ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@gmail.com
E eis que chega ao fim mais um ano!
Terá sido um ano feliz?
Evidentemente que não, pois se alguns poucos podem rejubilar-se ao final de 2023,
não podemos ignorar que a grande maioria dos homens, aqui e no exterior, ainda
espera o advento de dias efetivamente felizes, em que a paz reine nos
corações e a consciência não mais se debata intranquila.
A
Religião poderia – caso se esforçasse para isso – trazer-nos esses dias, porque
a felicidade real não está de modo algum vinculada às posses mundanas.
Que
ninguém se esqueça de que o homem nasce nu e de igual modo retorna ao plano
espiritual. A ideia de se colocar joias, ouro e outras relíquias de valor em
nossa tumba, que acalentou os sonhos dos faraós, não passa de uma iniciativa
vã, visto que esses bens podem ter enorme valor no plano em que estamos, mas
nenhuma utilidade terão no outro mundo.
O
homem abastado, que supomos extremamente feliz devido às suas posses, daria
certamente toda a sua fortuna ou parte dela em troca da vida de um filho que a
morte levasse.
É
claro que o amor de pai, a amizade fraterna que cultivamos ao longo da
existência, a paz interior que os familiares queridos nos inspiram, nada disso
pode ser medido em termos monetários, o que mostra que as aspirações humanas
realmente legítimas são, em última análise, as que podem conduzir a criatura ao
encontro do Criador, que é o objetivo final da Religião.
Em
que pesem tais considerações, vive-se na Terra uma época de materialismo desenfreado
e persistente. Não nos reportamos aqui apenas ao materialismo ideológico, mas
ao materialismo prático, que encontramos mesmo na vida dos supostamente
religiosos. O egoísmo é, não há como contestar, a raiz desse materialismo, que
responde por várias distorções que maculam a civilização do nosso tempo e gera
essa febre mundial pela acumulação de bens.
O
comportamento materialista é também, em realidade, um atestado de falta de fé e
uma demonstração da falência das religiões, que não têm conseguido incutir nas cogitações
dos homens, salvo uma vez por semana, por ocasião dos cultos religiosos, uma
réstia de luz que os norteie na sua jornada terrena.
“Nós
vivemos, nós vivemos, nós – os mortos – vivemos...” – eis o recado dos
Espíritos daqueles que já partiram para o além-túmulo.
Que
sentido tem para nós este aviso?
Sem
qualquer cogitação de ordem filosófica, ele tem pelo menos este: que a morte
não existe, que a existência terrena é uma faceta da vida do Espírito, que a
alma é imortal e que nos importa desenvolvê-la com todas as forças do nosso
ser, visto que é ela que sobrevive ao final desse processo.
Assim
pensando, vibremos para que o ano que amanhã se inicia nos leve a compreender
melhor os apelos da religião que professamos e seja ele o princípio de uma vida
de paz e de renovação dos nossos hábitos.
Adeus
ao Ano velho, que hoje se finda.
Boas-vindas
ao Ano Novo, que esperamos traga luz e esperança para todos nós.
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