Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 13
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Kardec disse que a
data de 1º de maio de 1864 ficaria marcada nos anais do Espiritismo. Por quê?
B. Um novo conceito
foi adotado na Revista por Kardec: “espírita de fato”. Que significa essa
expressão?
C. Qual é, na visão
de Kardec, a missão do Espiritismo?
Texto para leitura
150. Querendo
convencer-se da verdade contada por Irmã Maria, o abade ordenou ao Espírito
sofredor que tomasse o crucifixo da parede e o pusesse sobre o peito da
enferma; ele obedeceu imediatamente. Depois, a pedido do abade, ele recolocou o
crucifixo na parece e fez mover-se a pia d’água. Chamado à cela, padre Chambon
repetiu as ordens e os fenômenos ocorreram outra vez, na presença de outras
pessoas, como o Cônego Digoine e o padre Robert. (P. 187)
151. Na seção de
variedades, o número de junho faz o seguinte registro: “A data de 1º de maio de
1864 será marcada nos anais do Espiritismo, como a de 9 de outubro de 1861. Ela
lembrará a decisão da sagrada congregação do Índex, concernente a nossas obras
sobre o Espiritismo. Se uma coisa causou admiração aos espíritas, é que tal
decisão não tenha sido tomada mais cedo”. (N.R.: O dia 9 de outubro de 1861,
e não 1862, como está na edição publicada pela Edicel, lembra-nos a execução do
Auto-de-fé de Barcelona.) (P. 190)
152. Diz a Revista
que, logo que a Igreja divulgou sua decisão, a maioria das livrarias
apressaram-se em pôr as obras espíritas em evidência. Alguns livreiros mais
tímidos, por medo, as tiraram das prateleiras, mas não as vendiam menos dentro
do balcão. A medida, do ponto de vista legal, era porém inócua, porque a lei
orgânica vigente na França estabelece que nenhuma bula, decreto, mandato ou
qualquer expediente da Corte de Roma pode ser recebido, impresso ou executado
sem autorização do governo. (P. 190)
153. Sob o título Perseguições
militares, o número de junho lembra que, embora contando numerosos
representantes no seio do Exército francês, existiam regimentos em que o Espiritismo
encontrava adversários declarados, que interditavam formalmente os seus
subordinados de dele se ocupar, fora as perseguições de praxe. O conselho de
Kardec era que todos se submetessem sem murmúrio à disciplina hierárquica,
esperando com paciência dias melhores. “Essas pequenas perseguições são
provações para sua fé e servem ao Espiritismo, em vez de o prejudicar”, afirma
o Codificador. “Devem julgar-se felizes por sofrer um pouco por uma causa que
lhes é cara.” (PP. 190 e 191)
154. Finalizando a
edição de junho, a Revista refere que o dia 3 de abril de 1864 foi um momento
de grande festa para a comuna de Cempuis, perto de Grandvilliers, Oise.
Milhares de pessoas ali estiveram reunidas para uma tocante cerimônia em que o
Sr. Prévost, membro da Sociedade Espírita de Paris e fundador da casa de retiro
de Cempuis e das sociedades de auxílio mútuo do departamento, foi o modesto
herói. Imenso cortejo, precedido da banda de Grandvilliers, o conduziu à
Prefeitura, onde recebeu medalha de honra por seu devotamento à causa dos que
sofrem. (P. 191)
155. O número de
julho da Revista traz, logo na abertura, carta do padre A. Barricand, deão da
Faculdade de Teologia de Lyon, na qual ele reclama do modo como seu curso sobre
Espiritismo foi fantasiado e desfigurado pelo periódico. Segundo o padre, a Vérité
faltou à verdade na reportagem que fez sobre os aludidos cursos. (PP. 193 a
195)
156. Ao comentar a
carta, Kardec diz que, até ali, o clero havia procurado exagerar o número dos
adeptos do Espiritismo, objetivando com isso assustar os católicos, para que
estes o repelissem. “Não fomos nós - esclarece Kardec - que dissemos que havia
20 milhões de espíritas na França nem, como numa obra recente, 600 milhões no
mundo inteiro, o que equivaleria a mais da metade da população total do globo.”
O padre Barricand seguia, portanto, uma tática contrária, atenuando os
progressos do Espiritismo, em vez de os exaltar. (P. 197)
157. Revelando ser
impossível naquela época saber o número exato de espíritas, o Codificador
afirma que o Espiritismo é uma questão de fé e de crença e não de associação.
Havia cidades onde não funcionava nenhuma sociedade espírita, embora existissem
espíritas. Basear-se, pois, no número de sociedades para determinar o número de
adeptos constituía e constitui ainda um erro. (P. 197)
158. “Quem quer que
partilhe de nossas convicções relativas à existência e à manifestação dos
Espíritos e das consequências morais daí decorrentes - conclui Kardec - é
espírita de fato, sem que seja necessário estar inscrito num registro ou
matrícula ou receber um diploma.” (P. 197)
159. Após reafirmar
que a missão do Espiritismo é combater a incredulidade pela evidência dos fatos
e reconduzir a Deus os que o desconhecem, Kardec indaga por que a Igreja lança
anátema sobre aqueles aos quais a doutrina espírita dá essa fé. E adverte que
repelir os que creem em Deus é constrangê-los a buscar um refúgio fora da
Igreja. (P. 198)
160. Geralmente se
pensa que a Igreja admite o fogo do inferno como um fogo moral e não como um
fogo material. Essa é, pelo menos, a opinião da maioria dos teólogos e de
muitos padres. Contudo, não passa de opinião individual, não abonada pela
ortodoxia. Segundo o ensino oficial, o fogo do inferno é milhões de vezes mais
intenso que o da Terra, e o inferno é uma vasta e sombria caverna, embora no
Evangelho nada exista que dê fundamento a tal crença. (PP. 198 e 199)
161. Ao tratar dessa
questão, Kardec assevera que a livre discussão do tema, no âmbito da Igreja,
constituía um golpe mortal no princípio absoluto da fé cega. O direito de
interpretação e de livre exame nesse assunto era, pois, um primeiro passo cujas
consequências seriam incalculáveis. (PP. 201 e 202)
Respostas às questões propostas
A. Kardec disse que a
data de 1º de maio de 1864 ficaria marcada nos anais do Espiritismo. Por quê?
Ele disse isso porque
essa data assinala a decisão da sagrada congregação do Índex concernente à
proibição de suas obras. “Se uma coisa causou admiração aos espíritas, é que
tal decisão não tenha sido tomada mais cedo”, observou então o Codificador. (Revista
Espírita de 1864, pág. 190.)
B. Um novo conceito
foi adotado na Revista por Kardec: “espírita de fato”. Que significa essa
expressão?
Kardec usou-a no
texto seguinte: “Quem quer que partilhe de nossas convicções relativas à
existência e à manifestação dos Espíritos e das consequências morais daí
decorrentes é espírita de fato, sem que seja necessário estar inscrito num
registro ou matrícula ou receber um diploma”, ideia que alarga de forma clara o
conceito de espírita. (Obra citada, pág. 197.)
C. Qual é, na visão de Kardec, a missão do Espiritismo?
A missão do Espiritismo é, conforme palavras textuais do
Codificador, combater a incredulidade pela evidência dos fatos e reconduzir a
Deus os que o desconhecem. (Obra citada, pág. 198.)
Observação:
Para
acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/11/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_0772433199.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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