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terça-feira, 30 de abril de 2024

 




O primeiro grande ato

 

CÍNTHIA CORTEGOSO

cinthiacortegoso@gmail.com

 

Há mais sabedoria em ausentar-se quando a própria presença não é valorizada, pois manter-se onde a emoção alheia é ausente, indiferente ou apática, decerto, é falta de amor-próprio. Nada nem ninguém terreno deve ser superior ao bem-estar particular. Não deve ser também comum sufocar-se para conseguir alguma aprovação ou caber em um espaço pequeno demais para um ser que é eterno e criado por Deus.

Certas vezes, ou por motivo terreno demais, ou por breve esquecimento da grandeza do nosso espírito, perdemo-nos ‒ mesmo que por pouco tempo ‒ tentando nos moldar onde não há espaço para nós. Ainda bem que para tudo há o despertar, há a retomada de memória da nossa verdadeira essência, há o brilho da centelha divina no nosso olhar. Quando precisamos fazer muito para conseguir um quase inexistente espaço para nos colocar e, com isso, passamos a não nos sentir bem, não há o que refletir, pois a reflexão já foi muito profunda que até o mal-estar já pôde atingir o corpo físico. Nada vale a pena quando precisamos sufocar ou simplificar o nosso ser; somos seres transcendentais e o que nos fará bem são somente pessoas ou situações que nos deem proveitosas condições de expansão.

Há muita sensibilidade em afastar-se quando o próprio valor não é reconhecido, primeiro, pois devemos ser o nosso doce pupilo; segundo, por que reivindicar algo que deve ser carinhosamente natural? E não só quanto à presença, vivência, mas, também, quanto à compreensão de nada dizer quando tudo já foi compreendido. Inúmeras vezes, apenas a observação já nos é integral para o entendimento de muitos acontecimentos, palavras, olhares e silêncios.

Quanto mais se apreende por meio da observação, mais tempo e aborrecimento são poupados, pois ter de fazer malabarismos emocionais para inserir-se onde não há correspondência, não há valor algum. A vida é inimaginavelmente grandiosa e surpreendente e, acima de tudo, tão sábia e justa, e tudo o que sentimos por nós é o que retornará à nossa vida. Então, o amor-próprio deve ser o primeiro sentimento a estar vivo em nós. Quando animamos as melhores coisas, serão estas a nos pertencer. Tudo se inicia em nós.

A maior gentileza que existe é respeitar o próprio ser, e não digo os próprios limites, pois isto, de fato, já fere o ser próprio. É sempre muito saudável e vital nutrir amor por si, porque quando este nobre sentimento é vivo, tudo mais é respeitado. E outros olhos virão à nossa vida, ouviremos novas palavras e quando, por meio de palavras amorosas e olhar sincero, o nosso coração sentir-se feliz e valorizado, certamente, o nosso ser é bem-vindo ao espaço ilimitado que nos receberá com imensurável amor, carinho e importância.

Em tempos de desenvolvimento, o que mais é necessário é o cuidado próprio. Não se tem força sobre o outro nem é o objetivo, mas podemos redefinir o nosso inteiro universo.

O primeiro grande ato é o amor-próprio.

 

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