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quarta-feira, 28 de junho de 2023

 



Revista Espírita de 1863

 

Allan Kardec

 

Parte 9

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Espírito batedor é o mesmo que Espírito tiptor?

B. A autoanálise é importante no processo evolutivo do ser humano?

C. O que distingue o Espiritismo das demais doutrinas filosóficas?

 

Texto para leitura

 

82. O “Orçamento do Espiritismo ou Exploração da Credulidade Humana” é o título de uma brochura publicada em Argel, em que o autor apresenta números mirabolantes para dizer que Allan Kardec embolsava uma renda anual de 38 milhões de francos. Eis alguns exemplos do absurdo: a Sociedade Espírita de Paris, que jamais teve 100 sócios, teria 3.000 associados, e a Revista Espírita contaria com 30.000 assinantes. O efeito junto aos espiritistas foi provocar uma enorme gargalhada e, nos demais, despertar o desejo de conhecer o nababo que ficou rico com o Espiritismo. (PP. 173 a 180)

83. O Sr. Sabô, de Bordeaux, conta que duas fábulas de origem mediúnica foram agraciadas no concurso anual promovido pela Academia dos Jogos Florais de Toulouse, em que se inscreveram 68 concorrentes. Uma - intitulada “O Leão e o Corvo” - obteve o primeiro prêmio; a outra recebeu menção honrosa. O autor desencarnado foi o Espírito familiar do Sr. T. Jaubert, vice-presidente do tribunal civil de Carcassone, que, evidentemente, não cientificou o júri sobre a origem mediúnica de seus dois trabalhos. As fábulas foram escritas por meio da linguagem alfabética das pancadas. (PP. 180 a 183)

84. Noutra carta, o Sr. Sabô relata uma experiência mediúnica por ele realizada, sendo médium o Sr. Jaubert. O Sr. Sabô fez, a pedido do médium, a evocação mental de um Espírito e eis que apareceu sua falecida esposa, morta aos 22 anos de idade, de nome Félicia, que Jaubert não conhecera. Comentando o fato, Kardec fez um único reparo: ao título de batedor dado ao Espírito que trabalha com o Sr. Jaubert. O vocábulo batedor é mais apropriado quando se refere a uma das classes constantes da escala espírita, na categoria de “Espíritos imperfeitos”. Como o objetivo do Espírito familiar do Sr. Jaubert é sério, Kardec prefere chamá-lo de Espírito tiptor, termo que se refere à linguagem tiptológica. (PP. 185 a 188)

85. Na seção de dissertações espíritas, a Revista transcreve três mensagens de origem mediúnica. Na primeira, La Fontaine diz que o que impede, por vezes, que nos corrijamos de um defeito é, certamente, não percebermos que o temos. Ele propõe então a autoanálise, o conhecimento de nós mesmos, para termos sucesso nesse campo. A segunda, sem identificação de autoria e recebida em Viena, destaca o valor da amizade e diz que a prece eleva o Espírito do homem para Deus, transportando-o para um estado de paz que o mundo não pode oferecer. A terceira, assinada apenas por um Filósofo do outro mundo, diz que o Espiritismo é obra de Deus e, por isso, tem assegurado um brilhante futuro, quando, graças à sua benéfica influência, haverá na Terra a concórdia e a fraternidade que ele apregoa. (PP. 191 a 194)

86. Interessante artigo sobre o sonambulismo abre o número de julho e nele Kardec reproduz carta de um distinto médico de Tarn, que afirma que certos fenômenos ligados ao sonambulismo provam com clareza a existência da alma e sua ação à distância, independente do corpo físico. Kardec comenta o assunto. (PP. 197 a 200)

