Revista Espírita de 1865
Allan Kardec
Parte 17
Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do
ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec,
que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do
estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Qual é o
objetivo dos trabalhos de cura espiritual?
B. Os animais
também podem ver os Espíritos?
C. Qual defeito
é mais difícil de erradicar?
Texto para leitura
195. A Revista
relata outro caso de cura em que o agente foi o Espírito do Dr. Demeure. O
paciente foi a Sra. Maurel, médium de Montauban, a qual, após cair, fraturou o
antebraço, um pouco abaixo do cotovelo. Os pais dela iam procurar o primeiro
médico que aparecesse quando ela, retendo-os, tomou de um lápis e escreveu
mediunicamente, com a mão esquerda: “Não procureis um médico; eu me encarrego
disto. Demeure.” A Revista descreve os procedimentos adotados pelo Dr. Demeure.
(Págs. 255 a 258.)
196. Ao
comentar o episódio, Kardec fala sobre o objetivo dos trabalhos de cura
espiritual. Os médicos desencarnados, diz ele, não vêm fazer concorrência aos
médicos vivos, nem têm por fim suplantá-los, mas seu objetivo é provar que não
morreram e oferecer seu concurso desinteressado aos que quiserem aceitá-lo. “Os
Espíritos – acrescenta o Codificador – vêm ajudar o desenvolvimento da ciência
humana, e não suprimi-la.” (Págs. 258 a 260.)
197. A
propósito de um estudo feito pelo Dr. H. Bouley sobre a evolução da raiva nos cães,
que experimentam, nas intermitências dos acessos, uma espécie de delírio, a Revista
examina o fenômeno das visões de seres desencarnados que ocorre com as
criancinhas e com certos animais, sobretudo o cão e o cavalo. No tocante às
crianças – diz o artigo –, a vidência mediúnica parece ser frequente e mesmo
geral. (Págs. 260 a 264.)
198.
Relativamente à vidência nos animais, Moki (Espírito) responde afirmativamente:
“Sim: o cão e o cavalo veem ou sentem os Espíritos”. “Os fatos de visões nos
animais se encontram na antiguidade e na Idade Média, assim como em nossos
dias.” (Págs. 265 e 266.)
199. A Revista
transcreve carta publicada no Grand Journal de 18 de junho de
1865, em que o missivista, de nome Bertelius, tenta explicar, apoiando-se
exclusivamente no fenômeno do sonambulismo, o sonho e os fatos ocorridos com o
Sr. Bach. Repelindo a tese da intervenção dos Espíritos, Bertelius entende que
a causa dos aludidos fatos se encontra na ação exclusiva da alma encarnada,
agindo independentemente dos órgãos materiais, como se dá no sonambulismo.
(Págs. 266 a 271.)
200. Em breve
comentário da tese exposta por Bertelius, Kardec observa que se produzia
naquele momento, entre os negadores do Espiritismo, uma espécie de reação, ou
melhor, formava-se uma terceira opinião: a tese do sonambulismo, para explicar
os fatos espíritas. O Sr. Bertelius, como se vê, era partidário dessas ideias.
(Págs. 266 e 267.)
201. Que ocorre
ao egoísta na vida post-mortem? “A cada um segundo as suas obras”, disse Jesus.
Citando essa frase, um Espírito protetor disse a um correspondente da Revista,
em Lyon, que ninguém pode escapar às consequências dos defeitos que possua.
“Uma qualidade não resgata um defeito; diminui o número destes e, por
conseguinte, a soma das punições.” (Págs. 271 a 273.)
202. Na mesma
mensagem, o instrutor desencarnado assevera que o defeito mais difícil de ser
erradicado é o egoísmo, porque o egoísta encontra em si mesmo a sua satisfação,
razão pela qual dele não se apercebe. “O egoísmo – acrescenta a mensagem – é sempre
uma prova de secura de coração; estiola a sensibilidade para os sofrimentos
alheios.” É por isso que do egoísta não se deve esperar senão a ingratidão,
porquanto, se o reconhecimento verbal nada lhe custa, o reconhecimento em ação
o fatigaria e perturbaria o seu repouso. (Pág. 273.)
203. Na seção
de livros, a Revista comunica o lançamento do livro O Céu e o Inferno, ou
a Justiça Divina segundo o Espiritismo, de Kardec, do qual apresenta
um resumo do prefácio. (Págs. 274 a 277.)
204. No
prefácio citado, Kardec diz que O Livro dos Espíritos contém as bases
fundamentais do Espiritismo; é ele a pedra angular do edifício e todos os princípios
da doutrina são aí apresentados. Era, porém, necessário dar-lhe os
desenvolvimentos, deduzir-lhe as consequências e as aplicações. (Págs. 274 e
275.)
205.
Referindo-se à segunda parte de O Céu e o Inferno, Kardec informa que
ela encerra numerosos exemplos que serviram de estabelecimento da teoria ali
exposta, exemplos que tiram sua autoridade na diversidade dos tempos e lugares
onde foram obtidos, porque se emanassem de uma única fonte poderiam ser
considerados produto de uma mesma influência. (Pág. 276.)
206. A Revista
noticia, em seguida, a obra intitulada Palestras Familiares sobre o
Espiritismo, obra de Émilie Collignon, de Bordeaux, que traz uma exposição
completa, posto que sumária, dos verdadeiros princípios da doutrina, em
linguagem familiar, ao alcance de todos e sob uma forma atraente. Kardec
recomenda sua leitura. (Págs. 277 e 278.)
207. O número
de outubro de 1865 se inicia com novo artigo de Kardec sobre o vidente da
floresta de Zimmerwald, um camponês do cantão de Berne, que possuía a faculdade
de ver num copo as coisas distantes. Um ano antes a Revista havia tratado do
assunto, quando Kardec expôs a teoria dos objetos vulgarmente designados
espelhos mágicos, a que ele preferiu chamar espelhos psíquicos. (Pág. 279.)
Respostas às questões propostas
A. Qual é o
objetivo dos trabalhos de cura espiritual?
Kardec tratou
do assunto ao comentar a cura da Sra. Maurel por ação do Espírito do Dr.
Demeure, cujos procedimentos foram relatados pela Revista. Os médicos
desencarnados, diz o Codificador, não vêm fazer concorrência aos médicos encarnados,
nem têm por fim suplantá-los. Seu objetivo é provar que não morreram e oferecer
seu concurso desinteressado aos que quiserem aceitá-lo. “Os Espíritos –
acrescenta o Codificador – vêm ajudar o desenvolvimento da ciência humana, e
não suprimi-la.” (Revista Espírita de 1865, pp. 255 a 260.)
B. Os animais
também podem ver os Espíritos?
Sim. Segundo
Moki (Espírito), o cão e o cavalo veem ou sentem os Espíritos. “Os fatos de
visões nos animais se encontram na antiguidade e na Idade Média, assim como em
nossos dias.” (Obra citada, pp. 264 a 266.)
C. Qual defeito
é mais difícil de erradicar?
É o egoísmo, um
defeito difícil de ser erradicado porque o egoísta encontra em si mesmo a sua
satisfação, razão pela qual dele não se apercebe. O egoísmo é sempre uma prova
de secura do coração, que estiola a sensibilidade para os sofrimentos alheios.
É por isso que do egoísta não se deve esperar senão a ingratidão, visto que, se
o reconhecimento verbal nada lhe custa, o reconhecimento em ação o fatigaria e
perturbaria o seu repouso. (Pág. 273.) (Obra citada, pp. 272 e 273.)
Observação:
Para
acessar a Parte 16 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/06/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0966807364.html
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