Revista Espírita de 1863
Allan Kardec
Parte 15
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que apresenta de
especial, nos anais do Espiritismo, a data de 18 de agosto de 1863?
B. É verdade que os
antigos profetas eram inspirados por Espíritos elevados?
C. Que tarefa se
apresenta hoje aos Espíritos superiores?
Texto para leitura
142. A Revista traz
breve comentário de Kardec sobre o livro O Espiritualismo Racional, do
Sr. G. H. Love, engenheiro, que se propôs tirar da própria ciência e da
observação dos fatos a demonstração das ideias espiritualistas. Num dos trechos
do livro, seu autor afirma “que é impossível ser um bom espírita sem ser um
homem de bem e um bom cidadão”. E acrescenta: “Não conheço muitas religiões das
quais se possa dizer o mesmo”. (PP. 321
e 322)
143. Kardec volta a
comentar a brochura Sermões sobre o Espiritismo, a que a Revista se
reportou oportunamente. Trata-se da refutação feita por um confrade de Metz a
três sermões pregados em maio de 1863 na Catedral de Metz pelo Pe. Letierce, da
Companhia de Jesus. (PP. 322 a 324)
144. O segundo artigo
escrito pelo Sr. F. Herrenschneider sobre a união da Filosofia e do Espiritismo
abre o número de novembro de 1863. Eis os pontos principais contidos no
alentado estudo:
I) A alma humana é
constituída de maneira a existir separadamente do corpo, tão bem quanto em seu
envoltório.
II) Os espíritas são
homens bem dispostos para a busca da verdade porque renunciaram por si mesmos
às vaidades mundanas e à superstição oficial dos cultos reconhecidos.
III) A alma compõe-se
de dois elementos bem distintos entre si e, apesar disso, indissoluvelmente
unidos, porque jamais e em parte alguma esses elementos se encontraram
separadamente.
IV) O ecletismo
espiritualista nos reconhece três faculdades principais: a vontade, a sensação
e a razão, faculdades essas que se distinguem do corpo físico.
V) Deus nos
proporcionou fatos, circunstâncias e acontecimentos providenciais bastante
chocantes para nos reconduzir ao bom caminho. As doutrinas e os fatos sobre os
quais se funda o Espiritismo estão neste número. (PP. 325 a 335)
145. Kardec
transcreve passagens de uma Carta Pastoral dirigida pelo Bispo de Argel em 18
de agosto de 1863 aos curas de sua diocese, na qual o clérigo adverte sobre a
“superstição dita Espiritismo”. Em seguida aos trechos da Pastoral o
Codificador alinhou seus comentários, iniciando-os com a informação de que a
circular foi um excelente meio de tornar o Espiritismo conhecido em lugares
onde antes ele não o era. Aliás, a virulência e o exagero contidos nos sermões
sempre concorreram para o aumento do número de adeptos, como se deu em Lyon. A
Carta termina ordenando a interdição na diocese de Argel da prática do
Espiritismo e da invocação dos mortos. Segundo Kardec, essa ordenação foi a
primeira lançada com o fito de interditar oficialmente o Espiritismo numa
localidade e, por esse motivo, a data 18/8/1863 deve ficar marcada nos anais do
Espiritismo, como a de 9 de outubro de 1861, quando se realizou o auto-de-fé de
Barcelona. (PP. 335 a 345)
146. A Revista
transcreve duas cartas de leitores, que demonstram o efeito da ação
moralizadora do Espiritismo. Na primeira, o Sr. Adolphe Roussel conta que a
simples leitura do livrinho Que é o Espiritismo? o havia retirado das
hostes do ateísmo e do materialismo. Na segunda, um cidadão recluso numa
penitenciária revela o bem que o conhecimento do Espiritismo lhe fez,
devolvendo-lhe, embora preso, a crença em Deus e em sua justiça. (PP. 345 a
351)
147. Novo sucesso
obtido pelo Espírito tiptologista de Carcassone é noticiado pela Revista:
trata-se da medalha de bronze obtida no concurso de Nîmes, após ter alcançado o
primeiro prêmio na Academia dos Jogos Florais de Toulouse, atuando como médium
o Sr. Jaubert, vice-presidente do Tribunal Civil de Carcassone. (PP. 351 e 352)
148. É transcrita
pela Revista interessante passagem extraída de uma obra publicada pelo dr.
