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quarta-feira, 9 de agosto de 2023

 



Revista Espírita de 1863

 

Allan Kardec

 

Parte 15

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que apresenta de especial, nos anais do Espiritismo, a data de 18 de agosto de 1863?

B. É verdade que os antigos profetas eram inspirados por Espíritos elevados?

C. Que tarefa se apresenta hoje aos Espíritos superiores?

 

Texto para leitura

 

142. A Revista traz breve comentário de Kardec sobre o livro O Espiritualismo Racional, do Sr. G. H. Love, engenheiro, que se propôs tirar da própria ciência e da observação dos fatos a demonstração das ideias espiritualistas. Num dos trechos do livro, seu autor afirma “que é impossível ser um bom espírita sem ser um homem de bem e um bom cidadão”. E acrescenta: “Não conheço muitas religiões das quais se possa dizer o mesmo”. (PP.  321 e 322)

143. Kardec volta a comentar a brochura Sermões sobre o Espiritismo, a que a Revista se reportou oportunamente. Trata-se da refutação feita por um confrade de Metz a três sermões pregados em maio de 1863 na Catedral de Metz pelo Pe. Letierce, da Companhia de Jesus. (PP. 322 a 324)

144. O segundo artigo escrito pelo Sr. F. Herrenschneider sobre a união da Filosofia e do Espiritismo abre o número de novembro de 1863. Eis os pontos principais contidos no alentado estudo:

I) A alma humana é constituída de maneira a existir separadamente do corpo, tão bem quanto em seu envoltório.

II) Os espíritas são homens bem dispostos para a busca da verdade porque renunciaram por si mesmos às vaidades mundanas e à superstição oficial dos cultos reconhecidos.

III) A alma compõe-se de dois elementos bem distintos entre si e, apesar disso, indissoluvelmente unidos, porque jamais e em parte alguma esses elementos se encontraram separadamente.

IV) O ecletismo espiritualista nos reconhece três faculdades principais: a vontade, a sensação e a razão, faculdades essas que se distinguem do corpo físico.

V) Deus nos proporcionou fatos, circunstâncias e acontecimentos providenciais bastante chocantes para nos reconduzir ao bom caminho. As doutrinas e os fatos sobre os quais se funda o Espiritismo estão neste número. (PP. 325 a 335)

145. Kardec transcreve passagens de uma Carta Pastoral dirigida pelo Bispo de Argel em 18 de agosto de 1863 aos curas de sua diocese, na qual o clérigo adverte sobre a “superstição dita Espiritismo”. Em seguida aos trechos da Pastoral o Codificador alinhou seus comentários, iniciando-os com a informação de que a circular foi um excelente meio de tornar o Espiritismo conhecido em lugares onde antes ele não o era. Aliás, a virulência e o exagero contidos nos sermões sempre concorreram para o aumento do número de adeptos, como se deu em Lyon. A Carta termina ordenando a interdição na diocese de Argel da prática do Espiritismo e da invocação dos mortos. Segundo Kardec, essa ordenação foi a primeira lançada com o fito de interditar oficialmente o Espiritismo numa localidade e, por esse motivo, a data 18/8/1863 deve ficar marcada nos anais do Espiritismo, como a de 9 de outubro de 1861, quando se realizou o auto-de-fé de Barcelona. (PP. 335 a 345)

146. A Revista transcreve duas cartas de leitores, que demonstram o efeito da ação moralizadora do Espiritismo. Na primeira, o Sr. Adolphe Roussel conta que a simples leitura do livrinho Que é o Espiritismo? o havia retirado das hostes do ateísmo e do materialismo. Na segunda, um cidadão recluso numa penitenciária revela o bem que o conhecimento do Espiritismo lhe fez, devolvendo-lhe, embora preso, a crença em Deus e em sua justiça. (PP. 345 a 351)

147. Novo sucesso obtido pelo Espírito tiptologista de Carcassone é noticiado pela Revista: trata-se da medalha de bronze obtida no concurso de Nîmes, após ter alcançado o primeiro prêmio na Academia dos Jogos Florais de Toulouse, atuando como médium o Sr. Jaubert, vice-presidente do Tribunal Civil de Carcassone. (PP. 351 e 352)

148. É transcrita pela Revista interessante passagem extraída de uma obra publicada pelo dr. Gelpke, em 1817, em Leipzig, na qual o autor alude à existência de habitantes em outros planetas. (PP. 352 e 353)

149. Fechando o número de novembro, a Revista publica duas comunicações assinadas por São Luís e Santo Agostinho. Na primeira, denominada “A nova torre de Babel”, São Luís assevera que o Espiritismo é o Cristianismo da Idade Moderna e deve restituir às tradições o seu sentido espiritualista. Santo Agostinho diz, na segunda mensagem, que os antigos profetas eram todos inspirados por Espíritos elevados, que lhes davam ensinamentos de natureza a serem compreendidos apenas por inteligências de escol e cujo sentido não estivesse em oposição muito patente com os conhecimentos da época. Era, desse modo, possível interpretá-los de maneira adequada à inteligência das massas, para que estas não os rejeitassem, o que certamente se daria se as revelações estivessem em oposição muito formal com as ideias gerais. (P. 354)

150. Hoje – assevera Santo Agostinho – o cuidado dos Espíritos é o de esclarecer completamente os homens, fazendo-os compreender as aproximações existentes entre as revelações atuais e as dos antigos. E outra é a sua tarefa: combater a mentira, a hipocrisia e o erro, missão muito difícil e muito árdua, mas cujo fim será alcançado, porque essa é a vontade de Deus. (P. 355)

151. Abrindo o número de dezembro, Kardec responde a um distinto publicista que, embora não fosse contrário aos processos espíritas, julgava-os inúteis no seu caso. O Codificador mostra, porém, a utilidade do ensino trazido pelos Espíritos, apontando os inúmeros motivos que dão embasamento à sua tese. Nesse sentido, os fatos e as vozes de além-túmulo, fazendo-se ouvir em seus próprios lares, promovem a necessária mudança que simples considerações filosóficas não conseguem imprimir no caráter e no pensamento da criatura humana. (PP. 357 a 360)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que apresenta de especial, nos anais do Espiritismo, a data de 18 de agosto de 1863?

Foi nessa data que o Bispo de Argel enviou uma Carta Pastoral aos curas de sua diocese, na qual, depois de advertir sobre a “superstição dita Espiritismo”, ordenou a interdição na diocese de Argel da prática do Espiritismo e da evocação dos mortos. (Revista Espírita de 1863, pp. 335 a 345.)

B. É verdade que os antigos profetas eram inspirados por Espíritos elevados?

Sim. Segundo Santo Agostinho, os antigos profetas eram todos inspirados por Espíritos elevados, que lhes davam ensinamentos de natureza a serem compreendidos apenas por inteligências de escol e cujo sentido não estivesse em oposição muito patente com os conhecimentos da época. Era, desse modo, possível interpretá-los de maneira adequada à inteligência das massas, para que estas não os rejeitassem, o que certamente se daria se as revelações estivessem em oposição muito formal com as ideias gerais. (Obra citada, pág. 354.)

C. Que tarefa se apresenta hoje aos Espíritos superiores?

Além de esclarecer completamente os homens, fazendo-os compreender as aproximações existentes entre as revelações atuais e as dos antigos, os Espíritos têm outra tarefa: combater a mentira, a hipocrisia e o erro, missão muito difícil e muito árdua, mas cujo fim será alcançado, porque essa é a vontade de Deus. (Obra citada, pág. 355.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/08/revista-espirita-de-1863-allan-kardec.html

 

 

 



 

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