Umbral e
inferno são coisas absolutamente distintas
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Somente o desconhecimento dos ensinamentos
espíritas pode levar uma pessoa a pensar que umbral e ínferno são termos
sinônimos.
O umbral, conforme a terminologia usada pelos Espíritos, nada mais é que uma região espiritual de transição, a que André Luiz se refere no livro Nosso Lar, cap. 12, págs. 71 a 73.
Debatem-se ali indivíduos desencarnados
desesperados, infelizes, malfeitores e ociosos de várias categorias. Mas,
conforme as informações trazidas por André Luiz, cada Espírito ali permanece o
tempo que seja necessário ao esgotamento dos resíduos mentais negativos.
O umbral faz parte do campo magnético da Terra, o
qual, segundo alguns autores, estaria dividido em sete regiões ou esferas:
1ª. Umbral “grosso”.
2ª. Umbral médio.
3ª. Umbral superior, que é onde fica a colônia
espiritual “Nosso Lar”.
4ª. Região da arte, da cultura e da ciência.
5ª. Região do amor fraterno universal.
6ª. Esfera em que se definem as diretrizes do
planeta.
7ª. Abóbada estelar.
Sobre o assunto recomendamos ao leitor que leia os textos que escrevemos e publicamos na revista O Consolador, edições 226 e 251. Para acessá-los, clique, respectivamente, em http://www.oconsolador.com.br/ano5/226/oespiritismoresponde.html e https://www.oconsolador.com.br/ano5/251/oespiritismoresponde.html
Quanto ao termo inferno, conforme a teologia católica, ele define o lugar ou a situação pessoal em que se encontram os que morreram em estado de pecado, expressão simbólica de reprovação divina e privação definitiva da comunhão com Deus.
Existem entre o inferno descrito pelos teólogos
católicos e o inferno pagão, descrito e dramatizado pelos poetas, numerosas
analogias. Ambos têm o fogo material por base de tormentos, como símbolo dos
sofrimentos mais atrozes. Mas os cristãos exageraram em muitos pontos o inferno
dos pagãos. Se estes mencionavam o tonel das Danaides, a roda de Íxion, o
rochedo de Sísifo, todos eles suplícios individuais, os católicos, ao
contrário, indicam para todos, sem distinção, as caldeiras ferventes cujos
tampos os anjos levantam para ver as contorções dos supliciados, e Deus, sem nenhum
sentimento de piedade, ouve-lhes os gemidos por toda a eternidade. Allan Kardec
se refere ao assunto no cap. IV, itens 3 a 5, da 1ª Parte do livro O Céu e o Inferno.
Se do inferno proposto pelo Catolicismo ninguém
jamais poderá sair, a passagem pela região a que André Luiz deu o nome de umbral,
seja rápida ou seja demorada, será sempre transitória.
Por que um Espírito, ao deixar o corpo material
por força da desencarnação, se sujeita a enfrentar tais peripécias?
A resposta a essa pergunta é de fácil compreensão,
como o leitor pode conferir consultando o que, a respeito do assunto, escreveu
Cairbar Schutel no livro A Vida no Outro
Mundo, publicado originalmente em 1932, antes, pois, do surgimento das
obras de André Luiz.
Segundo Cairbar, há na esfera espiritual, o
chamado outro mundo, diversos planos de existência, e não poderia ser de outro
modo, porque os Espíritos, revestidos de seu corpo espiritual, não podem viver
num meio que não esteja de acordo com sua veste espiritual (o perispírito), que
vibra sempre ao ritmo da elevação de cada um, em sabedoria e moralidade. Uma
região isenta de oxigênio seria hostil a Espíritos ainda necessitados de
oxigênio. Os círculos que envolvem a Terra se diferenciam pela fluidez da
matéria que os compõe. (Cf. A Vida no
Outro Mundo, 5ª. edição, pp. 82, 83, 85 e 107.)
Não existe, como se vê, semelhança nenhuma – salvo
o remorso, a dor, o sofrimento – entre inferno e umbral. O primeiro, consoante
ensina a teologia católica, é o destino final e definitivo da alma pecadora. O
segundo nada mais é que uma região de transição, de readaptação, de preparo
para voos mais altos rumo à perfeição, meta que Deus assinalou para todos os
seus filhos, sem exclusão de nenhum.
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