Gelpke, em 1817, em Leipzig, na qual o autor alude à existência de habitantes
em outros planetas. (PP. 352 e 353)
149. Fechando o
número de novembro, a Revista publica duas comunicações assinadas por São Luís
e Santo Agostinho. Na primeira, denominada “A nova torre de Babel”, São Luís
assevera que o Espiritismo é o Cristianismo da Idade Moderna e deve restituir
às tradições o seu sentido espiritualista. Santo Agostinho diz, na segunda
mensagem, que os antigos profetas eram todos inspirados por Espíritos elevados,
que lhes davam ensinamentos de natureza a serem compreendidos apenas por
inteligências de escol e cujo sentido não estivesse em oposição muito patente
com os conhecimentos da época. Era, desse modo, possível interpretá-los de
maneira adequada à inteligência das massas, para que estas não os rejeitassem,
o que certamente se daria se as revelações estivessem em oposição muito formal
com as ideias gerais. (P. 354)
150. Hoje – assevera
Santo Agostinho – o cuidado dos Espíritos é o de esclarecer completamente os
homens, fazendo-os compreender as aproximações existentes entre as revelações
atuais e as dos antigos. E outra é a sua tarefa: combater a mentira, a
hipocrisia e o erro, missão muito difícil e muito árdua, mas cujo fim será
alcançado, porque essa é a vontade de Deus. (P. 355)
151. Abrindo o número
de dezembro, Kardec responde a um distinto publicista que, embora não fosse
contrário aos processos espíritas, julgava-os inúteis no seu caso. O
Codificador mostra, porém, a utilidade do ensino trazido pelos Espíritos,
apontando os inúmeros motivos que dão embasamento à sua tese. Nesse sentido, os
fatos e as vozes de além-túmulo, fazendo-se ouvir em seus próprios lares,
promovem a necessária mudança que simples considerações filosóficas não
conseguem imprimir no caráter e no pensamento da criatura humana. (PP. 357 a
360)
Respostas às questões propostas
A. Que apresenta de especial, nos anais do Espiritismo, a
data de 18 de agosto de 1863?
Foi nessa data que o Bispo de Argel enviou uma Carta
Pastoral aos curas de sua diocese, na qual, depois de advertir sobre a
“superstição dita Espiritismo”, ordenou a interdição na diocese de Argel da
prática do Espiritismo e da evocação dos mortos. (Revista Espírita de 1863,
pp. 335 a 345.)
B. É verdade que os antigos profetas eram inspirados por
Espíritos elevados?
Sim. Segundo Santo Agostinho, os antigos profetas eram
todos inspirados por Espíritos elevados, que lhes davam ensinamentos de
natureza a serem compreendidos apenas por inteligências de escol e cujo sentido
não estivesse em oposição muito patente com os conhecimentos da época. Era, desse modo,
possível interpretá-los de maneira adequada à inteligência das massas, para que
estas não os rejeitassem, o que certamente se daria se as revelações estivessem
em oposição muito formal com as ideias gerais. (Obra citada, pág. 354.)
C. Que tarefa se
apresenta hoje aos Espíritos superiores?
Além de esclarecer
completamente os homens, fazendo-os compreender as aproximações existentes
entre as revelações atuais e as dos antigos, os Espíritos têm outra tarefa:
combater a mentira, a hipocrisia e o erro, missão muito difícil e muito árdua,
mas cujo fim será alcançado, porque essa é a vontade de Deus. (Obra citada,
pág. 355.)
Observação:
Para
acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/08/revista-espirita-de-1863-allan-kardec.html
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