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domingo, 12 de maio de 2024

 




O alcoolismo e seus lamentáveis efeitos

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Fato corriqueiro em se tratando de alcoolismo, muitos estranham por que uma pessoa, assim que toma um gole de bebida alcoólica, muda quase de imediato a personalidade, as feições e, às vezes, se torna agressiva com os amigos.

Dentro da visão espírita, como explicar o fato?

Inicialmente é bom que fique claro que neste, como em muitos outros assuntos, há vários aspectos a considerar.

No livro Trilhas da Libertação, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado pelo médium Divaldo Franco, o médico desencarnado dr. Carneiro de Campos tece várias considerações sobre o tema.

Segundo ele, no começo a pessoa pode experimentar euforia e dinamismo motor com o uso dos alcoólicos, perdendo, porém, o controle, o senso crítico e tornando-se inconveniente. À medida que a dependência aumenta e o uso se torna mais frequente, a bebida alcoólica afeta o sistema nervoso, o trato digestivo, o aparelho cardiovascular. As complicações que degeneram em gastrite e cirrose hepática tornam-se inevitáveis, podem levar à morte, qual sucede no câncer de esôfago e de estômago.

Além disso, do ponto de vista psíquico, o alcoólatra muda completamente o comportamento, e suas reações mentais se alteram, começando pelos prejuízos da memória e culminando, em casos graves, no chamado delirium tremens, sem retorno ao equilíbrio, que não se dá nem mesmo quando o indivíduo desencarna. Por isso, ao permanecer dominado pelo vício, quase sempre ele buscará sintonia com personalidades frágeis ou temperamentos rudes na Terra, utilizando-se deles em processo obsessivo para dar prosseguimento ao lamentável consumo do álcool, aspirando-lhe então os vapores e beneficiando-se da ingestão realizada pelo seu parceiro-vítima, que mais rapidamente se exaure. É a isso que, na linguagem espírita, chamamos de vampirismo.

Já faz muito tempo que no meio espírita se sabe da relação que existe entre o consumo de álcool e a obsessão.

No capítulo de abertura do livro Diálogo dos Vivos, obra publicada em 1974 em parceria com Chico Xavier, Herculano Pires escreveu:

 

“A obsessão mundial pelo álcool, no plano humano, corresponde a um quadro apavorante de vampirismo no plano espiritual. A medicina atual ainda reluta – e infelizmente nos seus setores mais ligados ao assunto, que são os da psicoterapia – em aceitar a tese espírita da obsessão. Mas as pesquisas parapsicológicas já revelaram, nos maiores centros culturais do mundo, a realidade da obsessão. De Rhine, Wickland, Pratt, nos Estados Unidos, a Soal, Carrington, Price, na Inglaterra, até a outros parapsicólogos materialistas, a descoberta do vampirismo se processou em cadeia. Todos os parapsicólogos verdadeiros, de renome científico e não marcados pela obsessão do sectarismo religioso, proclamam hoje a realidade das influências mentais entre as criaturas humanas, e entre estas e as mentes desencarnadas.” (Obra citada.)

 

O fato é de fácil compreensão. A dependência do álcool, como vimos nas explicações do dr. Carneiro de Campos, prossegue além-túmulo e – não podendo o Espírito obter a bebida no local em que agora reside – busca satisfazer sua compulsão pela bebida associando-se a um encarnado que beba, o que tem sido confirmado por vários autores desencarnados, como André Luiz, Manoel P. de Miranda, Cornélio Pires e muitos outros.

Cornélio Pires, na obra acima citada, escreveu a um amigo que o consultou sobre o tema: “Cachaça, meu caro João, recorda simples tomada que liga na obsessão”. E finalizando a resposta, vazada em versos, reafirmou: “Eis no Além o que se vê, seja a pinga como for, enfeitada ou caipira, é laço de obsessor”.

É possível, pois, deduzir que o alcoólatra encarnado, além dos efeitos do álcool sobre seu psiquismo, passe a agir sob a influência da entidade espiritual vampirizadora, como já foi descrito por autores diversos.

Eis, na sequência, um exemplo colhido no livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Em determinada noite, Hilário, André Luiz e Aulus – todos eles desencarnados – se dirigiam a um centro espírita, quando ouviram enorme gritaria. Dois guardas arrastavam, de um restaurante, um homem maduro em deploráveis condições de embriaguez. Este esperneava e proferia palavras rudes, abraçado por uma entidade da sombra, como se um polvo estranho o absorvesse. Num átimo, a bebedeira alcançou os dois, porque eles se justapunham completamente um ao outro, exibindo as mesmas perturbações.

Aulus convidou seus pupilos a entrar no restaurante, onde havia muita gente. As emanações do ambiente produziram indefinível mal-estar em André. Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, encontrando nisso alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes.

Indicando essas entidades, Aulus explicou que muitos irmãos já desvencilhados do corpo físico se apegam com tamanho desvario às sensações da experiência física, que se colam aos amigos encarnados temporariamente desequilibrados nos costumes desagradáveis pelos quais se deixam influenciar.

Hilário estranhou por que Espíritos mergulham em prazeres dessa espécie. Aulus respondeu:

 

"Hilário, o que a vida começou, a morte continua... Esses nossos companheiros situaram a mente nos apetites mais baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de emoções que os localiza na vizinhança da animalidade. Não obstante haverem frequentado santuários religiosos, não se preocuparam em atender aos princípios da fé que abraçaram, acreditando que a existência devia ser para eles o culto de satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais astuciosos e dos mais fortes. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de impressões delituosas e escuras e, como é da Lei que cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá, não encontram interesse senão nos lugares onde podem nutrir as ilusões que lhes são peculiares, porquanto, na posição em que se veem, temem a verdade e abominam-na, procedendo como a coruja que foge à luz." (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 15, págs. 137 a 139.)

 

Em face das informações acima expostas, não é difícil entender por que os pais não podem fechar os olhos diante de um filho que busca nesse ou em qualquer outro vício prazeres que mais tarde todos lamentarão profundamente.

 

 

 


 

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