87. A Revista transcreve dois pedidos de admissão formulados ao presidente da Sociedade Espírita de Paris, para mostrar o nível de consciência e o caráter dos que aderem às ideias espíritas através da leitura e do estudo. Nas duas cartas, ambos os missivistas dizem do efeito que a simples leitura d’O Livro dos Espíritos produziu em suas vidas. Comentando o assunto, Kardec afirma que a Sociedade Espírita de Paris só acolhe gente séria e que ali nenhum dos médiuns recebe retribuição. Quanto aos membros correspondentes e honorários, nenhum encargo financeiro lhes é imposto, visto que apenas os membros titulares e associados concorrem para o custeio das despesas da Sociedade. (PP. 200 a 204)

88. A última inventada para tentar ridicularizar o Espiritismo surgiu na Sala Robin, no Boulevard du Temple, onde aparecem espectros e fantasmas impalpáveis, imitando as aparições espíritas. O jornal Independence belge, falando sobre esse novo truque cênico, exclamou: “Eis a religião do Sr. Allan Kardec metida a pique. Como vai o Espiritismo sair-se desta?” Kardec diz que deve haver o dedo dos Espíritos nesse movimento, porque esses recursos, aliados à virulência dos sermões, acabam produzindo efeito contrário ao que os detratores do Espiritismo desejam. (PP. 204 a 206)

89. Um correspondente de Bordeaux, mencionando o fato que ocorreu com sua irmã na cidadezinha de B..., onde era difícil encontrar alguém para conversar sobre Espiritismo, mostra o efeito que quatro sermões proferidos pelos irmãos carmelitas tiveram na população da cidade. O resultado dos ataques – ao chamar os médiuns de possessos do demônio que só agem por interesse – foi que em toda a cidade só se falava, nos dias seguintes, do Espiritismo e todo mundo queria saber mais, fato que fez com que surgissem novos adeptos onde não havia praticamente nenhum. (PP. 207 e 208)

90. Em Constantinopla, conforme carta enviada à Revista pelo advogado Repos Filho, presidente da Sociedade Espírita local, os livros espíritas, mal chegam aos livreiros, são imediatamente vendidos. (P. 209)

91. Segundo o Sr. Repos Filho, um quadro desenhado mediunicamente por seu amigo e confrade Paul Lombardo foi admitido na Exposição nacional otomana com esta inscrição: “Desenho mediúnico. Executado pelo Sr. Paul Lombardo, de Constantinopla, que desconhece as artes do desenho e da pintura”. Comentando ambas as notícias, Kardec diz que o Espiritismo tem um caráter que o distingue de todas as doutrinas filosóficas: o de não ter um foco único, de não depender da vida de nenhum homem. Se o prejudicam aqui, ele surge ali. Eis aí a sua força. (PP. 209 a 211)  

 

Respostas às questões propostas

 

A. Espírito batedor é o mesmo que Espírito tiptor?

Não. O Sr. Sabô fez a evocação mental de um Espírito e eis que apareceu sua falecida esposa, que o médium não conhecera. Sua comunicação se fez por meio de pancadas. Comentando o fato, Kardec fez um reparo ao título de batedor dado ao Espírito comunicante, afirmando que o vocábulo batedor é mais apropriado quando se refere a uma das classes constantes da escala espírita, na categoria de “Espíritos imperfeitos”. Como o objetivo do Espírito que ali se comunicou foi sério, Kardec prefere chamá-lo de Espírito tiptor, termo que se refere à linguagem tiptológica. (Revista Espírita de 1863, pp. 185 a 188.)

B. A autoanálise é importante no processo evolutivo do ser humano?

Sim. Segundo o Espírito de La Fontaine, o que impede, por vezes, que nos corrijamos de um defeito é, certamente, não percebermos que o temos. Ele propõe então a autoanálise, o conhecimento de nós mesmos, para termos sucesso nesse campo. (Obra citada, págs. 191 a 194.)

C. O que distingue o Espiritismo das demais doutrinas filosóficas?

O que distingue o Espiritismo de todas as doutrinas filosóficas é o fato não ter um foco único, de não depender da vida de nenhum homem. Se o prejudicam aqui, ele surge ali. Eis aí a sua força. (Obra citada, pp. 209 a 211.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/06/revista-espirita-de-1863-allan-kardec_01043510072.html

 

 

 

 


 

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