CINCO-MARIAS
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Ensinar valores para os nossos filhos é importante.
Durante seu desenvolvimento, as crianças precisam incorporar no seu cotidiano
normas éticas e que as ajudem a formar sua personalidade. Neste propósito, a
educação baseada em valores contribui para uma socialização saudável e futura cidadania
ativa, respeitosa.
Há inúmeros valores, no entanto, há alguns que são
imprescindíveis desde o começo da vida.
Responsabilidade
Aprender desde cedo que os atos têm consequências,
tanto positivas como negativas, é essencial para que a criança cresça
determinada a responsabilizar-se por suas ações. Para isso, os pais devem
servir de exemplo em casa cumprindo com seus deveres/tarefas e assumindo com
transparência seus equívocos.
Generosidade
A generosidade é um dos valores que ajudam a
resolução dos conflitos. Por isso, os pais devem dar exemplos aos filhos. Em
casa, você pode considerar aqueles brinquedos que ficaram esquecidos no fundo
do armário ou aquelas roupas que não servem mais. Peça sempre auxílio ao seu
filho na hora de separar os itens que serão doados e procure envolvê-lo na
escolha de uma instituição ou família que será beneficiada com as doações. Além
de estimular o desenvolvimento da generosidade, essa é uma ótima oportunidade
de realizar uma atividade em família.
Tolerância
Em um mundo globalizado, marcado pela diversidade,
a tolerância é um valor fundamental para ensinar as crianças a criar uma
sociedade sem preconceitos, baseada na empatia, na conciliação, no respeito.
Conhecer as diferentes culturas, por exemplo, motiva o respeito pelo diferente.
Ainda, contar histórias ou incentivar a literatura é uma das formas mais
simples de fazer com que a tolerância e a empatia sejam reforçadas na infância.
Por meio de livros de autores de diversas partes do mundo, por exemplo,
crianças podem vivenciar diferentes situações, aprendendo a entender que a
diversidade marca natureza e sociedade.
Honestidade
A sinceridade é um valor essencial à vida em
sociedade. Ser honesto consigo mesmo fará que a criança, desde cedo, compreenda
que ninguém é perfeito, que estamos sujeitos ao erro, mas, para nosso próprio
bem, ser sincero nos afasta das consequências nefastas das mentiras.
É bastante comum, no entanto, que pais e mães
confundam quando a criança está mentindo ou fantasiando. A fantasia é
inconsciente, a criança não sabe que o que está dizendo não é real. Já a
mentira, por mais rasa e frágil que seja, é pensada. É importante que o adulto
saiba distinguir as duas situações para não correr o risco de criar o estigma
de uma criança mentirosa, quando, na verdade, é apenas uma fantasia, ajudando a
criança a diferenciar o que é real e imaginação.
No geral, crianças têm dificuldade de diferenciar a
fantasia da realidade até os cinco anos de idade. A partir dos seis anos, já
conseguem brincar com a fantasia e criar, conscientemente, situações
imaginárias. Assim, a mentira se torna algo intencional a partir dos sete anos,
quando a criança já adquiriu noções de valores sociais e sabe exatamente a
diferença entre verdade e mentira e quando a mentira pode prejudicar o outro.
Como reagir à mentira da criança? O primeiro passo
é conversar. A criança precisa saber que está em um ambiente seguro para
compartilhar ideias, vontades e pensamentos sem julgamentos. Essa conversa irá
criar uma abertura para que o adulto possa entender os motivos daquela mentira.
A partir disso, é possível estabelecer juntos – ou explicar para a criança – os
limites e regras de convivência. Mas, se a primeira reação dos pais for bater
ou castigar severamente o filho, o sofrimento e a desconfiança podem
intensificar na criança a tendência para a mentira. Em outras palavras, não há
problemas em repreender o seu filho que contou uma mentira, desde que ele
entenda de verdade o porquê de estar sendo repreendido. O mais importante na
hora de repreensão é uma conversa sincera sobre as principais consequências da
mentira: ele pode até conseguir se safar do castigo, mas a mentira quebra a
confiança entre vocês e magoa a todos os envolvidos.
Gratidão
As crianças devem conhecer o valor das coisas e
para isso é preciso inculcar nelas a atitude da gratidão. Embora dizer obrigado
seja algo natural para algumas pessoas, quando falamos sobre crianças o hábito
precisa ser reforçado, valorizado e incentivado. Garanta, então, que o seu
filho agradeça sempre que necessário, a quem quer que seja, e dialogue com ele
sobre a importância de reconhecer quando alguém oferece ajuda, presta um
serviço ou se mostra disponível.
Se possível, escreva com o seu filho três a cinco
coisas pelas quais vocês são gratos no dia: o sol, a visita de um amiguinho,
boas notas na escola, uma comida gostosa... o exercício pode ser feito semanal
ou quinzenalmente, você decide!
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da
consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra
cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de
São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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