CINCO-MARIAS
Ensine a criança a doar o que não usa mais
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Estamos aqui para acordar da ilusão de nossa separação. Thich Nhat Hanh
Desde pequena eu via
minha mãe doar tudo aquilo que não tinha mais sentido em casa – nossas roupas
infantis, os brinquedos, os livros que, por conta da idade, se tornaram
desinteressantes, tantas vezes lidos e relidos. Além disso, ela sempre nos estimulou a cuidar de
nossas coisas para que a doação fosse algo digno e legítimo.
Aprender a ser solidário é uma prática que deve
começar desde cedo. Atitudes como dividir e compartilhar são aprendizados
importantes para a vida toda.
Mas aviso: não adianta doar um brinquedo quebrado,
faltando peças ou que não funcione. A intenção de praticar a solidariedade por
meio da doação diz respeito a escolher itens que estejam em boas condições e
para que possa gerar alegria a uma outra criança.
Não há uma regra para que a criança queira doar os
seus brinquedos de modo espontâneo. No entanto, não é inteligente (nem justo)
escolher os brinquedos para doar escondidos dos filhos. O mais adequado é
explicar à criança sobre a importância de doar, porque isso fará outras pessoas
felizes, deixando a casa mais organizada, sem desprezar o fato de que o ato de
consumir afeta não apenas quem faz a compra, mas também o meio ambiente, a
economia e a sociedade como um todo.
Os pais (ou quem cuida da criança) são o exemplo:
de modo habitual, todos da família podem separar itens para doação. Se a
criança vivenciar esse costume dentro de casa, é mais provável que também sinta
vontade de participar. Por exemplo, para minhas filhas sempre expliquei que o
desapego é um exercício importante na vida, pois tinha em mente que, além de
servir de exemplo, envolver a criança no processo é importante para ajudá-la a
se tornar altruísta.
Já em relação a certos itens, caso a criança
demonstre um apego muito forte por determinado objeto, não force a doação. É melhor
aguardar uma nova ocasião para que ela se desapegue daquele objeto (às vezes é
uma pelúcia, um livro etc.).
Em casa, você pode decorar uma caixa com papel
colorido ressaltando de modo expressivo “Caixa da Solidariedade”. No dia
seguinte, todo o material doado pela família poderá ser encaminhado para
creches ou instituições de caridade.
Essa prática é uma atitude singela, mas que fará a
criança entender que doar pode fazer parte da rotina das pessoas e isso sempre
gerará um sentimento muito bom de ser vivido.
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da
consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra
cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de
São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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