puramente econômico: o casal temia a perspectiva da miséria que rondava seu lar, após ter amealhado uma pequena fortuna no comércio de tecidos. (PP. 118 a 121)

56. Quando a verdadeira causa foi divulgada na cidade, o ruído feito inicialmente contra o Espiritismo mudou seu rumo a favor da doutrina, o que se expressou no incremento extraordinário da venda de livros espíritas. Segundo o correspondente da Revista, as livrarias de Tours nunca venderam tantas obras espíritas como a partir desse episódio. (P. 122)

57. O fanatismo religioso acrescentou mais um lamentável caso ao seu acervo, no início de 1862, em França. O casal C... tinha dois filhos: um menino de quinze meses e uma menina de cinco anos, que jamais eram vistos pelos vizinhos. Correndo o boato de que as crianças sofriam um tratamento odioso, a polícia foi até à casa e contemplou um espetáculo horroroso: a menina, sem camisa e sem meias, apenas com um vestidinho indiano totalmente sujo e com a carne dos pés colada ao couro dos sapatos, estava sentada num urinol, apoiada numa caixa e amarrada com cordas que passavam pelas alças da mesma. O inquérito apurou que a criança permanecera naquela posição havia muitos meses e, mais, que os pais se levantavam à noite para atormentá-la, despertando-a com pancadas. Inquirido pela autoridade policial, o pai explicou: “Senhor, eu sou muito religioso; minha filha fazia mal as preces; por isso quis corrigi-la”. (PP. 122 e 123)

58. Camille Flammarion publicou na Revista Française de fevereiro de 1863 um artigo, solicitado pela direção do periódico, em que escreve sobre a história e os princípios do Espiritismo. A Revista transcreve parte do artigo, em que Flammarion se reporta às primeiras manifestações verificadas na América, a sua introdução na Europa e sua conversão em doutrina filosófica. (PP. 123 a 125)

59. O Espírito de Jobard apresenta, em mensagem dada na Sociedade Espírita de Paris, um novo e zeloso partidário do Espiritismo, que na Terra não foi espírita, mas jamais se pronunciou abertamente contra as crenças espiritistas. Trata-se do Espírito de François-Nicolas Madeleine, que escreveu uma página sobre a indulgência na qual recomenda, no final, que devemos ser tão severos para conosco quanto indulgentes para com as fraquezas dos nossos irmãos. (PP. 125 a 128)

60. São Luís, comunicando-se na véspera do Natal na cidade de Tours, alude à festa da Natividade do Menino Jesus para dizer que os espíritas deveriam também alegrar-se e festejar o nascimento da doutrina espírita. (PP. 128 e 129)

61. A Revista de maio é aberta com novo artigo – o quinto e último – a respeito dos possessos de Morzine, no qual Kardec afirma que referidos fatos têm sua fonte na reação incessante que existe entre o mundo visível e o invisível que nos cerca e em cujo meio vivemos. Diz o Codificador:

I) Em Morzine abateu-se uma nuvem de Espíritos malfazejos e não será com duchas nem alimentos suculentos que eles serão expulsos.

II) Uns os chamam de diabos ou demônios; o Espiritismo os chama simplesmente de maus Espíritos e Espíritos inferiores, o que não implica uma melhor qualidade, mas indica que se trata de seres perfectíveis.

III) Os exorcismos realizados revelaram-se inúteis, porque sua eficácia depende não das palavras e sinais com que são feitos, mas do ascendente moral exercido sobre os causadores dos distúrbios. (PP. 131 a 138)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que é que François-Nicolas Madeleine diz sobre a indulgência?

François-Nicolas Madeleine enfatiza a importância da indulgência e, no final, recomenda que devemos ser tão severos para conosco quanto indulgentes para com as fraquezas dos nossos irmãos. (Revista Espírita de 1863, pp. 125 a 128.)

B. Devemos festejar o nascimento da doutrina espírita, como os cristãos festejam o nascimento de Jesus?

Sim. É o que propôs São Luís numa mensagem transmitida na véspera do Natal na cidade de Tours. Os espíritas deveriam, segundo ele, alegrar-se e festejar o nascimento da doutrina espírita. (Obra citada, págs. 128 e 129.)

C. Por que, no caso dos possessos de Morzine, os exorcismos foram inúteis?

Segundo Kardec, em Morzine abateu-se uma nuvem de Espíritos malfazejos e não seria com duchas nem com alimentos suculentos que eles seriam dali expulsos. Uns os chamam de diabos ou demônios; o Espiritismo os chama simplesmente de maus Espíritos e Espíritos inferiores, o que não implica uma melhor qualidade, mas indica que se trata de seres perfectíveis. Os exorcismos realizados revelaram-se inúteis porque sua eficácia depende não das palavras e sinais com que são feitos, mas do ascendente moral exercido sobre os causadores dos distúrbios. (Obra citada, pp. 131 a 138.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/05/revista-espirita-de-1863-allan-kardec_01245534226.html

 

 

 


 

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