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domingo, 4 de junho de 2023

 



Sobre o purgatório, o inferno e as penas eternas

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Embora sem nenhum fundamento bíblico, o purgatório é visto com simpatia pelo Espiritismo, que não o nega; antes, pelo contrário, demonstra sua necessidade e justiça e vai mesmo além: ele o define. O purgatório localiza-se aqui mesmo, ou seja, ele seria o próprio planeta, onde expiamos os erros do passado e nos depuramos, graças às existências sucessivas que o Criador nos concede. Não é outro o motivo pelo qual nosso orbe é chamado no Espiritismo de planeta de provas e expiações, em que a dor, o sofrimento, as vicissitudes estão presentes em todos os lugares, não importa se o país seja considerado pelos economistas como pertencente ao primeiro, ao segundo ou ao terceiro mundo.

Quanto ao inferno, o pensamento espírita é diferente. Segundo o Espiritismo, o inferno não tem existência real. O inferno não é um lugar, mas tão somente um estado de espírito, expressão utilizada por um eminente vulto da Igreja Católica, o saudoso papa João Paulo II. Podemos estar no inferno residindo em uma mansão de luxo ou no paraíso vivendo em uma simples cabana.

Como sabemos, o inferno foi descrito pelos autores católicos como uma imensa fornalha, mas teria sido sempre assim compreendido pela alta teologia? Evidente que não. Assim como o papa que mencionamos, os teólogos mais lúcidos também entendem que semelhante descrição é uma simples figura e que o fogo que ali se consome é um fogo moral, símbolo das dores mais intensas e cruciantes, independentemente do lugar em que nos situemos.

Pode-se dizer o mesmo a respeito da eternidade das penas. Se fosse possível votar-se essa questão, para se conhecer a opinião íntima de todos os homens que raciocinam e se acham no caso de compreendê-la, veríamos mesmo entre os mais fervorosos religiosos que a maioria entende que a eternidade dos suplícios, se fosse real, seria a negação da infinita misericórdia de Deus, além de não ter suporte algum nos ensinamentos de Jesus.

Segundo o Espiritismo, a duração do castigo é subordinada ao melhoramento do Espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo determinado é pronunciada contra ele. O que Deus exige, para pôr um fim aos sofrimentos, é o arrependimento, a expiação e a reparação; em uma palavra, um melhoramento sério e efetivo, uma volta sincera ao bem.

O Espírito é, assim, o árbitro de sua própria sorte. Sua pertinácia no mal prolonga-lhe os sofrimentos; seus esforços para fazer o bem os minoram ou abreviam, como o apóstolo Pedro afirmou sabiamente: “Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados”. (1 Pedro, 4:8.)

 

 

 


 

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