Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 9
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que é que
Vaucanson previu a respeito das relações entre o Espiritismo e a maçonaria?
B. Como o apóstolo
João, o Evangelista, define a vida e o sofrimento?
C. Podemos considerar
sobrenatural o dom da predição?
Texto para leitura
102. Segundo
Vaucanson, o Espiritismo encontrará no seio das lojas maçônicas numerosa
falange compacta de crentes sérios, resolutos e inabaláveis na fé, porque o
Espiritismo realiza todas as aspirações generosas e caridosas da franco-maçonaria;
sanciona as crenças que esta professa, dando provas irrecusáveis da
imortalidade da alma; e conduz a humanidade ao objetivo que se propõe: união,
paz, fraternidade universal, pela fé em Deus e no futuro. (PP. 125 e 126)
103. A Revista traz,
fechando o número de abril, mensagem assinada por João, o Evangelista, dirigida
aos operários, a quem o apóstolo diz: “Operários, sois os eleitos na via
dolorosa da provação, onde marchais de pés sangrentos e coração desencorajado.
Esperai, irmãos! Todo sofrimento leva consigo o seu salário; toda jornada
laboriosa tem sua noite de repouso. Crede no futuro, que será vossa recompensa
e não busqueis o esquecimento, que é ímpio”. (PP. 126 e 127)
104. João lembra a
eternidade da vida, asseverando: “Meus amigos, a vida é a jornada da
eternidade; cumpri bravamente o seu labor; não sonheis com um repouso
impossível; não adianteis o relógio do tempo; tudo vem a ponto: a recompensa da
coragem e a bênção ao coração comovido, que se confia à eterna justiça”. “Sede espíritas:
tornar-vos-eis fortes e pacientes, porque aprendereis que as provas são uma
dádiva assegurada do progresso e que abrirão a entrada do repouso feliz, onde
bendireis os sofrimentos que vos terão aberto o seu acesso.” (P. 127)
105. A teoria da presciência
é o tema do artigo de abertura do número de maio, onde Kardec examina a questão
do conhecimento do futuro, que é um dos mais intrincados assuntos tratados pelo
Espiritismo. (PP. 129 a 134)
106. Kardec inicia o
artigo citando o exemplo do homem que, colocado no alto de uma montanha, pode
dizer ao viajante que caminha pela planície tudo aquilo que este irá encontrar
em sua viagem. Para o viajante, o outro estará anunciando o futuro; para o homem
da montanha, trata-se apenas do presente. (PP. 129 e 130)
107. Os Espíritos
desmaterializados - diz Kardec - são como o homem da montanha. Para eles
apagam-se espaço e tempo, mas a extensão e a penetração de sua vista são
proporcionais à sua depuração e à sua elevação na hierarquia espiritual. É
fácil compreender, portanto, que, conforme o grau de perfeição, um Espírito
possa abarcar um período de alguns anos, alguns séculos e até milhares de anos,
porque o que é um século ante a eternidade? (P. 130)
108. Se uma tal
faculdade, mesmo restrita, pode estar nos atributos da criatura, a que grau de
poder deve ela elevar-se no Criador, que abarca o infinito? Para Deus o tempo
não existe; o começo e o fim do mundo são o presente. (P. 130)
109. No tocante ao
homem, pode ser-lhe útil, em certos casos, pressentir os acontecimentos
futuros. Eis por que Deus permite, às vezes, que se levante a ponta do véu, o
que se dá somente com um fim útil e jamais para satisfazer uma vã curiosidade.
Essa missão pode ser, assim, concedida aos Espíritos e mesmo a certos homens.
(PP. 130 e 131)
110. Aquele a quem é
confiado o trabalho de revelar uma coisa oculta pode recebê-la, mau grado seu,
como inspiração suscitada pelos Espíritos que a conhecem. Sabe-se também que,
durante o sono ou em momentos de êxtase, a alma se desprende e possui em grau
mais ou menos grande as faculdades do Espírito livre. Se for um Espírito
adiantado e tiver, como os profetas, recebido a missão especial para esse fim,
goza nesses momentos da faculdade de abarcar, por si mesmo, um período mais ou
menos extenso e ver, como se presentes, os acontecimentos desse período. (P.
131)
111. Ele pode então
revelá-los de imediato, ou conservar-lhes a memória ao despertar. Se os
acontecimentos tiverem que permanecer em segredo, ele perderá a sua lembrança
ou conservará apenas uma vaga intuição, suficiente para o guiar
instintivamente. (P. 131)
112. O dom da
predição não é, portanto, fato sobrenatural, como não o são os outros fenômenos
espíritas: repousa nas propriedades da alma e na lei das relações entre os
mundos visível e invisível, que o Espiritismo veio dar a conhecer. (P. 131)
113. Concluindo o
artigo, Kardec afirma com toda a clareza que a faculdade de prever o futuro é
inerente ao estado de espiritualização ou, se preferirmos, de desmaterialização
da criatura humana. “Por outras palavras - diz Kardec -, a espiritualização
produz um efeito que se pode comparar, embora muito imperfeitamente, ao da
visão de conjunto do homem sobre a montanha.” Essa comparação, lembra ele,
objetiva apenas mostrar que acontecimentos que estão no futuro para uns estão
no presente para outros e, desse modo, podem ser preditos, o que não implica
que o efeito se produza da mesma maneira. Quer dizer: para gozar dessa
percepção o Espírito não precisa transportar-se para um ponto qualquer no
espaço. (P. 132)
Respostas às questões propostas
A. Que é que
Vaucanson previu a respeito das relações entre o Espiritismo e a maçonaria?
Segundo Vaucanson, o
Espiritismo deveria encontrar no seio das lojas maçônicas numerosa falange
compacta de crentes sérios, resolutos e inabaláveis na fé, porque ele realiza
todas as aspirações generosas e caridosas da franco-maçonaria; sanciona as
crenças que esta professa, dando provas irrecusáveis da imortalidade da alma; e
conduz a humanidade ao objetivo que se propõe: união, paz, fraternidade
universal, pela fé em Deus e no futuro. (Revista Espírita de 1864,
pp. 125 e 126.)
B. Como o apóstolo
João, o Evangelista, define a vida e o sofrimento?
Em mensagem dirigida
aos operários, o Espírito do apóstolo João disse: “Operários, sois os eleitos
na via dolorosa da provação, onde marchais de pés sangrentos e coração
desencorajado. Esperai, irmãos! Todo sofrimento leva consigo o seu salário;
toda jornada laboriosa tem sua noite de repouso. Crede no futuro, que será
vossa recompensa e não busqueis o esquecimento, que é ímpio”. João lembrou
também na mensagem a eternidade da vida: “Meus amigos, a vida é a jornada da
eternidade; cumpri bravamente o seu labor; não sonheis com um repouso
impossível; não adianteis o relógio do tempo; tudo vem a ponto: a recompensa da
coragem e a bênção ao coração comovido, que se confia à eterna justiça”. (Obra
citada, pp. 126 e 127.)
C. Podemos considerar sobrenatural o dom da predição?
Não. O dom da predição não é fato sobrenatural, como não
o são os outros fenômenos espíritas. Ele repousa nas propriedades da alma e na
lei das relações entre os mundos visível e invisível, que o Espiritismo vem dar
a conhecer. A faculdade de prever o futuro é, segundo Kardec, inerente ao
estado de espiritualização ou, se preferirmos, de desmaterialização da criatura
humana. (Obra
citada, pp. 131 e 132.)
Observação:
Para
acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/10/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_01196908959.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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